Para quem não conhece o termo – muito nortenho – “putanheiro”, nas suas diferentes acepções, pode significar “chulo” ou “proxeneta”, isto é, «que ou aquele que vive à custa de mulheres que se prostituem».
Em Julho de 2004 fui à Fnac – do GaiaShopping para os mais curiosos – para mais uma viagem consumista pela literatura, música e cinema.
Em destaque, tal como hoje, postava-se um livro editado pela Bertrand com a “Mona Lisa” na capa e o nome de um senhor – até então por mim desconhecido – chamado Dan Brown.
Disponível estava já a 9.ª edição, e isto para um livro que havia sido editado em Maio ou Junho desse mesmo ano. Já ouvira falar dele, mas por mero acaso ou por puro desinteresse não o havia adquirido.
Nesse dia – lembro-me agora, era uma sexta-feira – comprei-o sem problemas de consciência ou qualquer remorso.
Após ter regressado a casa, abri a badana, li a sinopse, e reli as frases curtas de ode sensacionalista que jornais e revistas de reputada crítica lhe haviam feito.
Não resisti e comecei a lê-lo…
No domingo estava lido. A partir daí teci-lhe os mais elogiosos comentários, recomendei a sua leitura e quase que obriguei os renitentes a lê-lo. Ao mesmo tempo li de enfiada mais de 10 livros de não-ficção, muitos deles com o carimbo de científico, sobre o tema em questão: Quem eram os templários? Jesus teria sido casado? Qual o verdadeiro papel de Maria Madalena no destino do Homem que mudou o mundo há 2000 anos atrás? O Graal existiu? Sob que forma? Quem começou a lenda da taça sagrada que albergara o sangue de Cristo? E os Cátaros, quem foram? Qual o papel de figuras como Filipe IV de França (o Belo), São Bernardo, Hugues de Payens, Jacques De Molay, etc.? O que são os Evangelhos Gnósticos? Existiram na realidade? E por aí fora…
Depois de ler a putativa descodificação de Simon Cox, centrei-me na leitura de Holy Blood, Holy Grail dos autores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln – donde supostamente surgiu o nome do personagem de Dan Brown “Leigh Teabing”, este último como anagrama de Baigent, o erudito professor inglês que vive em França, no sumptuoso castelo. Este livro, cujos autores haviam pretendido que fosse mais científico do que especulativo, formula uma série de hipóteses que se pretendem provar. No final as hipóteses que nos pareciam provadas, são deixadas em aberto à consideração do leitor – uma obra menor, que suscitou polémica no ano da sua publicação, 1982, no Reino Unido.
Dan Brown, através da sua obra, utiliza argumentos defendidos pelos 3 autores, assim como de variadíssimos autores que especularam sobre assuntos fundamentais que enchem a trama do romance: Margaret Starbird, Elaine Pagels, Lynn Picknett & Clive Prince, etc.
Por outro lado, Brown cita a obra e os seus autores, referindo-se na voz do personagem Leigh Teabing como os grandes divulgadores de uma corrente esotérica que fluía dentro de uma alegada organização secreta denominada por Priorado do Sião.
O grande facto é que “O Código Da Vinci” já vendeu mais de 25 milhões de cópias em todo o mundo e prepara-se para ser exibido nas salas de cinema de todo o planeta a partir de meados de Maio, produzido pela milionária indústria de Hollywood.
Brown transformou-se num multimilionário – tal como J. K. Rowling e o seu Harry Potter – e deu a ganhar muitos milhões a outros autores, que se multiplicaram como cogumelos, através da publicação de apologias ou de repúdios com demonstrações científicas ou para-científicas e, note-se que não despiciendo, potenciou as vendas de livros já antes editados que há muito não possuíam mercado para venda. Ora, foi precisamente isso que se sucedeu com o agora internacionalmente famoso Holy Blood, Holy Grail, que, quem sabe, deu aos 3 autores muitos milhões em direitos de autor que pensariam jamais arrecadar.
Uma vez mais fica demonstrada à saciedade a mesquinhez da natureza humana. Baigent, Leigh e Licoln além de sofrerem de uma inveja atroz pelo facto da escassez do seu espírito literário não lhes haver permitido romancear a história contada e torná-la apelativa ao público – veja-se esta brilhante citação do “gigante” Anthony Burgess (encontrada aqui) «It is typical of my unregenerable soul that I can only see this as a marvellous theme for a novel.» quando recenseou esta obra no jornal The Observer –, sofrem de uma cupidez desmedida pelos proventos de Brown, tentando usar, por direito, os meios judiciais para arrecadar mais uns tostões que não quiseram ou não souberam ganhar.
Em Julho de 2004 fui à Fnac – do GaiaShopping para os mais curiosos – para mais uma viagem consumista pela literatura, música e cinema.
