terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Os Melhores Filmes de 2013

  1. A Caça, de Thomas Vinterberg (Jagten, 2012)
  2. Django Libertado, de Quentin Tarantino (Django Unchained, 2012)
  3. Dentro de Casa, de François Ozon (Dans la maison, 2012)
  4. O Mentor, de Paul Thomas Anderson (The Master, 2012)
  5. Ferrugem e Osso, de Jacques Audiard (De rouille et d’os, 2012)
 Ano parco em palavras e idas ao cinema.

sábado, 21 de setembro de 2013

Só ele...

«Hoje é o último dia de Outono. Os dias que temos tido têm sido doces, comparativamente. O fim-de-semana passado, agora muito mais passado do que alguma vez antes, foi azul e avesso às nuvens, com o sol desdenhoso do dever calorífico e entregue à vocação, sempre mais show business, da iluminação.»
Miguel Esteves Cardoso, "Acaba o Outono", Como é Linda a Puta da Vida, p. 95.
[Porto: Porto Editora, 2.ª edição, Maio de 2013, 246 pp.]

domingo, 25 de agosto de 2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Problemas da Bicefalia

Verão
«Estação do ano que começa entre 20 e 21 de [J]unho, isto é, no solstício de [J]unho, no hemisfério [N]orte, quando o Sol, no seu movimento anual aparente, atinge o ponto solsticial de [J]unho, e acaba 93 dias e 15 horas depois quando o Sol atinge o ponto equinocial de [S]etembro, na sua declinação mínima de 0º.»

In Infopédia (em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2013.

Segundo me ensinaram, 2.º trimestre (ano civil): período compreendido entre os dias 1 de Abril e 30 de Junho em cada ano.

Declarações de uma das cabeças do BE (Bicéfalos de Esquerda?) à Lusa, via Público:
«Em declarações aos jornalistas em Faro minutos após a divulgação dos números do desemprego para o segundo trimestre do ano, João Semedo afirmou que as “pequenas variações sazonais têm a ver com o período de Verão, [que é] um período em que há uma oferta maior de trabalho”.» [destaque meu]

O principal problema da cabeça dupla (ou doppelköpfiger, e não confundir com o fenómeno do doppelgänger, porquanto ainda não se manifestou na sua componente nemésica) é o da não-ubiquidade, ou melhor, da transubiquidade, seja com o pachorrento Semedo, seja com a esbugalhada (e giroscópica) Catarina, há sempre uma boca muito próxima de um microfone para débito picareto-intelectual (ou pioletintelectual); e a alta voltagem sináptica tem destas coisas: uma propensão para o encontro imediato para asneira do 3.º grau.

