terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Enron - Take 2

ENRONDepois de escolhidos os 12 jurados de um conjunto de 100 cidadãos americanos, o julgamento do caso Enron prossegue, em Houston no Texas, com as alegações iniciais do Ministério Público e da defesa dos dois antigos CEO da empresa fornecedora de gás e electricidade americana.
Prevê-se que o julgamento dure cerca de quatro meses, porém a lavagem de roupa suja ainda nem sequer começou.
As estratégias das partes oponentes são evidentes. Por um lado o MP tentará provar as acusações de conspiração, fraude e uso indevido de informação privilegiada – esta última recorrentemente utilizada em português sob a designação inglesa de insider trading –, negando a circunscrição do problema a uma questão meramente contabilística. Aliás, como se pode ler no artigo de hoje do NYT, o procurador John Hueston afirma que «O caso é simples. Não se trata de uma questão contabilística, porém é uma questão de mentiras e de opções» [tradução livre], ou seja, esta frase resume o essencial da criminalidade de colarinho branco ao apontar a conduta dos dirigentes como o fulcro do ilícito criminal e não uma entidade mitológica e abstracta, com vida própria e perfeitamente autónoma da vontade dos homens, denominada por Contabilidade.
A corrupção e a criminalidade económica e/ou financeira resulta sempre de um acto voluntário de pura gestão, que exige um esforço concertado e objectivos metodicamente definidos, e não de um condicionalismo da conjuntura que dá vida a um amontoado de registos digráficos de débitos e créditos. A contabilidade é apenas o meio mais eficaz para a ocultação e a dissimulação.
No caso da Enron este tipo de intoxicação pela arma contabilística uma vez mais vai ser utilizado. Um dos advogados, que compõe o batalhão que cerra fileiras pela defesa dos dois executivos, afirmou que «a empresa estava infestada de contabilistas e advogados, logo trata-se de um caso de contabilidade» [tradução livre]. Percebe-se a táctica de diluição ou de disseminação da culpa pelos inferiores hierárquicos que compunham a tal entidade hermética, de conhecimentos esotéricos, carregada de um misticismo perfeitamente inacessível aos administradores.
Por seu turno, a acusação afirma que Jeffrey K. Skilling e Kenneth L. Lay arrecadaram cerca de 220 milhões de dólares e de 150 milhões de dólares, respectivamente, em planos de compensação da empresa entre 1999 e 2001. A preços de hoje equivaleria a dois Jackpot no montante do 1.º prémio do Euromilhões desta semana em apenas dois anos.

(to be continued)

PS – Atente-se no pormenor estratégico da defesa de Skilling referido pelo jornalista no último parágrafo do artigo. É de ir às lágrimas!

And the winner is…

Oscar®Já sei que não é politicamente correcto usar essa maldita expressão quando se anuncia o vencedor de um Óscar® na noite mais aguardada do ano das lides cinematográficas – diga-se o que se disser é a noite mais importante do ano para o cinema!
O galardoado vence, tal como os gatos miam e as ovelhas – mesmo que negras ou tresmalhadas – balem.
Irrita-me a política do coitadinho derrotado, ou, eufemisticamente, o primeiro dos últimos. Se todos ganhassem, qual a razão de ser da atribuição de prémios?
Até os medíocres – tal como as putas – ganham! Normalmente, até são esses mesmos que triunfam porque alguém quer o seu triunfo, na maioria da vezes para ofuscar os alegadamente iluminados e obrigá-los a regerem-se pela bitola dessa imensa maioria.
De regresso aos Óscares da Academia, recordo aqui um célebre diálogo entre Kirk e Michael Douglas – pai e filho – numa noite de entrega do galardão para o melhor filme de 2002, na 75.ª sessão anual de entrega dos Óscares:
Kirk abre o envelope e diz: «...And the winner is...».
Michael interrompe o pai em tom de advertência: «You're supposed to say, the Oscar goes to...».
Kirk repreende o filho com um severo olhar de pai autoritário e diz suspirando: «And the winner is...».
Bem, aqui ficam as nomeações para 78.ª sessão de entrega dos Óscares para “Melhor…”:

Filme
Brokeback Mountain
Capote
Crash
Good Night, and Good Luck.
Munich

Realizador
Ang Lee - Brokeback Mountain
Bennett Miller - Capote
Paul Haggis - Crash
George Clooney - Good Night, and Good Luck
Steven Spielberg - Munich

Actriz
Judi Dench - Mrs. Henderson Presents
Felicity Huffman - Transamerica
Keira Knightley - Pride & Prejudice
Charlize Theron - North Country
Reese Witherspoon - Walk The Line


Actor
Philip Seymour Hoffman - Capote
Terrence Howard - Hustle & Flow
Heath Ledger - Brokeback Mountain
Joaquin Phoenix - Walk the Line
David Strathairn - Good Night, and Good Luck

Actor Secundário
George Clooney - Syriana
Matt Dillon - Crash
Paul Giamatti - Cinderella Man
Jake Gyllenhaal - Brokeback Mountain
William Hurt - A History of Violence

Actriz Secundária
Amy Adams - Junebug
Catherine Keener - Capote
Frances Mcdormand - North Country
Rachel Weisz - The Constant Gardener
Michelle Williams - Brokeback Mountain

Argumento Adaptado
Larry McMurtry & Diana Ossana - Brokeback Mountain
Dan Futterman - Capote
Jeffrey Caine - The Constant Gardener
Josh Olson - A History of Violence
Tony Kushner & Eric Roth - Munich

Argumento Original
Paul Haggis & Bobby Moresco - Crash
George Clooney & Grant Heslov - Good Night, and Good Luck.
Woody Allen - Match Point
Noah Baumbach - The Squid and The Whale
Stephen Gaghan - Syriana

A sessão realiza-se no dia 5 de Março às 17 horas locais, 1 da manhã do dia 6 em Portugal

segunda-feira, 30 de janeiro de 2006

R.E.P.: Nova entrada – II

Segunda actualização da secção deste blogue dedicada ao “Ritmo Editorial Português”.
Desta feita inclui-se o livro “Kafka on the Shore” do conceituado escritor japonês Haruki Murakami que, entre nós, conta com dois títulos publicados em 2004 “Norwegian Wood” pela Livraria Civilização Editora e em 2005 “Sputnik Meu Amor” pela Editorial Notícias.
Eleito pelo The New York Times como um dos cinco melhores livros de ficção editados nos Estados Unidos em 2005* – ver recensão aqui.

