quarta-feira, 31 de maio de 2006

Em memória dele próprio…

Auster

«Em memória de mim mesmo

Tão-somente ter cessado.

Como se eu pudesse começar
onde cessou a minha voz, eu mesmo
o som de uma palavra

que não consigo articular.

Tanto silêncio
para trazer à vida
nesta carne apreensiva, o ribombar
do tambor das palavras
na interioridade, tantas palavras

perdidas na amplitude do meu mundo
interior, e assim ter sabido
que apesar de mim

eu estou aqui

Como se fosse isto o mundo.»

Paul Auster, in Poemas Escolhidos, Quasi, 1.ª Edição, Novembro de 2002, pág. 116
[Tradução de Rui Lage] (Selected Poems, 1998)

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