sábado, 3 de agosto de 2013

Canino

Não falarei, nestas breves palavras, de Lanthimos e do seu alegórico Kynodontas (2009), embora o burlesco sirva de alicerce à eleição da fidelidade como valor absoluto de uma sociedade iconoclasta, que, todavia, se verga e anula, embargando a razão, perante o adjectivo: fiel. Palavra que me atemoriza mais do que me deixa nauseado, no que ela tem – num crescendo na escala de sordidez – de constância, de obstinação e de irredutibilidade, em suma, de um reaccionarismo bacoco.
Gostaria de trazer Rio à colação. Esse homem de cuja minha cidade, enfim, se liberta: o deificado gerente/merceeiro municipal – e a categoria profissional já o beneficia – de uma fidelidade canina perante a imagem da sua eminência, da sua rara inteligência, reflectida no espelho da sua soberba. Falar sobre a sua colagem ao mediático, à corrente de opinião diariamente emitida por esta nova raça de lapidadores do século XXI chamada de politólogo – nas variantes de comentador laureado ou de especialista bem avençado –, concebida nos laboratórios das redacções, engajada, com fidelidade, no argumentum ad hominem dirigido ao mais vulnerável, àquele que foi submetido a uma inclemente e massiva saraivada de flechas envenenadas com o objectivo, seguindo a cartilha goebblesiana (talvez, pela actualização temporal, ficasse melhor: fundados na frutuosa fidelidade norte-coreana), de aniquilar o seu carácter por maquiavelismo, sadismo, ou ambos. Na falta de Relvas (que até teve a sua dose de merecimento), houve Álvaro. Esquecido Álvaro, há Maria Luís, mais o apaniguado Secretário de Estado. Quando esta passar, virá (bom, já veio, pela boca perdigotosa dos guardiões da moral nacional, quase todos barbudos e barrigudos) o Machete, corta cerce! Ah, a rasoira politóloga… a bem da Nação (leia-se dos seus bolsos engordados por linhas editoriais que, falando de mansinho como a Ana Lourenço, vão mexendo os peões no jogo sujo dos amamentados pelo Estado.)         
Mas a canino-fidelidade teve na semana passada um episódio mais triste, que só corrobora a necessidade de a relativizar, para que alguma sanidade volte às nossas vidas – e não se me revolvam as tripas sempre que abro o jornal ou tenho o azar de passar pelos canais-viveiro de fiéis politólogos, comentadores e guias espirituais, e o seu dictat venal. Aquela história do cão Zico/Mandela, que matou uma criança, é tão sórdida, tão descentrada da realidade, fiel representante de uma nova vaga de um radicalismo liberal – fundando no pseudo-cosmopolitismo libertário que chega a ver o seu extremo: a ditadura e a vileza do politicamente correcto –, que em mais não se consubstancia que num retrocesso civilizacional. A insanidade apoderou-se desta gente e corporiza-se no (santo) nome escolhido para o cão que abocanhou a cabeça de uma criança, matando-a.
Tudo isto enquanto a saloiada Espírito Santo brinca aos pobrezinhos na Comporta.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fim do Silêncio: Outono-Inverno 2013/2015

Enquanto não vem a provação jesuítica lusa no Japão de Shuzaku Endo:

E este não se decide entre Verne e o Larsson, parte 2:




sexta-feira, 26 de julho de 2013

Parágrafos Redundantes

Como de uma obra para outra o deslumbramento se torna em abominação literária.
Um exemplo da dissipação da palavra impressa numa manta de retalhos norueguesa premiada, a que chamaram romance:
«Eu sabia exa[c]tamente qual a cabana que queria. Disse-lhe o número. Ela [a recepcionista/proprietária] abriu a porta, pousou o balde no vestíbulo e vi-a a tirar a chave do quadro na parede que tinha várias fileiras de pequenos ganchos, um número para cada gancho e o mesmo número na placa plástica presa ao porta-chaves.»
Per Petterson, Maldito seja o rio do tempo, p. 208.
[Alfragide: Dom Quixote, 1.ª edição, Junho de 2013, 237 pp; tradução de Maria João Freire de Andrade; obra original: Jeg forbanner tidens elv, 2008 – se bem que, por preguiça ou por falta de pilim para pagar a um tradutor de norueguês/português, a editora tenha optado por traduzir da tradução em língua inglesa: I Curse the River of Time.]

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O Deus Bíblico

O do Velho Testamento: colérico, implacável, castigador, oculto… devastador.




«Through the fire and through the flames
You won’t even say your name
Only “I am that I am”
But who could ever live that way?»

Ya Hey!

Javé… EU SOU AQUELE QUE SOU
(Êxodo 3:14)

sábado, 8 de junho de 2013

Entorpecido pela Circularidade

«You were in my dream. You were driving circles around me.»
Hersh & Stipe
OU
«Con alivio, con humillación, con terror, comprendió que él también era una apariencia, que otro estaba soñándolo.»
Borges

Em repetição contínua. Loucura que persiste há algumas semanas, e prosseguirá, horas dentro, nos dias deste estio anémico.






sexta-feira, 31 de maio de 2013

Banville, por fim...