Nota: *original em japonês editado em 2002.

ÚLTIMA HORA!

Via este texto de Eduardo Pitta fiquei a saber que:

VASCO PULIDO VALENTE entrará na blogosfera!

Colaborará com Constança Cunha e Sá no blogue
O Espectro (conforme se pode ler neste texto).

A blogosfera aquece e agradece!

domingo, 29 de janeiro de 2006

Enquanto se debate a recensão e a endogamia…

Mercado Ferreira Borges…no Mercado Ferreira Borges iniciou-se mais um Mercado do Livro, com livros a preços de saldo.
Hoje, lá deixei uma pequena fortuna, que só não foi maior porque a partir das 15:30 o pavilhão já estava à cunha. Abençoada multidão!

Nota: para os interessados, o Mercado do Livro estará aberto todos os dias das 13 às 23 horas até ao próximo dia 12 de Fevereiro.

sábado, 28 de janeiro de 2006

Turbilhão blogosférico

Livro AbertoFindas as eleições presidenciais, a blogosfera voltou-se para os temas candentes do dia-a-dia e para algumas discussões etéreas que ficaram em suspenso durante o período de nojo eleitoral.
De um lado regressa a discussão eu-sou-mais-liberal-que-tu-e-o-meu-pai-também ou eu-li-mais-2579-páginas-de-Friedrich-von-Hayek-do-que-tu – ver debates e polémicas aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Noutro lado eclodiu a batalha da crítica literária, o papel dos meios de comunicação social, a endogamia na arte da recensão, o protagonismo mediático e o snobismo ou podes-ler-mais-livros-mas-eu-leio-os-melhores – ver este artigo de Eduardo Pitta, com referência aos restantes de Pedro Mexia, Pacheco Pereira e João Pedro George.
Quanto ao primeiro tumulto, confesso que já estou cansado, o que me leva a mexer rapidamente, quase por instinto – o cansaço leva-me por vezes a estas aparentes contradições –, a barra de deslocação do browser para que este me apresente outro texto.
Quanto à polémica da crítica literária – que acredito está apenas em fase de incubação – parece-me que algo pode ser acrescentado. Serão mais achas para a fogueira? Não, creio que não, dada a reduzida dimensão da plateia deste blogue, que, prevejo eu, jamais chegará à centena de visitas diárias.
Na crítica literária, tal como nas mais diversas áreas – acreditem –, Portugal sofre da síndrome “coça-me agora as costas para depois eu te coçar as tuas”.
No referido programa Livro Aberto da semana passada – tal como refere o leitor do Abrupto – julguei que se iria discutir a escolha literária dos espectadores do programa e/ou leitores do blogue nas quatro classificações predeterminadas – para que não restem dúvidas ver neste sítio o meu curtíssimo comentário.
No meu caso leio por puro e simples entretenimento e não por deveres profissionais ou para-profissionais. De todo o modo, sigo as recensões que se publicam – sob que meio for – em jornais, revistas, na rádio, na televisão ou na Internet, como um guia para um melhor preenchimento do tempo despendido com o meu passatempo preferido. Porém, não as sigo com uma fidelidade canina porque – e a vida já mo ensinou numa dureza inimaginável – todos nós temos os nossos interesses nas escolhas que fazemos, mesmo que procuremos cumprir, obstinadamente, o dever de isenção.
Tal como milhões de leitores anónimos, as nossas escolhas são passíveis de discussão e de análise crítica, porém não se poderão constituir como arma de arremesso na prossecução de objectivos mais ou menos obscuros.
Tal como centenas de pessoas que seguem atentamente o programa ou o blogue Livro Aberto, postei humildemente as minhas escolhas literárias para 2005 e, podem ter a certeza disso, gostaríamos que elas tivessem sido discutidas no global – as minhas centraram-se no domínio da ficção e podem ser vistas aqui.
Muitas vezes discorro em voz baixa «ainda bem que sou apenas um humilde leitor que somente torna públicas as suas preferências, sem que isso sirva de motivo para ser literariamente desancado!»

Os motivos são evidentes, e posso aqui citar dois deles:

  1. Dentro do grupo dos 9 livros por mim escolhidos há um que despertaria as mais acesas discussões e críticas escarninhas se eu fosse uma figura pública – intermezzo lembrei-me agora de Quinn «If I were a rich man!». Falo, é claro, da minha escolha do livro editado pela Teorema em 2005 de Douglas Coupland chamado “Eleanor Rigby”. Se seguisse caninamente a crítica, chamaria Savonarola para o arremessar, com vaidade, à sua fogueira. Confesso que Coupland não é um autor da minha predilecção. Não gosto da sua forma de escrita coloquial, vista como um ícone da Geração X – que ele inventou. Nesse campo prefiro de longe as obras de Brett Easton Ellis e a sua escrita dissimuladamente verrinosa, e não tão ostensiva como a de Coupland. Porém, Eleanor Rigby apanhou-me num momento de pura fragilidade e desencadeou em mim um conjunto de emoções que necessitavam de ser expelidas, como num processo catártico. É esta interacção que sublima o meu interesse literário.
  2. A minha secção neste blogue dedicado ao “Ritmo Editorial Português”. Nesta secção faço a contagem dos dias decorridos desde a data de publicação no idioma original de alguns livros que gostaria de ler, mas que não se encontram ainda editados e traduzidos na língua de Camões. Ora, uma vez mais, seria um alvo bastante fácil caso fosse na realidade uma figura pública. Haveria sempre alguém que me diria «Lê-o em inglês! Ele até está na Fnac ou acessível para compra na Internet!», «Pois, o inglês ou o francês passam-te ao lado!», «Foda-se, o gajo não sabe ler em inglês!». Por acaso até tenho um domínio mais do que o razoável das línguas inglesa e castelhana, e até consigo ler perfeitamente em francês – que remédio! Mas para quem gasta quase 100% do seu tempo profissional a ler em inglês, francês e castelhano e a escrever em castelhano ou inglês, divertir-se nestas línguas seria o mesmo que chamar a minha mulher e dizer-lhe «Come on, honey! I’m so horny today! Do you wanna get laid?» ou «¡Cómo me gustas cariño! ¡Fóllame!», and so on – lá está!

