sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Um feliz ano de 2006!

Estou de partida! Dentro de minutos estarei a viajar com destino a terras durienses: entrando na A4, pagando portagem em Amarante, rezando depois no IP4, até entrar, de borla, pago por todos vós – I Love SCUT’s! –, na A24 com destino à Régua.
A todos os meus leitores desejo uma boa entrada no ano de 2006 – altura na qual este púbere blogue cumprirá 15 dias de existência.

Em 2006 haverá mais!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

¡El fin de la siesta!


Para um hispanófilo como eu, a notícia do Jornal da Tarde da SIC preocupou-me: o Governo espanhol decidiu acabar com a secular siesta no funcionalismo público, esperando que o fenómeno se contagie ao sector privado.
Actualmente em Espanha, segundo a estação televisiva e a minha longa experiência de vida em solo espanhol, o horário de almoço situa-se entre as 14 horas e as 16 horas e 30 minutos, onde se previa a inclusão do descanso pós ComidaAlmuerzo para os mais sensíveis às expressões populares.
Segundo a mesma notícia, esta decisão teve que ver com o tempo diminuto despendido pelos nuestros hermanos na companhia dos seus filhos.
Na minha modesta opinião, a siesta é parte integrante e fundamental da cultura espanhola – e digo isto com toda a propriedade, a qual o horror-de-dormir-após-o-almoço me conferiu.
Vou sentir a falta desse período de delicada diminuição do bulício nas ruas madrilenas, de calmaria da tradicional fúria castelhana, do som da brisa quente e luxuriante das longas tardes de Verão na Puerta del Sol, na Castellana, no Prado, nos Recoletos, na Plaza Mayor.
Egoisticamente, lá se vai a minha hora dilecta de prospecções literárias, musicais e cinematográficas na gigantesca Fnac do Callao.
Depois, perde-se la cena às 10 da noite e la(s) copa(s) das 2 da manhã em diante…
Se o Governo espanhol fosse de direita, teríamos, quem sabe, a lusa esquerda, permanentemente alvoraçada com os fantasmas reaccionários, classificando a acção como uma intentona contra os direitos fundamentais dos cidadãos espanhóis, e um Governo constrangido pelo peso do capitalismo selvagem e obstinado pelo mimetismo do imperialismo americano e dos seus fiéis comparsas europeus. Seria uma acção fascizante¡Cómo me encanta esta palabra!
Para os mais atentos, apenas recordo a experiências dos "terceiro-mundistas" dinamarqueses e um artigo de Maio de 2002 da revista inglesa The Economist intitulado: «Siesta time: Power napping».
Bons sonhos!
PS - Por que cargas de água foi incluída aquela fotografia!

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

21 gramas

Afinal Cavaco tem ALMA!
Então, não é só um razoável economista – abaixo de Cadilhe –, tecnocrata, quase desprovido de emoções – ó indispensável espírito da vida! –, qualidades que, inexoravelmente, lhe desencadeiam um processo de tendência transmutativa para a frialdade de uma múmia?
A osmótica retórica já é uma evidência.
Eis uma ode soarista:

Jerónimo meu gentil, que te partiste
Tão cedo desta corrida, descontente,
Repousa lá no Comité eternamente
E viva eu lá em Belém de Acácia em riste
.

Ressaca natalícia de um homem laico: Parte II

Regressou o "Frente a Frente" da SIC Notícias.
Quis alguém que a essa hora estivesse, deleitosamente, sentado na minha habitual cadeira de deglutição, quando a náusea se apoderou de mim: João Soares!
Mais não consigo descrever dado o enjoo. Apenas, ficam as palavras-chave do essencial da sua retórica:

a Razoável economista;
a Prémio Nobel (agora, alargue-se o espectro e coloque-se aqui a perseguição de Lara a Saramago);
a Falta de Cultura (na sequência da anterior)
a PSD e militantes notáveis atraiçoados;
a Mito (e desfazê-lo);
a Vacas gordas;
a Abundância de fundos comunitários;
a Bastidores do célebre congresso do PSD na Figueira da Foz.

Convém, para memória futura, mencionar a lista dos políticos – ou de para-políticos – evocados: Fernando Nogueira, Pinto Balsemão, Miguel Cadilhe, Santana Lopes.
Relativamente à sapiência cultural de Cavaco: “Não sabe quantos Cantos tem os Lusíadas”; “confunde Thomas Mann com Thomas Moore”.
Mas a pérola das pérolas surgiu no início da diatribe televisiva, que aqui deixarei ficar em jeito de resumo, não sendo, contudo, preciso nas palavras usadas pelo filho do Pai:
4 Cavaco é e sempre foi um homem de posses;
4 O pai é um empresário de alfarrobas e tinha uma bomba de gasolina;
4 Cavaco trabalhou na bomba de gasolina porque defraudou as expectativas do pai no que à avaliação escolar final dizia respeito.
Já não há pachorra!


