Eis uma boa notícia para o fastidioso panorama televisivo nacional – Got thirteen channels of shit on the TV to choose from… já cantava Waters em Nobody Home e ainda só dispunha de 13!
A adaptação para televisão do romance «A Linha da Beleza» (The Line of Beauty, 2004) – vencedor do Booker Prize de 2004 – de Allan Hollinghurst estreará para a semana na 2:, segundo afima o Eduardo Pitta e aqui confirmado – 1.º episódio, próxima quarta-feira, 31 de Maio, às 22:30. Trata-se de uma minissérie em 3 episódios produzida pela BBC, com argumento a cargo de Andrew Davies – reputado argumentista, escreveu os argumentos adaptados dos dois Diários de Bridget Jones de Helen Fielding e do romance de John Le Carré O Alfaiate do Panamá, preparando-se para adaptar ao cinema o romance Reviver o Passado em Brideshead, do escritor britânico Evelyn Waugh.
No início dos anos 80, Nick Guest, de origens modestas que remontam à pequena cidade de Barwick, é estudante de inglês em Oxford obtendo no final do curso a classificação máxima. Durante a sua temporada em Oxford conhece Toby Fedden, membro da alta sociedade londrina, filho do recentemente eleito deputado do Partido Conservador Gerald Fedden e residente numa faustosa mansão em Notting Hill, situada num luxuoso condomínio de Kensington Park Gardens.
Nick, após terminar o curso, ingressa no elitista University College London para a frequência de uma pós-graduação em Inglês, propondo-se realizar um estudo sobre o estilo de Joseph Conrad, George Meredith e do seu dilecto Henry James – este último sempre presente ao longo do romance.
Desta maneira, Nick ficará hospedado, a convite de Toby – que se irá transformar em objecto do amor platónico de Nick, quando este resolve “sair do armário” no final do curso –, na colossal casa dos Fedden, encetando uma viagem alucinante ao mundo da homossexualidade e da SIDA, e às frivolidade, devassidão e podridão da alta sociedade londrina e da classe política britânica, onde mesmo Mrs. M. (Margaret T.) surge na trama.
A Linha da Beleza, de Allan Hollinghurst, é um dos melhores romances que li ainda na minha relativamente curta existência e foi, seguramente, a par de «Nunca Me Deixes» de Kazuo Ishiguro, o melhor romance editado em Portugal no ano passado.
Nota para os mais sensíveis: prevê-se que a minissérie contenha cenas que eventualmente poderão chocar, de forma arrebatadora e definitiva, donas de casa desesperadas ou abeatadas, pais zelosos, crianças sugestionáveis e homofóbicos empedernidos, ou quiçá – lembrei-me agora de Beleza Americana, de Sam Mendes – fazer com que alguns desses últimos ultrapassem o preconceito saindo, assim, definitivamente do armário.
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