Hoje na FIL decorre a conferência “Energia Nuclear: o debate necessário”, promovida pela Ordem dos Engenheiros (ver aqui mais desenvolvimentos).
Recordo-me da discussão que este tema gerou há uns anos, numa altura que Chernobyl pairava como um sinal de aviso aos países que recorriam a este tipo de energia. Lembro-me, também – apesar da minha púbere idade na altura –, que era manifestamente contra a instalação de uma Central desse tipo em território português, alinhando a minha opinião pela dos ecologistas e do activíssimo PPM – não tanto pela Lena D’Água e a salgalhada de frutas que poluíam os nossos preciosos ouvidos.
Hoje, porém, a energia nuclear revela-se como um excelente sucedâneo à energia produzida pelos combustíveis fósseis por diversas razões.
Em primeiro lugar, a energia produzida pelos derivados de petróleo é extremamente poluente e tende a destruir, de forma irremediável, o equilíbrio do nosso ecossistema, produzindo-se, com maior frequência, fenómenos naturais catastróficos e paradoxais: secas, cheias, tempestades, ciclones, furacões, etc.
Em segundo lugar, a dependência energética das economias ocidentais face ao petróleo é por demais assustadora. Não nos esqueçamos que os grandes produtores de petróleo são países cuja instabilidade política e/ou o fundamentalismo religioso impera. De um lado temos os países árabes que, frequentemente, utilizam o petróleo como instrumento de chantagem para fazer valer a cumplicidade ocidental sobre regimes totalitários e teocráticos – veja-se o caso da Arábia Saudita, para já nem falar dos restantes, esses sim verdadeiramente hostis. Por outro, temos países grandes produtores que usam da sua influência política não só para fazer aumentar o preço do ouro negro, como também para afrontar as democracias ocidentais mediante a recordação de velhos medos que marcaram a sangue o nosso mundo e abriram feridas que levarão séculos a cicatrizar; neste caso incluo, como parece óbvio, a Venezuela – 4.º produtor mundial de petróleo – que o utiliza como uma arma de arremesso àquilo que um tirano com Hugo Chávez denomina por capitalismo selvagem – que é, de certa forma, o nosso estilo de vida, para o bem e para o mal.
Finalmente, um último motivo. O avanço tecnológico permitiu conferir um elevado nível de segurança às outrora denominadas por máquinas de destruição simbolizadas nas centrais nucleares. Está provado que de facto são seguras, dispondo de mecanismos de segurança eficazes, se verdadeiramente monitorizadas e cumpridos os manuais de procedimentos mínimos. Por exemplo, considero mais perigoso residir nas cercanias de uma refinaria de petróleo, contaminadas pelos gases que, fatalmente, se libertam do processo de refinamento, assim como, da autêntica bomba relógio que passa sobre as nossas casas na forma de oleodutos ou gasodutos. Dou como flagrante exemplo a refinaria da Petrogal situada em Leça da Palmeira, que convive, a paredes-meias, com condomínios de luxo para habitação, construídos com o beneplácito das autoridades – quer centrais, quer locais –, devido à forte pressão exercida pelos agentes ligados à construção imobiliária.
Apesar de tudo o que aqui foi referido, há, no entanto, algo que me preocupa e que ainda não vislumbrei uma explicação, ou até uma solução, cabal e inequívoca: o que fazer aos resíduos produzidos pelas centrais nucleares?
Portugal é o país da União Europeia mais dependente do petróleo, logo o maior refém de um directório, que se designa por OPEP, que funciona como um verdadeiro cartel, legalmente constituído e aceite, influenciando as economias dos países desenvolvidos que, inelutavelmente, pertencem ao nosso mundo.
As grandes barragens e as mini-hídricas não são suficientes e têm efeitos colaterais igualmente nefastos, como por exemplo o desassoreamento e a consequente degradação da costa marítima. Porém, há alternativas, sou inteiramente a favor da proliferação das energias renováveis, designadamente da eólica, da solar e da subaproveitada energia das marés – facto agravado por se tratar de um país com 800 km de costa –, todavia creio que Portugal não pode esperar mais e tem que se desenredar dessa camisa de forças que se chama petróleo, sob pena de um colapso político, económico, financeiro, social e tecnológico do qual jamais se erguerá.