Linha de pensamento: Mito – Economista – Nobel – Saramago – Cultura

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Será a ressaca natalícia de um laico?

Creio que já todos nós ouvimos a desresponsabilizadora expressão “temos os líderes que merecemos!”. O mais curioso é que, comummente, essa asserção é aproveitada por alguns enfatuados que cresceram e se desenvolveram no meio político e que após a chegada da almejada fama logo a deixaram, sacudindo a água do capote, vilipendiando todos aqueles que se possam assemelhar com essa forma inumana de serviço público.
Depois temos os profissionais do comentário político – a quem muitos já atribuem, de forma pomposa, o título de politólogo – que procedem, com um zelo inexcedível, à materialização dessa asserção, vincando-a com laivos de conhecimento literário.
Como exemplo desta última estirpe veja-se o que diz a inenarrável – simpático eufemismo, não? – Clara Ferreira Alves na sua crónica cibernética.
(A propósito: e o Graham Greene?)
Via o André d'O Insurgente tomei conhecimento disto. Juntado isto com o panfleto da Clarinha, será que ela merece ter um PR obstinado, incongruente e senil?

sábado, 24 de dezembro de 2005

Ano zero, d.C.: Monmartre, 24 de Dezembro

Vestia um barrete vermelho debruado a neve, olhos castanho avelã bruxuleantes de pequenas lágrimas de criança feliz de vinte e seis. Acendia a ternura que se prolongava pela noite dentro, que os ainda curtos anos iam encerrando dentro da carapaça de jovem empreendedor de eminente sucesso. Bastava aquele simples sorriso contagiante, duas covas por expressão facial abertas logo abaixo dos malares, como sinais inequívocos da teimosa e contida euforia interior. Era Natal…
Foi Natal! O último antes daquele de 2001 – o zero da minha escala de melancolia –, cortado por dois abaixo de zero, na cercania do Sacré Coeur, de consoada encravada pela Place du Tertre, toros de lenha crepitantes transmitindo os débeis sinais do pulsar da vida. Perdera-se a euforia. Aquela dura carapaça trespassada por dois furos que descarregavam a bílis e que, num arremetimento de fina ironia, lhe roubaram de vez a alegria contida e o sorriso das covas profundas.
Lembras-te? Ouvimos de um cantador solitário, de guitarra firmemente aconchegada entre a coxa e a axila, Brel de voz roufenha: Ne me quitte pas.
Eram já 25, descemos à Pigalle, levei-te ao leito alvo e desinfectado que te aguentou mais dois meses, até o regresso ao teu Porto, que te afastou daqui, numa fria manhã de Outono, no preciso local onde pela primeira vez mostraste ao mundo o teu trinado irascível e violento.
Hoje, lá estaremos todos, vislumbrando o teu desamarrar de criança de covinhas fundas, mascarando-nos de felicidade, apenas reavivada por aquela, Tua sobrinha, que coloriu de positivo no HCG apenas uma semana antes de partires.
Feliz Natal, Irmão!

Boas Festas!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Aposta diversificando e dormirás descansado!

