terça-feira, 16 de maio de 2006

Expiação

Desenganem-se aqueles que julgam que vou expor aqui os meus considerandos sobre a obra-prima homónima de Ian McEwan – a par de «Amesterdão», na minha modesta certeza.
Pronto, feito o reparo, vamos ao móbil deste texto.
Escrever na blogosfera tem na realidade um lado pernicioso e na maioria das vezes não intencional.
Quantos de nós, daqueles que, tal como eu, neste preciso momento lêem este texto, não se arrependeram dos efeitos de alguns artigos que após publicação geraram um de dois tipos de sentimentos: (1) enxergar que o tom usado não foi o correcto, logo sujeito a deturpações e à criação de potenciais conflitos com os leitores que de forma alguma era o seu objectivo inicial; (2) a escrita voraz, meramente emocional, quando algum assunto nos toca em particular, não se podendo recuar quando a razão regressa e se verifica que já há muito havíamos carregado no botão “publish post”.
A única solução para este tipo de casos, à luz da minha verdadeira idiossincrasia – está-me no sangue e aqueles que comigo privam reconhecem-no –, é o pedido de desculpas ou o desfazimento do mal-entendido.
Hoje já pus em prática os dois tipos de solução expiatória e, curiosamente, com dois bloggers que muito estimo de nome Luís: o Luís Naves do
Corta-Fitas (solução primeira) a propósito disto e o Luís Carmelo do Miniscente (solução segunda) em razão deste meu texto.
Há quem afirme que a assumpção do erro ou do mal-entendido em público – principalmente neste pequeno mundo da blogosfera – nos torna vulneráveis ao ataque dos tubarões que buscam, de forma incessante, as nossas fraquezas, como a agitação das águas provocada por quem está na iminência de se afogar. Eu, porém, vejo no acto de pedir desculpas – quando não falaz ou manhoso – um nobre exercício de justiça, de reposição da verdade quando a nossa consciência não consegue repousar, porque houve algo que involuntariamente criámos que infligiu mal – qualquer que seja a gradação desse mal – em alguém que manifestamente não o merecia – se é que há mal que seja merecido!
Esta é a minha maneira de ser! E, por mais obsessivo que isto vos possa parecer, não consigo fazer descansar a minha cabeça quando sei que uma injustiça foi cometida, cujo responsável é o dono da alma que habita o meu corpo.

2 comentários:

Anónimo disse...

A tradição protestante, ou calvinista (a propósito da Holanda), sempre suaviza esses rumores de autenticidade que prefiguram a culpa. Pelo meu lado, soiceramente, não senti ter sido alvo de nada que o justifique!
Abraço amigo, LUís Carmelo.

Anónimo disse...

Pelo meu lado, sinceramente, não senti ter sido alvo fosse do que fosse que o justificasse!
Abraço amigo, Luís Carmelo.