Bem, o que na realidade quero é que a blogosfera se anime e, como se costuma dizer, mais vale um boa contenda do que um falso consenso!

Despeço-me com o fazia EPC, dizendo: «Bons livros!»

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

O bom aluno!

De leitura obrigatória:

O texto de Filipe Nunes Vicente no Mar Salgado sob o título de «O Regresso do Aluno Aplicado».

Tocante e impagável!

ANIVERSÁRIO!

Em 27 de Janeiro de 1756



nasceu WOLFGANG AMADEUS MOZART

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

O enjoo da Nação

Fecho o livro. Sento-me no sofá. Ligo a televisão previamente sintonizada na RTP1. Um fundo verde nauseante e congelado leva-me, por impulso, a fechar os olhos, quando ouço «estamos no ar? Ou não?». Não, porra! Estás verde como uma alface!
Nisto começa uma musiquita que me acentua os movimentos peristálticos e ouço de JRS «Boa noite! Bem-vindos a mais uma edição do Debate da Nação».
«António José Seguro, Dias Loureiro, António Filipe, Pires de Lima e Fernando Rosas».
Que enjoo, discute-se o resultado das eleições presidenciais!
Os políticos presentes, em especial os da dita esquerda, discutem a votação em Cavaco Silva: «tangencial», «derrota da esquerda provocada pelo PS», «erro estratégico», «o candidato da direita não transmitiu uma única ideia», «o país perdeu»… Ora, vão todos para a PQP!
Levanto-me. Pego no livro e desloco-me à varanda. Acendo o meu Camel Filters* ainda a 2,45 euros. Abro o livro, retiro o marcador, capítulo 11... e começo a ler, tentando disfarçar a náusea «De repente, a caminho do átrio, veio-me outra vez ao pensamento a amiga Jane Gallagher. E é que não a tirava da ideia. Sentei-me na cadeira com ar de vomitado no átrio e pus-me a pensar nela e no Stradlater sentados na merda do carro de Ed Banky, e, embora tivesse quase a certeza de que o amigo Stradlater não a tinha comido (…)».
Acabado o cigarro, fecho o livro e dirijo-me ao computador – sem passar pela televisão ainda ligada – para escrever esta merda…
É que no trajecto tinha-me lembrado de algo brilhante:
Por que é que a porra do bando dos políticos ainda não inventou um campo especial nos boletins de voto com a designação “Observações”?
Deste modo, poupar-nos-iam a estas discussões indutoras da insidiosa regurgitação, com perdas de água e sais minerais. Por exemplo, eu votei em Cavaco e, então, logo escreveria nesse campo «Daaa! 'Tá-se mesmo a ver! É o candidato mais capaz para assumir a função!»; o que V. Exas. até puderam verificar pelos meus textos neste blogue.
Era muito mais sério e, em simultâneo, divertia os sapientes escrutinadores!
Mais exemplos:
«Votei em Cavaco porque adoro bolo-rei»;
«Votei em Cavaco porque, no meio daquela merda, era o que cheirava menos mal»;
«Votei em Cavaco porque quero arreliar o Soares, que por sua vez arrelia o Sócrates, que por seu turno malha no Alegre através da imoderada Ana Gomes – que suave que fui! –, que depois se arrepende de ter saído do MRPP, e quem irá ganhar no futuro será o Garcia Pereira».
E por aí fora…

Ai, que tontura que se me deu!

Nota:
* No estrito cumprimento da lei, o Engenheiro solicitou-me a colocação deste aviso «FUMAR... ajuda a equilibrar o Orçamento de Estado! Fume pelos seus filhos!»

O pai dos crimes de colarinho branco


A não perder na próxima semana:
ENRON


O início do mega julgamento sobre a gigantesca fraude ocorrida na empresa de gás e electricidade norte-americana Enron. Este caso é já designado, tanto pela opinião pública e, mais em concreto, nos meios empresariais, sob título de “pai dos crimes de colarinho branco”, ou até "avô".

«Most people in the white-collar world would agree that Enron is the granddaddy
of all frauds in the last two decades
».
Kurt Eichenwald, “Big Test Looms for Prosecutors at Enron Trial”, NYT

Os principais arguidos são Jeffrey Skilling – foi presidente do conselho de administração, COO e CEO – e Kenneth Lay – foi CEO e considerado como a principal figura e o grande obreiro da empresa e do escândalo.
Como sempre, neste tipo de crimes, assistiremos a um verdadeiro combate entre David e Golias, de um lado o Ministério Público – a acusação – e do outro – a defesa – um batalhão de advogados que representa os escritórios de topo da advocacia norte-americana.
O artigo de hoje do NYT dá conta disso mesmo.

Para o nosso país são vários os avisos, tanto numa dimensão estrita referente à condução da política de justiça – tão em voga ultimamente –, como numa dimensão ampla dadas as consequências gravosas da fraude nos domínios social, económico e financeiro, principalmente no necessário sentido de ponderação e na focalização para eficácia na implementação e no funcionamento das futuras soluções que garantam a sustentabilidade da Segurança Social.