Em destaque, tal como hoje, postava-se um livro editado pela Bertrand com a “Mona Lisa” na capa e o nome de um senhor – até então por mim desconhecido – chamado Dan Brown.
Disponível estava já a 9.ª edição, e isto para um livro que havia sido editado em Maio ou Junho desse mesmo ano. Já ouvira falar dele, mas por mero acaso ou por puro desinteresse não o havia adquirido.
Nesse dia – lembro-me agora, era uma sexta-feira – comprei-o sem problemas de consciência ou qualquer remorso.
Após ter regressado a casa, abri a badana, li a sinopse, e reli as frases curtas de ode sensacionalista que jornais e revistas de reputada crítica lhe haviam feito.
Não resisti e comecei a lê-lo…
No domingo estava lido. A partir daí teci-lhe os mais elogiosos comentários, recomendei a sua leitura e quase que obriguei os renitentes a lê-lo. Ao mesmo tempo li de enfiada mais de 10 livros de não-ficção, muitos deles com o carimbo de científico, sobre o tema em questão: Quem eram os templários? Jesus teria sido casado? Qual o verdadeiro papel de Maria Madalena no destino do Homem que mudou o mundo há 2000 anos atrás? O Graal existiu? Sob que forma? Quem começou a lenda da taça sagrada que albergara o sangue de Cristo? E os Cátaros, quem foram? Qual o papel de figuras como Filipe IV de França (o Belo), São Bernardo, Hugues de Payens, Jacques De Molay, etc.? O que são os Evangelhos Gnósticos? Existiram na realidade? E por aí fora…
Depois de ler a putativa descodificação de Simon Cox, centrei-me na leitura de Holy Blood, Holy Grail dos autores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln – donde supostamente surgiu o nome do personagem de Dan Brown “Leigh Teabing”, este último como anagrama de Baigent, o erudito professor inglês que vive em França, no sumptuoso castelo. Este livro, cujos autores haviam pretendido que fosse mais científico do que especulativo, formula uma série de hipóteses que se pretendem provar. No final as hipóteses que nos pareciam provadas, são deixadas em aberto à consideração do leitor – uma obra menor, que suscitou polémica no ano da sua publicação, 1982, no Reino Unido.
Dan Brown, através da sua obra, utiliza argumentos defendidos pelos 3 autores, assim como de variadíssimos autores que especularam sobre assuntos fundamentais que enchem a trama do romance: Margaret Starbird, Elaine Pagels, Lynn Picknett & Clive Prince, etc.
Por outro lado, Brown cita a obra e os seus autores, referindo-se na voz do personagem Leigh Teabing como os grandes divulgadores de uma corrente esotérica que fluía dentro de uma alegada organização secreta denominada por Priorado do Sião.
O grande facto é que “O Código Da Vinci” já vendeu mais de 25 milhões de cópias em todo o mundo e prepara-se para ser exibido nas salas de cinema de todo o planeta a partir de meados de Maio, produzido pela milionária indústria de Hollywood.
Brown transformou-se num multimilionário – tal como J. K. Rowling e o seu Harry Potter – e deu a ganhar muitos milhões a outros autores, que se multiplicaram como cogumelos, através da publicação de apologias ou de repúdios com demonstrações científicas ou para-científicas e, note-se que não despiciendo, potenciou as vendas de livros já antes editados que há muito não possuíam mercado para venda. Ora, foi precisamente isso que se sucedeu com o agora internacionalmente famoso Holy Blood, Holy Grail, que, quem sabe, deu aos 3 autores muitos milhões em direitos de autor que pensariam jamais arrecadar.
Uma vez mais fica demonstrada à saciedade a mesquinhez da natureza humana. Baigent, Leigh e Licoln além de sofrerem de uma inveja atroz pelo facto da escassez do seu espírito literário não lhes haver permitido romancear a história contada e torná-la apelativa ao público – veja-se esta brilhante citação do “gigante” Anthony Burgess (encontrada aqui) «It is typical of my unregenerable soul that I can only see this as a marvellous theme for a novel.» quando recenseou esta obra no jornal The Observer –, sofrem de uma cupidez desmedida pelos proventos de Brown, tentando usar, por direito, os meios judiciais para arrecadar mais uns tostões que não quiseram ou não souberam ganhar.
São uma corja de oportunistas e de parasitas que, ao contrário da sua pretensão mediante a petição entregue em tribunal, tentam usurpar, com toda a desfaçatez, a criatividade e a riqueza alheias.
Confesso que estou cheio deste mundo de Putanheiros!
PS – Para mais informações sobre este caso ver este artigo do New York Times.
Confesso que estou cheio deste mundo de Putanheiros!
PS – Para mais informações sobre este caso ver este artigo do New York Times.
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