Termina a "Trilogia Cleave", que se iniciou com o romance de uma beleza inigualável, o livro de ficção mais pungente entre todos aqueles que me passaram pelos olhos até aos dias em que escrevo estas curtas orações: Eclipse (2000); e prosseguiu com o maravilhosamente áspero O Impostor (Shroud, 2002).
Eis o Mestre Banville:

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um Pecado Sinonímico


Levantou-se o habitual alarido na imprensa lisboeto-espalhafatosa – mas há-a de outro tipo? A dos bas-fonds do poder – quando o sujeito passivo da epinotícia é o Governo ou as suas instituições, e o activo um dos seus elementos mais próximos.
Na TVI o episódio mereceu maior destaque, em minutos, que a derrapagem nos números de (de)crescimento do PIB ou de acréscimo na taxa de desemprego. No Público gastaram-se 1.700 caracteres para dizer, logo no seu título, que «Ex-secretário de Estado avisa que vai mandar o fisco “tomar no cu”».
A mim preocupa-me apenas a expressão. Eu teria dito “apanhar” ou “levar”, é mais rasteirinha, bem mais portuguesa, vernacular. Mas sendo o Francisco um homem ecuménico por natureza, tão lido por nós, os do rectângulo, como pelos nossos irmãos do outro lado do Atlântico, desculpa-se o “tomar”; e este, é o único pecado detectável no seu texto, venial, apenas susceptível de causar algum tipo de proctalgia aos mais sensíveis.
“Cu” também goza de um riquíssimo campo semântico, mas adequa-se ao contexto, embora “olho” se encaixasse melhor neste baixo ciclópico país, terra em que os dois de cima, há muito, deixaram de ver, e como em tempos disse Vasco Pulido Valente, os que tinham um e poderiam ser reis, tiveram de o vazar, porque a mediocridade reinante a cada esquina não permite esse arrojo.
No entanto, é urgente resolver outra questão que, por analogia, pode traduzir-se em ineficácia fiscalizadora: como será possível mandar esses zelosos e temerários fiscais tomar, apanhar, levar no cu (perdoem-me a exergásia), se quem tem cu tem medo?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Traições e Engano



Já anda por aí um novo velho livro de Roth, o Philip – embora duvide e suplique para que essa dúvida tenha razão de ser, sim, é o tal que anunciou ao mundo que terminou o seu período de escrita com o maravilhoso Némesis –, o livro intitula-se Engano e não é um equívoco se nos aflorar da mente que já o vimos por terras de Portugal, traduzido na nossa língua: pois, chamava-se Traições, numa versão em capa floreada.
Deception é uma novela de Roth originalmente publicada em 1990 e traduzida em Portugal, no ano seguinte, por Filomena Andrade e Sousa para a Bertrand. Agora, o livro reedita-se com Engano pela Dom Quixote, com tradução de Francisco Agarez, acompanhado de um preço inacreditável de 16,90 euros (dispõe de 208 páginas, mais 32 que a edição da Bertrand, dando-se o facto curioso de que a narrativa de ambos se inicia, precisamente, na mesma página, a 9 – faz-se render o peixe com letra de corpo... Gobern).
Quando em Maio do ano anterior a Dom Quixote iniciou, ao que parecia, a publicação da opera omnia do escritor de Newark, com o aparecimento do fabuloso Goodbye, Columbus (a primeira obra de Roth; publicada em 1959), tudo parecia indicar que se seguiria a tradução do 1.º romance do autor, Letting Go de 1962, seguindo-se o 2.º – e o único cujo protagonista é uma mulher – When She Was Good de 1967.
Pura ilusão.
Note-se, não sou contra a repetição de traduções. Por vezes, a repetição consegue inculcar-nos outra perspectiva da obra que outrora lêramos e de cuja leitura fixáramos doutrina – sem ler o original, não sabemos se por diminuição ou aumento da traição do traduttore. Porém, sou contra o desperdício de traduções sempre que se verifiquem estas duas condições em simultâneo: (1) obras que já existem aceitavelmente traduzidas no mercado nacional e (2) quando grande parte da obra do autor em questão – e neste caso, quase unanimemente considerada como brilhante – ainda não se encontra editada na nossa língua – há um apagão luso de Roth entre 1962 e 1990, com a excepção de O Complexo de Portnoy de 1969 (Portnoy's Complaint).