Caso para acompanhar nos próximos meses.

Adeus Cavaco

A ler o excepcional artigo de opinião de Francisco José Viegas publicado na edição de hoje do Jornal de Notícias.

«Cavaco Silva tem pela frente uma tarefa rigorosamente inédita ele é o primeiro presidente eleito que não responde pela herança do PREC ou pela tradição do antifascismo. Trinta anos depois do 25 de Abril, este momento traduz a inauguração de um novo ciclo na vida portuguesa.»
FJV, "Adeus Cavaco", in JN de 26/01/2006.

Destaco, uma vez mais, a abençoada materialização de uma lufada de ar fresco na análise política em Portugal, elaborada, claro está, por um filho de Abril – aliás como todos nós – sem quaisquer veleidades a digno proprietário dos valores, que são universais, emanados pela revolução.

Bravo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Encerrado até 2011

E finalmente terminou!

CandidatosPinhãoPassosEstrangeiro
Cavaco Silva54,1%65,7%64,5%
Manuel Alegre20,9%3,7%12,9%
Mário Soares16,3%29,2%14,7%
Jerónimo de Sousa5,6%0,7%4,6%
Francisco Louçã3,1%0,7%2,6%
Garcia Pereira0%0%0,6%

Apesar das fortes expectativas criadas, não se verificou a esperançosa reviravolta dos resultados…

No entanto, nem tudo foi perdido: O distrito de Beja – com a honrosa excepção dos concelhos de Almodôvar, Alvito, Barrancos, Odemira e Ourique – e o concelho de Campo Maior – distrito de Portalegre – estão definitivamente em tumulto, os seus habitantes protestam a favor da inevitável autodeterminação.

O erotismo literário revisitado

«Wenn ist das Nunstuck git und Slotermeyer? Ja!... Beiherhund das Oder die Flipperwaldt gersput»

«Pronto, foi desta que endoideceu de vez!», poderão estar V. Exas. a pensar! Mas…
Quem não se lembra da piada assassina utilizada, de forma abominável, pelos soldados ingleses, sedentos de sangue, em pleno campo de batalha contra os alemães durante a II Guerra Mundial?

Acho perfeitamente inacreditável que o Conselho de Segurança da ONU ainda não se tenha debruçado sobre o potencial destrutivo desta arma de extermínio. Porém, o facto mais chocante foi que a própria organização de defesa da classe dos tradutores tenha assistido numa total e desesperante imperturbabilidade à cruel chacina de um famoso tradutor que, após haver traduzido da língua inglesa para a alemã três palavras consecutivas da anedota, morreu num riso atroz.
Por favor não pensem que se trata de um logro e de uma manobra de diversão pelo aparecimento de um malfadado fax na Internet, alegadamente – livra, ainda bem que me lembrei de postar este essencial advérbio de modo! – remetido pela Presidência do Conselho de Ministros. A fonte é segura e normalmente bem informada (MP).
E toda esta verborreia para quê?
Bem, a explicação tem que ver com o último texto publicado por João Pedro George no seu blogue Esplanar, o qual me levou a um estado de arrebatamento tal que senti o paroxismo de uma erecção, de tal forma aprumada que se assemelhou a um totem a desenvolver-se-me nas calças – a propósito, ver este texto no blogue A Memória Inventada Força de Bloqueio, que surgiu como reacção a este de Pedro Mexia, amplamente difundido na blogosfera, com o devido destaque aqui neste blogue.
Fica o aviso: o artigo de JPG é susceptível de provocar inesperadas erecções aprumadas como um totem, com consequências imprevisíveis, contudo nefastas!

PS – Por que motivo surgiu aquela fotografia a decorar este texto? (leia-se: foda-se lá para os arroubos da psique!)

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Pulo do Lobo

O blogue que deu o título a este texto está de partida após o cumprimento da árdua e nobre tarefa de transmitir os valores e a mensagem da candidatura de Cavaco Silva a Chefe de Estado português.
Aqui e agora muitas palavras elogiosas poderiam ser ditas usando uma parafernália de adjectivos, porém seria manifestamente injusto não referir a elevação, o rigor e o espírito de abnegação postados à causa por uma imensa equipa.
E, note-se, possuía uma caixa de comentários, apondo, assim, um Superlativo espírito democrático à Causa – muito Nossa –, a qual poderia ser debatida tanto por um aristocrata como por um humilde Carpinteiro – a profissão de NSJC.
Saudações calorosas e democráticas a toda a equipa que compôs o Pulo do Lobo.


Até 2011!

Crónicas de um país em amena letargia

Actualmente, neste país revelou-se como desnecessário – e em abono da verdade até extemporâneo – continuar a pedir ao vento que passa notícias sobre a esperada revolução no grau de informalidade – adoro este eufemismo porteriano! – nas vertentes política, económica e social. Ora, decorridos 30 anos, o vento subsiste na omissão e no obscurecimento da desgraça e continua a nada nos dizer!
Hoje, ao abrir o Diário Económico na secção “Universidades” fiquei completamente estarrecido quando li que «Negócios imobiliários são saída para crise das privadas».
Ora, eu representando o papel do Zé – “Zé” significa cidadão comum desde que Durão Barroso subiu ao poder – disse para os meus botões:

  1. «Universidades, bancos e imobiliárias!?» – fase exclamativo-interrogativa.
  2. «Não, não pode ser!» – fase da negação.
  3. «Oh! Atoardas! Então se fosse verdade o Ministério da Ciência e do Ensino Superior não interviria?» – fase da solidificação da negação em plena transição para a fase da estupidificação.
  4. «E isso da Polícia Judiciária e do Ministério Público só pode ser mentira!» – fase da plena assumpção, embora inconsciente, da categoria de crente, idiota e medíocre.
  5. «Ou a ser verdade é uma calúnia, que facilmente se extravasará para o campo da cabala!» – fase da auto-toupeirização, normalmente seguida das fases de características bíblicas (a) da traição de Judas Iscariotes, (b) da crucificação da verdade e (c) da falácia dubitativa de S. Tomé.
  6. «E se for? Bem, desde que não me afecte… Talvez até possa daí tirar alguns proventos! Quem sabe?» – fase de transmutação plena em "réptil do regime", que, facilmente, se poderá estender à da metamorfose em insecto – portanto, em anódino invertebrado.
Sem mais comentários!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

A ler...

