domingo, 12 de fevereiro de 2006

Mega Kitsch!

Mega SoberbaPara ser sincero, já há muito tempo que não despendo os meus parcos recursos financeiros na compra da revista balsomónica Visão.
Como no nosso mundo, quer se queira ou não, o dinheiro é um recurso escasso, optei por ir lendo outros jornais e revistas que possuem uma qualidade superior para excitar as minhas ondas cerebrais, por recurso ao meu, felizmente, saudável nervo óptico.
Assim, para minha desgraça – fazendo fé neste
texto do BlogCafé – perdi mais uma Mega prosápia do António – da mesma magnitude que a soberba – Ferreira.
Então, segundo o
BlogCafé, AMF discorre na sua crónica – creio que quinzenal, alternando, ironicamente, com o Grande Mestre Lobo Antunes – sobre a sacrílega apropriação de Mozart pelas massas – que horror:

«De resto, a generalidade da imprensa dedicou generoso espaço ao Geburtstag do nosso compositor e todos, em uníssono, ameaçam fazer do “Ano Mozart” um cortejo infindável de edições, celebrações, eventos, citações e homenagens que correm o risco de provocar uma autêntica indigestão cultural. Numa palavra: Mozart pode transformar-se, também em Portugal, naquilo que já é em muitos países - um produto kitsh.»


Após a leitura destas doutas linhas de sapiente e legítima indignação, recordei-me de uma célebre frase de Banville – que ele reporta como um aforismo – no seu excepcional livro de 1997 “The Untouchable”, traduzido para a nossa língua por Helena e Artur Ramos sob o nome “O Intocável” e publicado em 1998 pela Dom Quixote:
«Aforismo: o Kitsch é para a Arte o que a Física é para a Matemática: a sua tecnologia.»
Já que actualmente muito se discute a “liberdade de expressão”, eu proponho que se extinga a livre escolha dos gostos artísticos, por exemplo punindo severa e exemplarmente os difusores da música de Mozart, ou então, que se parta para uma profunda reflexão, como Banville também refere no mesmo livro, sobre a «Teoria do Declínio da Arte Sob o Domínio dos Valores Burgueses».

Valha-nos… Mega!

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