Para efeitos comparativos o bom, o mau e o vilão (o original, a perda na tradução, e a tradução, já de si perdida, e agora desperdiçada segundo a minha impugnável reflexão – carregar na imagem para a ampliar):


terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Um paliativo para a ressaca

Como um confesso viciado em DF, contento-me, por vezes, com uns fogachos diáfanos de espanto – pequenos fragmentos, insatisfatórios até, por onde passaram as mãos do mestre, numa época do ano em que se esbanjam elogios em folha de ouro, dedicados à obra menor e que acabam por dar relevo àquilo que realmente nos fere a alma pela sua manifesta mediania abroncada.
Em suma, adaptando as palavras do gigante literário oitocentista, a celebração do medíocre através da sua consagração pela nomenclatura do Santo Artifício Visual, em detrimento de outros técnica, estética e, até, eticamente mais habilitados na inovação e no progresso artísticos, é de um miserabilismo intolerável, não se vislumbrando um fim nos tempos mais próximos:
«(…) il y a un point où les infortunés et les infâmes se mêlent et se confondent dans un seul mot, mot fatal, les misérables (…)»*
Victor Hugo, Les Misérables, 1862 (Tome III, Livre huitième, Chapitre V).
Atenção: This not a film…



«We'll cleave you from the herd and watch you die in the wilderness.»

Como explicava há cerca de dois meses Forrest Wickman na Slate, e que os espectadores em geral já há muito compreenderam, hoje, nos Estados Unidos, a fronteira entre televisão e cinema tornou-se ainda mais difusa; fenómeno que, no caso em questão, se evidencia, não só pela primeira incursão de Fincher no mundo da televisão ou pelo surgimento de Spacey ao fim de 20 anos de ausência, mas pelos valores envolvidos na produção e pelo próprio trailer, bem ao estilo cinematográfico, longe dos habituais e insípidos spots televisivos.

A dor foi aplacada.

Nota: *Numa tradução livre (perante a ausência do livro nas nossas palavras no momento de redacção deste texto):
«existe um ponto em que os infelizes e os infames se misturam e se confundem numa só palavra, palavra fatal, os miseráveis».

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Óscares – Na perspectiva das “5 Grandes”

A hora negra rosa exuberante, meia-hora depois, 1 da manhã do próximo dia 25 de Fevereiro (hora de Lisboa), ainda vem longe, mas os previsíveis já se perfilam para proferir as inanidades do costume perante a Glam Cam do rapagão Ryan E! Seacrest, hipno-implantada na passadeira vermelha do Dolby Theatre (so long Kodak!)
Usando um critério de nomeações nas consideradas 5 grandes categorias (Melhores Filme, Realizador, Argumento, Actor e Actriz principais), em filmes com mais de 5 nomeações no total, temos o alinhamento que se segue (e que se pode): 
  • Guia para um Final Feliz, de David O. Russell (Silver Linings Playbook) – 8 nomeações [5 nas cinco categorias principais];
  • Amor, de Michael Haneke (Amour) – 5 [4+];
  • Lincoln, de Steven Spielberg – 12 [4+];
  • 00:30 Hora Negra, de Kathryn Bigelow (Zero Dark Thirty) – 5 [3+];
  • A Vida de Pi, de Ang Lee (Life of Pi) – 11 [3+];
  • Argo, de Ben Affleck – 7 [2+];
  • Django Libertado, de Quentin Tarantino (Django Unchained) – 5 [2+];
  • Os Miseráveis, de Tom Hooper (Les Misérables) – 7 [2+];
  • 007 – Skyfall, de Sam Mendes (Skyfall) – 5 [0+].
Prometedor, não?