O texto de Eduardo Pitta no seu blogue Da Literatura.
Para não utilizar um famoso galicismo: tiro certeiro no alvo!
E...
Pedro Mexia com o seu texto «Alegre» no seu blogue Estado Civil.

Rigor na terminologia

Por favor, que não se confunda "pontos percentuais" com "percentagem"!
Cavaco obteve sensivelmente mais 30 pontos percentuais em relação ao segundo candidato mais votado – Manuel Alegre. Todavia, a sua votação foi cerca de 2,5 vezes superior à de Alegre, ou seja, foi superior em cerca de 150%.

Umas décimas!?

Tal como havia previsto aqui, Cavaco Silva teve a votação esperada – enganei-me, apenas, por 2 décimas.
Trata-se do primeiro Presidente da República eleito pelo espectro político do Centro e da Direita desde o 25 de Abril de 1974.
A vitória foi a todos os títulos esmagadora, obtendo uma percentagem de votos de 50,6% e um número total de votos de 2.745.491 – note-se que ainda falta o escrutínio dos residentes no estrangeiro e de 2 freguesias pouco representativas em termos nacionais.
As diferenças do número total de votos para os outros candidatos cifraram-se em:

  • Para Manuel Alegre - 1.620.829 votos, ou seja, 32 lotações esgotadas no Estádio do Dragão, que daria para 1,9 épocas da Superliga de estádio cheio;
  • Para Mário Soares - 1.967.102 votos, ou seja, 39 lotações esgotadas no Estádio do Dragão, que daria para 2,3 épocas da Superliga de estádio cheio;
  • Para Jerónimo de Sousa - 2.279.063 votos, ou seja, 45 lotações esgotadas no Estádio do Dragão, que daria para 2,6 épocas da Superliga de estádio cheio;
  • Para Francisco Louçã - 2.457.267 votos, ou seja, 48 lotações esgotadas no Estádio do Dragão, que daria para 2,8 épocas da Superliga de estádio cheio;
  • Para Garcia Pereira - 2.721.841 votos, ou seja, 53 lotações esgotadas no Estádio do Dragão, que daria para 3,1 épocas da Superliga de estádio cheio.

Nota: cálculos efectuados tendo em conta que o Estádio do Dragão tem uma lotação máxima de 51.000 lugares e que se disputam 17 jogos em casa para a Superliga por época, apesar de no próximo ano se disputarem apenas 15 jogos em casa.

A diferença dos votos em Cavaco para o somatório dos votos de todos os outros candidatos é de 64.138, o que daria para 1 jogo de lotação esgotada no Estádio do Dragão e mais um jogo com 13.138 espectadores – o que não é mau para a média de assistentes aos jogos da Superliga portuguesa.
Logo, a questão não foi de décimas, sejamos sinceros e honestos! Por 6 décimas Cavaco não seria eleito à 1.ª volta, porém há alguém de bom senso que garanta que não seria eleito à 2.ª com uma margem ainda mais substancial? Só recorrendo à Maya, à Candeias ou então à “Pomba Gira” Linda Reis.
Será que uma diferença de 1.620.829 votos para o 2.º candidato mais votado (29,9 pontos percentuais dos votos validamente expressos) não é um resultado esmagador?

Só a título informativo, Cavaco, ontem, obteve mais 172.085 votos que Sócrates nas legislativas de 2005…


Nota: Os dados sobre o número e a percentagem de votos foram retirados do STAPE.

Esmagador!

domingo, 22 de janeiro de 2006

Poupem-no(me)!

O Núcleo Duro do MASP (ou MP3 ou venham mais 5 ou bichos de profissão messiânica ou os Super) converge num discurso da apologia do velhinho-que-deu-uma-lição-de-vitalidade-ao-país!
Então o objectivo na era a vitória?
Levar o “ele” – economista razoável, “abaixo de Cadilhe” – à 2.ª volta?
Salvar o país da instabilidade e de um eventual golpe de estado a partir de Belém?
Será que se resignam com uma votação inferior em cerca de 6% relativamente a Alegre?

Enquanto vamos ouvindo isto vou seguindo com atenção os blasfemos, insurgentes e acidentais!

Feudalismo vs. MIT – II

Leitura recomendada no Pura Economia:

Eleições Presidenciais 2006

Às 12 horas e 15 minutos o meu voto foi depositado na urna da minha secção de voto na Escola Secundária Alexandre Herculano, Porto.
Cumpri o meu dever!

A partir das 20 horas, os resultados vão surgindo progressivamente no sítio abaixo:


Resultados Eleitorais Online

(clicar na imagem)

Boa sessão de ruminação eleitoral!
PS – Entretanto vão sendo disponibilizados os dados relativos à percentagem de afluência às urnas.

The Moral Matrix®

Bem, enquanto se vai aguardando pelas 20 horas de hoje e tendo em conta que uma eventual discussão sobre as presidenciais constituiria uma grave violação da lei, há coisas sobre as quais ainda podemos ir escrevendo – felizmente! – de uma forma séria e voluntarista, donde se incluem determinados temas que nos apoquentam e/ou nos consomem as entranhas tal é o gritante despudor com que se exibem.
Porém, há outros desafios, de somenos importância, que nos divertem pela sua aparente simplicidade de concretização e cujo resultado é susceptível de nos colocar perante uma vã interrogação do nosso “eu” mais subentendido.
Assim e já agora, por que não experimentar o “The Moral Matrix®”?
(via Blue Lounge onde o RAF expôs os seus resultados)

O meu teste deu nisto:


Your scored 1 on the Moral Order axis and -0.5 on the Moral Rules axis.

