quarta-feira, 24 de maio de 2006

Who is Tyler Durden?

Fincher's Zodiac
Há uns anos atrás um tal trio Fincher, Norton e Pitt levou-me ao AMC – não, não ao fundo de mim, a uma imaginada viagem interior ao museu vivo dos meus impulsos constrangidos – ao Arrábida.
Ecrã negro, um intrincado fluxo de sinapses, nervos e neurónios, música psicadélica – Dust, Dust Brothers, é isso! – as estrias de um cano de uma arma cravada na boca e…
«People are always asking me if I know Tyler Durden.»
Duas horas e tal de magia, genialidade, ansiedade, de imagens subliminares que retratam a fragilidade de uma vida sã, cansativa, e de um artificial e entediante desempenho que não frustre as expectativas daqueles que nos rodeiam; somos corajosos e inconscientes equilibristas que aprendem a andar no fio da navalha e não sentem a vertigem da fatalidade iminente, o outro lado, o interior agrilhoado pela nossa auto-estima, que muitas vezes se transfigura numa auto-estimulante megalomania - oh, que carrilho!

STOP!
With your feet in the air and your head on the ground
Try this trick and spin it, yeah
Your head will collapse
But there's nothing in it
And you'll ask yourself

Where is my mind?
(Francis, Deal, Santiago & Lovering)

Apetecia-me ficar para a sessão da meia-noite para comprovar se aquilo que entendi era na realidade a mensagem subjacente. Não fiquei, porém rememorei aquela viagem alucinante de duas horas e tal. A fábula dos tempos modernos!
Era Fincher, esse ilusionista, guiado por Palahniuk e Uhls. Mais assustador que Se7en (33), mais torturante que O Jogo (35), era a obra-prima da ainda curta carreira de um tipo de 37 anos – Clube de Combate (37)!
Depois da claustrofóbica Sala de Pânico (40) – a pior entre as grandes obras de arte, exceptuando Alien 3 (30) – e antes de Mr. Francis Scott Fitzgerald com Pitt e Blanchett, vem aí para o final do ano Zodiac (44), que relata a história dos brutais assassínios ocorridos em São Francisco nos anos 70 perpetrados pelo desconhecido Assassino do Zodíaco.
Robert Downey Jr., Jake Gyllenhaal, Brian Cox, Anthony Edwards, Mark Ruffalo e –
à atenção do Ricardo – a impudica Chloë Sevigny – espero que sem atavios, pingentes e broches, não está Vincent Gallo.

David Fincher, nome maior da indústria dos sonhos de Hollywood. Pode haver quem dele não goste, ou que lhe seja indiferente ou até que o repudie por algum critério intelectualóide que se me escapa de momento. Contudo já não há alguém, por mais destro que seja, por mais tecnologia que disponha, que faça um traveling como ele faz, que brinque com a câmara, que construa os planos e jogue com os actores daquela maneira tão inata, tão pessoal, que conduz o meu imaginário ao alto da montanha mágica da sétima arte – o Mestre, esse já morreu, A. F.

Tyler Durden is… Fincher, David Fincher!

4 comentários:

Anónimo disse...

David Fincher é um dos meus realizadores contemporâneos preferidos. E atenção: «Alien³» é um grande filme. Mas até agora, o melhor de todos, para mim, foi «Se7en». De geração próxima, 8 anos mais novo, Paul Thomas Anderson é o maior. E seis anos mais novo que Fincher, temos o maluco do Danny Boyle. E 10 anos mais novo que Boyle, temos o genial Mike Leigh. E por aí fora. :) Refiro os quatro porque os conheci praticamente na mesma altura. Só por isso.

Anónimo disse...

O P.T. é um dos meus preferidos: Magnólia, já o vi, sem exagero, por 11 ou 12 vezes, sem me cansar, aperfeiçoando a minha devoção a cada exibição. Contudo, Boogie Nights deixa muito a desejar e Embriagado de Amor é bom, sem ser uma ode à perfeição, e tem Adam Sandler que, para já, ainda tem muito que se lhe diga em filmes do género.
Danny Boyle (6 anos + velho que Fincher), gostei muito de Trainspotting e achei bom Shallow Grave, contudo, para ser sincero, achei A praia uma obra menor.
De Mike Leigh, já um veterano (n. 1943), acho que não vi nada. Tenho a impressão que comecei a ver, no entanto não acabei, Topsy-Turvy... que sacrilégio! :)
Um abraço

Anónimo disse...

Naked
de Mike Leigh
é obrigatório
absolutamente
obrigatório

Anónimo disse...

Lá terei que o ver.
Abraço