De notar que apenas o filme do sobre-aclamado (confesso que me auto-indulgenciei pelo uso daquela palavra composta sem usar “estimado” após o radical) D. Owen Russell poderá entrar no diminuto conjunto de filmes que, em 84 edições dos prémios da AMPAS, inclui os que conquistaram os 5+. A saber, por ordem cronológica:
  • 1934 – (7.ª cerimónia de entrega dos Óscares) Uma Noite Aconteceu, de Frank Capra (It Happened One Night) – parelha de actores principais: Clark Gable / Claudette Colbert;
  • 1975 – (48.ª) Voando sobre um Ninho de Cucos, de Milos Forman (One Flew Over the Cuckoo’s Nest) – parelha de actores principais: Jack Nicholson / Louise Fletcher;
  • 1991 – (64.ª) O Silêncio dos Inocentes, de Jonathan Demme (The Silence of the Lambs) – parelha de actores principais: Anthony Hopkins / Jodie Foster.

Pronto, está despejada a matéria. Para mais informação, ver aqui.

PS – Ah!, já me esquecia… Este ano há Óscar para Melhor Planeamento de Produção (mais um para adensar o momento Xanax).
PPS – Para a 86.ª edição, proponho um Óscar para as seguintes categorias (categorias em progressão, para que se alcancem as 100 na edição 100):
  • Melhor Catering em Fase de Produção (categoria artística, porque não só contarão as estrelas Michelin, como está provado que se verifica um forte correlação positiva entre um bom repasto dos RH alocados à feitura da obra e a qualidade fílmica);
  • Melhor Olheiro Cinegeoreferenciador (categoria também artística, porquanto este desgraçado calcorreia o mundo para escolher os locais de filmagem onde, normalmente, o sufixado ASC ou BSC ou o que seja apenas mete a lente – como exemplo, o olheiro de Brokeback Mountain (2005) não merecia ganhar um Óscar pela escolha do local das cenas iniciáticas de amor entre homens (género) que guardam ovelhas: Kananaskis, Alberta, Canadá? Ah, pois não! Não foi no Wyoming, EUA.

sábado, 5 de janeiro de 2013

A Verdade, no seu momento anual

A verdade a cada doze meses (os muito aguardados prémios do conjunto mais iluminado entre os críticos norte-americanos não alinhados — National Society of Film Critics, NSFC), votou três vezes no realizador austríaco nascido na Alemanha (logo, vítima de anschluss inversa, de Munique para as escolas de Viena e não de Linz para as cervejarias de Munique, e sem direito a bigode ridículo) Michael Haneke: Melhores Filme, Realizador e Actriz (a majestosa, já a meio da sua nona década, Emmanuelle Riva). Note-se que, na categoria mais importante, Amor (Amour) ganhou com uma baixa votação e uma curtíssima vantagem sobre o 2.º filme mais votado, O Mentor (The Master) de P.T. Anderson. O mesmo, mas com mais uma concorrente, ocorreu na categoria Melhor Realizador, em que Haneke deixou P.T. e Bigelow a apenas 3 votos.
Nota final de desconsolo: aquela coisa viscosa de Soderbergh, que já nem me atrevo a nomear, venceu a categoria de Melhor Actor Secundário, atribuído ao cabotino de serviço. Mas, vendo bem, conjuga com o grau de oleosidade (acima da categoria Fula) que premiou em 2011 a mesma categoria, quando Albert Brooks venceu com Drive. Pelo menos, que ninguém se venha queixar de uma possível inconsistência, o critério manteve-se.

Medula

O nosso conhecido, mui estimado e bukowskiano blogger, Manuel A. Domingos, lançou-se num projecto editorial denominado Medula, prometendo novidades para breve.

Para ir acompanhando.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Os Melhores Livros de 2012