Harry Markovitz, pai da teoria da gestão de carteiras de títulos e laureado com o Prémio Nobel da Economia em 1990, entra na campanha eleitoral para a Presidência da República Portuguesa. Decorridos cinquenta e três anos desde a publicação do seu famoso artigo “Portfolio Selection” no Journal of Finance, Markovitz renasce num working paper, ainda em versão provisória, denominado por “A Selection of a Portfolio of Presidents: An Empirical Evidence”.
Eis parte do resumo:
«O processo de selecção de uma carteira de candidatos a Presidente pode ser dividida em duas fases distintas. A primeira inicia-se com a observação e a experiência e termina com a convicção acerca da performance futura dos Presidentes candidatos. A segunda fase começa com a assumpção das convicções mais sólidas acerca da performance futura e termina com a escolha da carteira.»
No nosso entender, configura uma tentativa de contra-resposta à última iniciativa da empresa de beneficência Betandwin que «faz negócio com eleições na Internet». Assim, esta teoria passa a contemplar duas situações fundamentais para a humanização do investimento:
1. Um candidato a Presidente é uma combinação de activos transaccionáveis;
2. Diversificação do risco, e possível arbitragem, através das expectativas de rendimento futuro.
Logo, na nossa opinião – saliente-se este facto – uma carteira equilibrada seria composta por 3/5 de activos com “Beta” superior a 1, e 2/5 por activos pouco arriscados – as âncoras – isto é, com um “beta” inferior a 1 (nota-se que o coeficiente “beta” não mede o grau de frequência de um indivíduo nas festas da moda ou VIP na noite lisboeta):
a) Activos com Beta>1:
- 1/5 de pragmatismo economicista de Cavaco – é um activo bastante arriscado porque põe seriamente em causa o funcionamento do “regímen” democrático português e as conquistas de Abril.
- 1/5 do lirismo de Alegre – também incluído nesta secção uma vez que não se lhe conhecem os verdadeiros objectivos e, regularmente, trova “ao vento que passa”, que como sabemos é um forte indício de volatilidade, vejam-se as últimas catástrofes;
- 1/5 de devaneio anárquico de Louçã – arriscado porque a tendência para a liberalização de substâncias que causam estupefacção – passe o eufemismo –, aliada ao “tudo ao monte e fé em Deus” nas conservatórias do registo civil e à proibição do uso de “picaretas para montanhismo”, contribuiria, com uma forte probabilidade, para a rápida perda da identidade nacional.
b) Activos com Beta<1
- 1/5 de medo dos papões da direita de Jerónimo – considerado como um activo quase sem risco, uma vez que estagnou em 9 de Novembro de 1989. Tudo começou em Berlim…
- 1/5 de experiência e de cultura, de prática presidencial e de erudição, de traquejo de reuniões em Belém e de sapiência, de forte tarimba como chefe de Estado e de desenvolvimento intelectual de…. SOARES – risco nulo dada a tendência natural para o estado de letargia em público, embora só se vá manifestar, com alguma probabilidade, a partir de 22 de Fevereiro do próximo ano. Aqui há que acrescentar as vantagens de se considerar na escala das artes e ofícios “acima de Cadilhe” – logo acima de razoável – e de ser um profundo conhecedor dos meandros dos Conselhos Europeus, tendo vários amigos conselheiros e que, em simultâneo, acumulam a qualidade de prestáveis genuflectores, em confidência, perante tanta eminência.
Vá lá, não caias no conto do vigário, aposta diversificando!
Diversifyandwinagoodsleep.com

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

O "Pai da Pátria"

O homem que se considera “Pai da Pátria” continua ao ataque e refere que o seu adversário algarvio – vítima em exclusivo da sua doentia e decadente fúria obsessiva – está convencido que «Portugal nasceu quando ele foi eleito primeiro-ministro e que acabou quando ele abandonou».
Mas resumir-se-á tudo isto a uma questão de disputa de paternidade?
Nesse caso proponho: George Walker Bush para Presidente – ou Rei – de Portugal.
Então, convém não esquecer, ele é um verdadeiro descendente do Pai da Pátria?

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Despudor

Debate? Qual? O quê? Quando? Hoje?
Um debate político, num país civilizado, pressupõe discussão, confronto de ideias, combate rígido, porém leal, na defesa de convicções maduramente formadas e na apologia de uma concepção do mundo distinta do oponente. Exige-se vivacidade, inteligência, clarividência e pertinácia. Estofo, fleuma e seriedade. Acima de tudo: moralidade, sensatez e respeito pelo adversário.
Hoje, assistimos a tudo menos isso!
O que pudemos ver:
- Um Soares crispado, colérico e brutalmente agressivo. Assemelhou-se a um pobre arrivista.
- Um Soares sem ideias, sem astúcia, sem fins – apenas com meios de ataque de política mesquinha e rancorosa. Enfim, sem norte!
- Um Soares que prometeu a dez minutos do final da “entrevista conduzida por três” que falaria, finalmente, da sua candidatura, mas – talvez por manifesto lapso – esqueceu-se de o fazer.
- Dois jornalistas – moderadores – que se esqueceram de colocar um ponto final nos vitupérios e de ter a coragem e a destreza suficientes para perguntar: «Dr. Mário Soares fale-nos um pouco da sua candidatura!»
Já nem há necessidade de falar dos comentadores do regime: o patrão – Bettencourt Resendes – e o empregado – António José Teixeira.