System: Conservatism
Variation: Moderate Conservatism
Ideologies: Capital Republicanism
US Parties: Democratic Party
Presidents: Gerald Ford (88.10%)
2004 Election Candidates: John Kerry (81.12%), George W. Bush (73.39%), Ralph Nader (68.36%)

Of the 148610 people who took the test:

0.8% had the same score as you.
33.7% were above you on the chart.
54.5% were below you on the chart.
22.8% were to your right on the chart.
71.5% were to your left on the chart.

Caramba, não é que já mo tinham dito!

sábado, 21 de janeiro de 2006

Há noite na aldeia!

Depois de ler o texto publicado por JPP no Abrupto intitulado “Ver a Noite”, uma doce e suave nostalgia das infindáveis noites de Setembro no Douro assombrou-me o espírito.
Noites amenas entrecortadas por pequenas brisas frescas que anunciavam de mansinho o deslumbramento de cores que ocorreria dentro de um mês – verde-vivo que se transmutaria num assombroso festival iridescente.
Na cardenha a roga descansava de mais uma dura jornada. Corpos fustigados pelos duros socalcos ornados a xisto, transportando às costas cestos que pesavam dezenas de quilos, carregados de Tourigas – Nacional e Francesa (agora Franca) –, Tinto Cão, Tinta Roriz ou de Malvasia Fina e Cerceal.
Era noite! Descíamos a pé o alcatrão ainda quente da Nacional 2, uma horda de irmãos, primos e amigos em busca dos lugares mais escuros, onde a iluminação pública não ousaria tão-pouco chegar, preparávamo-nos para as longas tertúlias que habitualmente corriam um largo espectro temático e por fim, quase como uma fatalidade, se centravam nos mistérios do Universo incompreendido pela sua magnitude. Era o tempo de Carl Sagan e o seu “Cosmos”, do “Mundo Misterioso” de Arthur C. Clarke e as chagas do Padre Pio.
Ah, que saudades! Um conjunto de rapazes e raparigas, entre os treze e os vinte e tais, onde os mais velhos preferiam a companhia dos mais novos que, sem idade, dinheiro ou carro que os transportasse, não poderiam ser jamais desprezados por uma inútil debandada rumo às agitadas noites de Vila Real ou de Lamego.
Em dia de reflexão, deixo-vos apenas uma imagem que recebi por e-mail, cuja autoria desconheço por completo:

Só espero que te tenhas enganado Huxley!

Feudalismo vs. MIT – I

Nos últimos dias escrevi dois textos (aqui e aqui) que começavam com uma afirmação proferida há pouco mais de três anos por um notável professor do MIT:
«Não há nada pior do que um espírito fértil desperdiçado!»
Esta frase foi enunciada por Michael Athans a propósito da sua experiência como professor visitante no Instituto de Sistemas e Robótica do Instituto Superior Técnico.
Athans, enquanto por cá andou, escreveu um artigo lapidar que poderia ter funcionado como uma pedrada no charco se as nossas estagnadas elites universitárias, exímios curadores dos seus feudos, não o tivessem pura e simplesmente ignorado, com o auxílio complacente das diversas entidades governativas que, apesar de ter sido criado um Ministério exclusivamente dedicado ao Ensino Superior, não têm a coragem de se intrometer nos interesses instalados e de tocar nos privilégios adquiridos por alguns quando em terra de cegos apenas tinham um olho.
No meu texto anterior falei-vos da famosa pirâmide hierárquica em Portugal. Athans refere isso mesmo no seu artigo, veja-se a infografia retirada do artigo, quando se comparam dois centros de investigação: um português e o outro americano.

Fonte: Athans, Michael (2002)

Para reflectir!


(continua)


Referências bibliográficas:

ATHANS, Michael (2002), “Universidades portuguesas: por que não as melhores?”, Gazeta de Física, vol.25, fascículo 1, Abril, pp. (?) Disponível na Internet
aqui (em versão PDF) (texto traduzido por Florbela Meireles, com revisão de Carlos Fiolhais e Carlos Pessoa).

ATHANS, Michael (2002), “Portuguese research universities: why not the best?”, Economia e Gestão Global - Global Economics and Management Review, vol.7, n.1, pp. 121-139

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

MIT e o estado do Ensino Superior em Portugal

«Não há nada pior do que um espírito fértil desperdiçado!»

A recente polémica da instalação em Portugal do MIT teve o mérito de pôr a nu o estado de precariedade do Ensino Superior no nosso país, profundamente enfeudado às doutas cabeças de outrora e à reverência e ao invencível estado de prostração perante o “Santo Grau”.
Neste país anacrónico, estagnado no tempo, continuamos a assistir impávida e serenamente à pirâmide, mais do que hierarquizada, das categorias profissionais dos docentes do ensino superior: escasso número de professores catedráticos, alguns associados e uma esmagadora maioria de professores auxiliares e de assistentes.
Todavia, deixarei esta divagação para mais tarde.
No entanto, quero aqui mencionar alguns blogues de referência que manifestaram a sua preocupação com este assunto, designadamente a partir do momento em que se despoletou a polémica da instalação do MIT em Portugal:

Sugestão: que se crie um espaço construtivo de reflexão sobre o estado actual do Ensino Superior Público e também dos subsectores Concordatário e Particular e Cooperativo.