Recordo-me da discussão que este tema gerou há uns anos, numa altura que Chernobyl pairava como um sinal de aviso aos países que recorriam a este tipo de energia. Lembro-me, também – apesar da minha púbere idade na altura –, que era manifestamente contra a instalação de uma Central desse tipo em território português, alinhando a minha opinião pela dos ecologistas e do activíssimo PPM – não tanto pela Lena D’Água e a salgalhada de frutas que poluíam os nossos preciosos ouvidos.
Hoje, porém, a energia nuclear revela-se como um excelente sucedâneo à energia produzida pelos combustíveis fósseis por diversas razões.
Em primeiro lugar, a energia produzida pelos derivados de petróleo é extremamente poluente e tende a destruir, de forma irremediável, o equilíbrio do nosso ecossistema, produzindo-se, com maior frequência, fenómenos naturais catastróficos e paradoxais: secas, cheias, tempestades, ciclones, furacões, etc.
Em segundo lugar, a dependência energética das economias ocidentais face ao petróleo é por demais assustadora. Não nos esqueçamos que os grandes produtores de petróleo são países cuja instabilidade política e/ou o fundamentalismo religioso impera. De um lado temos os países árabes que, frequentemente, utilizam o petróleo como instrumento de chantagem para fazer valer a cumplicidade ocidental sobre regimes totalitários e teocráticos – veja-se o caso da Arábia Saudita, para já nem falar dos restantes, esses sim verdadeiramente hostis. Por outro, temos países grandes produtores que usam da sua influência política não só para fazer aumentar o preço do ouro negro, como também para afrontar as democracias ocidentais mediante a recordação de velhos medos que marcaram a sangue o nosso mundo e abriram feridas que levarão séculos a cicatrizar; neste caso incluo, como parece óbvio, a Venezuela – 4.º produtor mundial de petróleo – que o utiliza como uma arma de arremesso àquilo que um tirano com Hugo Chávez denomina por capitalismo selvagem – que é, de certa forma, o nosso estilo de vida, para o bem e para o mal.
Finalmente, um último motivo. O avanço tecnológico permitiu conferir um elevado nível de segurança às outrora denominadas por máquinas de destruição simbolizadas nas centrais nucleares. Está provado que de facto são seguras, dispondo de mecanismos de segurança eficazes, se verdadeiramente monitorizadas e cumpridos os manuais de procedimentos mínimos. Por exemplo, considero mais perigoso residir nas cercanias de uma refinaria de petróleo, contaminadas pelos gases que, fatalmente, se libertam do processo de refinamento, assim como, da autêntica bomba relógio que passa sobre as nossas casas na forma de oleodutos ou gasodutos. Dou como flagrante exemplo a refinaria da Petrogal situada em Leça da Palmeira, que convive, a paredes-meias, com condomínios de luxo para habitação, construídos com o beneplácito das autoridades – quer centrais, quer locais –, devido à forte pressão exercida pelos agentes ligados à construção imobiliária.
Apesar de tudo o que aqui foi referido, há, no entanto, algo que me preocupa e que ainda não vislumbrei uma explicação, ou até uma solução, cabal e inequívoca: o que fazer aos resíduos produzidos pelas centrais nucleares?
Portugal é o país da União Europeia mais dependente do petróleo, logo o maior refém de um directório, que se designa por OPEP, que funciona como um verdadeiro cartel, legalmente constituído e aceite, influenciando as economias dos países desenvolvidos que, inelutavelmente, pertencem ao nosso mundo.
As grandes barragens e as mini-hídricas não são suficientes e têm efeitos colaterais igualmente nefastos, como por exemplo o desassoreamento e a consequente degradação da costa marítima. Porém, há alternativas, sou inteiramente a favor da proliferação das energias renováveis, designadamente da eólica, da solar e da subaproveitada energia das marés – facto agravado por se tratar de um país com 800 km de costa –, todavia creio que Portugal não pode esperar mais e tem que se desenredar dessa camisa de forças que se chama petróleo, sob pena de um colapso político, económico, financeiro, social e tecnológico do qual jamais se erguerá.
1 comentário:
A este propósito, sei que há algumas empresas nacionais (como a Efacec) que estão a desenvolver tecnologia, ou mesmo já em fase de testes, para aproveitar a energia das marés. Nos Açores há uma estação, ainda que funcione de forma quase insípida. É, de facto, uma calamidade não aproveitar uma energia tão independente para nós como essa. Quanto à energia solar, sei do caso de um alto quadro de uma das maiores empresas portuguesas que, além de ter instalado painéis solares na sua casa, ainda vende energia à EDP. Os problemas são os de sempre: as burocracias e a falta de vontade para investir a médio/longo prazo.
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