Termino com o comentário de José Miguel Júdice: “Soares à patada!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Jackpot: o "Código" dos milhões


A data já está marcada: 18 de Maio de 2006 (em Portugal).
A Grande Tela prepara-se para o brilho de Hanks, Tautou, McKellen, Reno e Molina, nas constantes encruzilhadas da bem urdida trama de Dan Brown “O Código Da Vinci”.
Depois do teaser, já há o trailer preliminar. Ron Howard dirige, com base no argumento elaborado pelo seu dilecto Akiva Goldsman (responsável por adaptações de romances policiais do escritor norte-americano John Grisham – multimilionário e apetecível alvo dos críticos literários da proclamada elite – e pelo argumento original de “Uma Mente Brilhante”, com o qual arrecadou a estatueta dourada da Academia de Hollywood).
Na minha modesta opinião, o livro é brilhante! Diverte.
Sob as mais variadas formas de comunicação já muito se disse do livro. Agora, só falta o filme.
Aqui vai a respectiva ligação: Trailer.
(É necessário dispor do QuickTime da Apple instalado no computador para abrir os ficheiros)

Imperdível e inestimável

Como é sua marca, João Pedro George explana muito bem sobre tudo-aquilo-que-nos-apetece-dizer-mas-temos-preguiça-de-escrever.
Logo, torna-se de indispensável leitura a sua última diabrura verrinosa sobre a presença de MFM na indescritível trombeta multimédia denominada por “Eixo do Mal”.
Não irei citar Graham Greene, todavia, julgo que se encaixa muito bem a notável explicação de Zadie Smith, no seu livro “Dentes Brancos”, sobre a fenomenologia columbina e os seus aborrecidos – sei lá, é de todo uma maçada! – excrementos:
«A merda não é a merda, repetia ele [Mo] solenemente, o pombo é que é a merda

domingo, 18 de dezembro de 2005

A cultura da vacuidade, agravada por sintomas de nepotismo

Hoje, recebi por correio electrónico um texto do Nuno Markl que se referia à neófita Pimpinha Jardim nas lides de colunista da nação.
Para os mais curiosos o texto de Markl está publicado no seu blogue, sob o título “DE GUTENBERG A PIMPINHA”.
Ao ver isto e os seus sucedâneos, começo-me a convencer que – de forma quase irreversível – me assemelho mais a um selvagem de Huxley, vagueando – fora da minha reserva – por este complacente país onde todos parecem Gamas menos e Épsilones, ingurgitando, alarvemente, desmesurados gramas de Soma.
No entanto, concordo com FJV quando absolveu o acto eruditamente sacrílego perpetrado por Luana Piovani: demorou 6 meses a ler o livro de Gabriel García Márquez “Cem Anos de Solidão”. Porém, a Luana tudo se perdoa!
E à Pimpinha!? Ou às outras flores que povoam o seu Jardim!?
Que Deus – ou outro por ele – lhes perdoe!

sábado, 17 de dezembro de 2005

Um simples aperto de mão

A maratona de debates televisivos em dueto aproxima-se, inexoravelmente, do fim. Para o final reservou-se o mais aguardado: Soares vs. Cavaco.
Prevê-se mais um momento de preocupante comédia para esse duelo. Pressagio as gordas do day after: "Jerónimo, Louçã e Alegre apelarão à desistência de Soares a favor das suas candidaturas", dada a fortíssima correlação positiva, apresentada pelo provecto candidato, entre o nível de despautérios e o número de debates participados. Logo, estima-se que, com um nível de significância de 1%, o valor da variável arenga/disparate/dislate se situe nos 1,31 a cada 60 segundos no seu último confronto.
Para robustecer esta teoria, recupera-se apenas um momento de Soares, ocorrido no debate transmitido ontem pela SIC:
Apertou a mão a Nicolae Ceausescu, mas recusou-se a cumprimentar Augusto Pinochet.
Semelhanças entre os dois: ditadores e sanguinários, acusados de crimes contra a humanidade e de aniquilação dos direitos humanos e da liberdade de expressão.
Diferenças entre os dois: o primeiro era um simples defensor da esquerda moderna e revolucionária, apenas com alguns percalços; o segundo era um déspota reaccionário, de direita (logo fascista), quiçá um salazarento (ah, como eu adoro esta expressão!) inveterado.
O povo clama: Bravo! Mais! Mais! Mais!
Isto tudo só merece da minha parte a aposição de dois singelos comentários: (1) Como o FJV não se cansa de comentar no seu Blogue: Ai se fosse o Cavaco! (2) Com tantas alarvidades, Cavaco nem precisa de falar!

Porque escrevo

Para soltar a minha raiva;
Para exorcizar os espíritos ocultos que habitam em mim;
Para libertar a ansiedade que sufoca o meu corpo;
Para exprimir os meus desassossegos, dúvidas e tristezas,
Para os poder transformar em momentos de quietude, de certeza e de alegria:
Humanidade, firmeza e júbilo!
Para os poder difundir e gastá-los à tripa forra,
Para não ter de prestar contas:
A uma douta hierarquia,
Ao Estado,
À pátria,
Ao mundo…
A Deus!
Bastar-me-á um leitor:
Porque escrevo e assim quero resistir!