Previsão

Seguindo a sugestão dos autores do blogue Mau Tempo no Canil (tendo tomado o devido conhecimento via O Insurgente), aqui fica a minha previsão:

Nota prévia: deve-se ler imaginando o estilo enunciativo do Festival Eurovisão da Canção, tanto em inglês como em francês.

Here are the votes of the…

Cavaco Silva – 50,4%
Mário Soares – 17,1%
Manuel Alegre – 16,5%
Jerónimo de Sousa – 8,2%
Francisco Louçã – 6,7%
Garcia Pereira – 1,1%

And these were the votes of…

Sobre os diversos prognósticos já efectuados, consultar o blogue Mau Tempo no Canil.

Breve Declaração de Voto

Conclusão transformada em intróito: no domingo votarei Cavaco Silva.

  1. Porque estou farto das doutas prelecções, das inquinadas evocações da memória colectiva, das guerrilhas pretensamente ideológicas e do implacável agrilhoamento das catalogações: esquerda, direita e centro, capitalista, conservador, liberal, reformista, socialista, comunista e as suas derivações, marxista-leninista, estalinista, maoísta, trotskista, anarquista, fascista, nacional-socialista, democrata-cristão, social-democrata, populista, republicano, monárquico, europeísta, federalista, isolacionista, situacionista, sulista, nortista, revolucionário, humanista… Chega!
  2. Porque estou cheio da apropriação ilegítima e da arrogação moral exclusivista da defesa dos valores sociais, da democracia, da melhoria das condições de vida dos mais desfavorecidos, da repartição equitativa da riqueza criada – note-se que repartição equitativa não é uma simples operação aritmética de soma da riqueza criada, simplesmente dividida por um conjunto de indivíduos que compõem a população; significa repartir por aqueles que trabalham e que contribuem para a criação de riqueza; não é o fomento ao ócio do preguiçoso que recebe o rendimento mínimo ou às casas de chuto que disfarçam mas não curam.
  3. Porque não me revejo num discurso redondo, vago de ideias de um excepcional poeta e escritor que não sabe e não compreende as questões práticas do exercício do poder político; na obsessão revanchista de um megalómano que se julga o guardião da moral de uma nação; de um indivíduo que ainda se serve da foice e do martelo para chamar fascista a quem não defende as suas ideias que morreram definitivamente a 9 de Novembro de 1989; de um franco-atirador que utiliza um discurso desenfreado e profundamente demagógico, qual picareta falante – e aqui não me refiro à famosa picareta de Mercader –, para se fazer passar pelo Santo Padre da justiça social.
  4. Porque na realidade precisamos em Belém de alguém que perceba de finanças e de economia, que seja um árbitro no delírio de produção legislativa que agrilhoa, de forma irremediável, uma economia ao subdesenvolvimento.

Estas são as principais razões que traçam o destino do meu voto!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Génese de uma breve declaração de voto

CAVACO SILVA: Por um Portugal Maior!

A quem interessa o controlo do Ensino Superior em Portugal?

Deixo aqui apenas uma citação de um eminente Professor Catedrático do MIT que testemunhou o mecanismo de urdidura da teia que representa todo o sistema do Ensino Superior em Portugal, essencialmente o Público e com a inevitável contaminação do Particular e Cooperativo:

«Não há nada pior do que um espírito fértil desperdiçado!»*

Porque falhamos?

Palavras para reflectir e para que, de uma vez por todas, se consiga vislumbrar a origem exacta e verdadeira do imbróglio da vinda do MIT para Lisboa**.

Notas:
* Indicarei a fonte no texto que publicarei amanhã sobre esta temática.

** Polémica salientada – e bem! – por alguns dos meus blogues de referência Grande Loja do Queijo Limiano, O Insurgente e Mais Actual.

Agora é a The Economist…


Segundo a edição do Diário Económico de hoje*, Ania Thiemann, analista da equipa de investigação Economist Intelligence Unit, propriedade do mesmo grupo que edita a conceituada revista britânica, refere-se à próximas eleições para a PR, afirmando que:
«A eleição de Cavaco Silva para a Presidência da República poderá beneficiar o Governo de José Sócrates na implementação de reformas estruturais».
Desta feita, o que dirá Soares? Mais uma invectiva da comunicação social contra a sua candidatura?
Cuidado com o que se diz agora acerca desta revista! Foi a mesma que em 30 de Outubro de 2004 fez a extraordinária análise às eleições norte-americanas de Novembro desse ano:


PS – Eu até já sei quem poria na capa por mero exercício de substituição. Pista: não figuraria Cavaco.

Nota:
* Esta ligação refere-se apenas ao resumo da notícia online, reportando-se o conteúdo para a edição impressa – a qual apresenta a notícia na 1.ª página e que tive a oportunidade de a folhear na banca dos jornais enquanto tomava o meu café matinal. A edição impressa não está acessível devido a um problema do servidor, surgindo a mensagem de erro: “Internal Server Error”.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

O duro despertar de um criogénico

Em entrevista dada há poucos minutos ao Telejornal da RTP1, Louçã depois de ter proferido a frase «Eu creio que é preciso ser coerente na política! Coerente… e essa coerência é a minha posição!» (1h04m20s), afirmou:
«(…) num país com 1 milhão e 100 mil portugueses reformados com menos de 1 euro por dia (…)» (1h05m35s).
Um euro por dia? Trinta euros por mês? Trezentos e sessenta euros por ano?
E… um milhão e cem mil? Um minuto e 15 segundos após ter dito que a "coerência" era a sua posição?
Em representação numérica: 1.100.000 de reformados? € 360,00/ano?
Está confirmado! Congelou no dia 25 de Abril de 1974!
E depois admiram-se com a possibilidade daqueles jovens rebeldes e atrevidos – ai que fino, juventude tão irreverente! –, que em Coimbra, ergueram uma tarja que tinha inscrita a frase «Todos os porcos capitalistas votam Cavaco porque são fascistas», possam pertencer e/ou votar no Bloco!

