quarta-feira, 31 de maio de 2006

Fiat Lux #4: A Música do Acaso

Intróito
Este romance foi adaptado ao cinema por Philip Haas no filme homónimo de 1993, com interpretações de James Spader, Mandy Patinkin, Charles Durning e Joel Grey.
Quando uma vez fiz aqui neste blogue um mero exercício classificativo dos romances de Auster, atendendo a critérios de puro gozo pessoal nas suas leitura e rememoração, coloquei A trilogia de Nova Iorque em 1.º lugar. Todavia uma dúvida apoderou-se de mim: A Música do Acaso mereceria, por certo, essa classificação para ser honesto comigo próprio; no entanto como havia estipulado o não ex-aequo, deixei o mais aplaudido para o lugar cimeiro. Critérios!

«Durante um ano inteiro não fez outra coisa senão conduzir, viajando sem destino pela América enquanto esperava que o dinheiro acabasse. Nunca lhe ocorrera que aquela história lhe pudesse prolongar-se por tanto tempo, mas uma coisa levava constantemente a outra e, quando compreendeu o que lhe estava a acontecer, Nashe já tinha passado o ponto em que queria que aquilo acabasse. Ao terceiro dia do décimo terceiro mês, conheceu o rapaz que dava pela alcunha de Jackpot. Foi um acaso, um daqueles encontros fortuitos que parecem materializar-se a partir do nada – um galho que se quebra com o vento e que, de súbito, aterra aos nossos pés. Se tivesse acontecido noutro momento qualquer, é duvidoso que Nashe tivesse sequer aberto a boca. Mas como já tinha desistido, como julgava que já não tinha nada a perder, viu aquele desconhecido como um adiamento da pena, como uma última hipótese de fazer qualquer coisa por si mesmo antes que fosse demasiado tarde. E, sem mais nem menos, foi em frente e fez o que fez. Sem o menor arrepio de medo, Nashe fechou os olhos e saltou.»
Paul Auster, em A Música do Acaso, Asa, 1.ª edição, Abril de 2005, pág. 5
[Traduzido por José Vieira de Lima] (The Music of Chance, 1990)

2 comentários:

Anónimo disse...

Coincidência menor, sobretudo se a compararmos às relatadas por Auster, é o facto de também eu hesitar entre "Música do Acaso" e "Trilogia de Nova Iorque", tendo sido durante muito tempo também o meu preferido "Leviathan", por ter sido o primeiro que li dele. A sério. Ah, e Don de Lillo é também um escritor fantástico. Como Auster,no meu top 5.

Anónimo disse...

Sérgio,
Parece que, pelos vistos, passámos no teste Auster!