É verdade, Foster Wallace elegia o etéreo “The Big Ship” de Brian Eno (álbum: Another Green World, 1977) como a sua música preferida – the spinal nature of music, como ele, DFW, confessou ao seu amigo mais chegado e que incluiu na sua última e pálida gargalhada, aparentemente inacabada no ano do fim, 2008, perante o mundo do aborrecimento esmagador e da melancolia:
«Esta canção faz-me sentir tão quente como seguro, faz com que me sinta aconchegado, como uma criança a quem acabam de tirar da banheira e a embrulharam em toalhas que foram lavadas tantas vezes que se tornaram incrivelmente suaves, mas também faz com que me sinta triste; há uma sensação de vazio no centro desse calor que se assemelha à tristeza de uma igreja sem ninguém ou a uma sala de aulas com muitas janelas através das quais só se pode ver a chuva a cair lá fora, como se no mesmo centro dessa sensação de segurança e de amparo se encontrasse a semente do vazio.»
David Foster Wallace, The Pale King, pág. 185. [Tradução livre: AMC; edição – New York: Back Bay Books, 2012, 592 pp.]
Este ano que passou foi parco em leituras por estas bandas, não só por algum aborrecimento confuso, como devido à minha eleição de obras intermináveis para a secção de leituras escolhidas.
Em resumo, 31 obras editadas em Portugal em 2012 foram lidas, 29 das quais reveladas na habitual coluna do lado direito deste blogue, onde predominou a “ficção” sobre a “não-ficção”, e votei 2 obras como excepcionais ou obra-prima, 11 como muito boas, 9 como boas e 7 como razoáveis, de cuja leitura poderia ter prescindido.
Depois de muito reflectir sobre um possível “ex-aequo” para as duas primeiras obras da lista (como ocorreu na minha lista de 2007), o resultado final foi o seguinte:

Os Melhores Livro de Ficção de 2011
  1. David Foster Wallace, A Piada Infinita (ed. port. Quetzal; Infinite Jest, 1996);
  2. Thomas Pynchon, Arco-Íris da Gravidade (ed. port. Bertrand; Gravity’s Rainbow, 1973);
  3. Ian McEwan, Mel (ed. port. Gradiva; Sweet Tooth, 2012);
  4. Saul Bellow, O Legado de Humboldt (ed. port. Quetzal; Humboldt’s Gift, 1975);
  5. Philip Roth, Goodbye, Columbus e Cinco Contos (ed. port. Dom Quixote; Goodbye, Columbus, 1959);
  6. Ali Smith, Qualquer Coisa Como (ed. port. Quetzal; Like, 1997);
  7. Julio Ramón Ribeyro, A Palavra do Mudo (ed. port. Ahab; La palabra del mudo, 1973 e ss. – selecção da edição portuguesa);
  8. Carlos Fuentes, Contos Naturais (ed. port. Porto Editora; Cuentos naturales, 2007);
  9. Enrique Vila-Matas, Ar de Dylan (ed. port. Teodolito; Aire de Dylan, 2012);
  10. Don DeLillo, O anjo Esmeralda (ed. port. Sextante; The Angel Esmeralda: Nine Stories, 2011).

Os Melhores Livro de Não-Ficção de 2012
  1. Edmund De Waal, A lebre de olhos de âmbar (ed. port. Sextante; The Hare with Amber Eyes – A Hidden Inheritance, 2010);
  2. Jonathan Franzen, A Zona de Desconforto (ed. port. Dom Quixote; The Discomfort Zone: A Personal History, 2006);
  3. Paul Auster, Diário de Inverno (ed. port. Asa; Winter Journal, 2012).

E agora a Memória, os meus melhores livros de ficção desde 2005 – ano da fundação deste blogue:
  • 2005 – Kazuo Ishiguro, Nunca Me Deixeis (ed. port. Gradiva; Never Let Me Go, 2005)
  • 2006 – Vladimir Nabokov, Convite para uma decapitação (ed. port. Assírio & Alvim; Priglasheniye na kazn, 1936)
  • 2007 – (2 obras em igualdade) Colm Tóibín, O Mestre (ed. port. Dom Quixote; The Master, 2004) & Jonathan Littell, As Benevolentes (ed. port. Dom Quixote; Les Bienveillantes, 2006)
  • 2008 – Robert Musil, O homem sem qualidades, volumes I e II (ed. port. Dom Quixote; Der Mann ohne Eigenschaften, 1930-1942)
  • 2009 – John Updike, Coelho em Paz (ed. port. Civilização; Rabbit at Rest, 1990)
  • 2010 – Saul Bellow, As Aventuras de Augie March (ed. port. Quetzal; The Adventures of Augie March, 1953)
  • 2011 – Julian Barnes, O Sentido do Fim (ed. port. Quetzal; The Sense of an Ending, 2011).