Para ver a entrevista, inserida no Telejornal, clique aqui (para ver para crer é necessário dispor da aplicação RealPlayer instalada no seu computador)

Agradecimento!

Ontem, este pequeno cantinho de solitária divagação comemorou 1 mês de actividade.
Depois da 1.ª experiência – também solitária – no mundo dos blogues, resolvi encetar mais um caderno de pensamentos – soa-me bem! – na blogosfera, menos intimista e amargurado que o anterior. O outro foi uma espécie de catarse, onde expunha impudicamente as minhas vísceras contra a injustiça, a perversão, a falsidade e a vileza dos pulhas e corruptos que inelutavelmente pululavam na minha esfera de relacionamentos. Extinguiu-se no dia 6 de Maio de 2005 porque compreendi, de forma definitiva, que neste país a justiça funciona como uma arma letal na mão dos criminosos. É dilacerantemente lenta e cega, tortura quem dela se tenta socorrer e indulta, durante anos a fio, os verdadeiros criminosos.
Porém, este blogue é mais arejado – embora a minha luta ainda vá a meio!
Com esta verborreia toda ia-me esquecendo do propósito deste texto. Quero, apenas, agradecer a todos aqueles que tiveram a paciência de ler estes textos durante este mês.
Um agradecimento especial aos blogues A Arte da Fuga, O Insurgente, Pura Economia e O Severo que se enlaçaram a este blogue.
E claro, não me poderia esquecer dos meus grandes e queridos amigos do 4.º Poder que também divagam na blogosfera: Ópera Bufa e O Sniper.

Obrigado!

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

O Críptico

PSL publicou hoje um artigo no DN onde esclarece o que disse sobre CS e as eleições para a PR, na entrevista concedida à SIC-N no pretérito dia 11-Jan.
Não diz como vai votar, só diz que não irá votar em MS, MA, JS, FL e GP; afirma que será leal e fiel ao PPD/PSD, mas não revela se vota em CS ou em BR, ou até se o anula apondo os dizeres:”PSL a PM”.
Em jeito de remoque termina num PS em que diz:
«A propósito de verdade, quando falo saltam as vozes do costume (JPP, ALX, ASL, JPC, entre outros). Declaram (…)».
DB que se ponha a pau! Depois do êxito do CDV, potencialmente teremos um novo BS, desta feita do romancista PSL, denominado por “SA(R) e o Críptico da RP”.

P&C de 16 de Janeiro - Parte II

Como referi no texto anterior, dada à inexistência de Primperan na minha farmácia doméstica dei ordem de emudecimento ao meu televisor 30 minutos após o início do programa Prós e Contras de ontem.
Agora, tenho a certeza que tomei a decisão correcta.
Via Blasfémias fiquei a conhecer o esmero e a rigorosidade espartana que Clara Pinto Correia impõe na educação dos seus filhos! Veja-se o relato!
E o SOS Criança não intervém?

PS – Demorei cerca de 15 minutos a perceber que aquela rapariga sentada ao lado direito do Sr. Padre de Damão era a CPC! Está copiosamente diferente?

Prós e Contras: “O Saloio”


Este cartoon do jornal desportivo O Jogo poderá bem retratar a discussão metafísica que ontem se desenvolveu na RTP1 no programa "Prós e Contras".
Após o decurso dos primeiros 30 minutos agarrei num livro e emudeci abruptamente o meu televisor dada a anunciação de um estado de enfado, a que se seguiria o de um inevitável enjoo – além de que o meu stock de Primperan havia esgotado.
Discutia-se a mais-valia da assumpção definitiva da condição, colectiva e individual dos portugueses, de saloio – suponho que na minha terra se chama parolo.
A alma portuguesa é saloia! E eu pergunto: o que é a alma? O que é a alma naturalizada de portuguesa? A alma poderá ser colectivizada? A saloiice é uma característica transcendental que jamais poderá ser expurgada?
Gastou-se o latim a discutir a inexorabilidade da incrustação da saloiice na alma portuguesa.
Mas o que na realidade me levou a cortar o som ao televisor, como de um acto reflexo se tratasse, foi a aplicação dos conceitos de gestão estratégica à saloiice – aliás, neste país, ainda não se percebeu muito bem o significado e a utilidade da expressão “estratégia”.
O que foi defendido: devemos aproveitar a nossa vantagem comparativa da saloiice para se poder competir com os outros países, acrescentando-se o nosso estatuto de país periférico.
Deste modo proponho: acabe-se de imediato com as universidades, com o ensino da ciência, das artes e das letras, com a atribuição dos tradicionais graus académicos e dediquemo-nos à aprendizagem do “Bom Comportamento Saloio” – com vários estágios: saloio-bacharel, saloio-licenciado, saloio-mestre e saloio-doutor. É certo que se tratará de um processo mais ou menos lento; porém dado grau de incrustação da saloiice, prevê-se que daqui a cinco anos já seremos o centro de atracção de todo a Europa – expandindo-se mais tarde para o mundo inteiro – como o maior Jardim Antropológico do planeta. E como o saloio é espertalhaço, a entrada será de borla, mas carregar-se-á no preço dos produtos vendidos e dos serviços prestados – exclusivamente saloios, claro!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Proverbiando

«Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão!»
Adaptação livre:
«Sátiro que satiriza crítico enfatuado está mil vezes perdoado!»

O mais recente texto de João Pedro George no seu blogue "Esplanar" é «uma experiência de leitura poderosa e inesquecível!»*
JPG confessa-se um viciado numa nova droga, de acrónimo EPC, que o metamorfoseou, pelo duro destino do vício, numa personagem digna de um novo romance de Paul Auster.
Gostei particularmente desta passagem:
«Quando fico ansioso, em locais públicos, vou às escondidas à casa-de-banho e snifo EPC. Para evitar a ressaca, as dores físicas, os vómitos, os arrepios de frio, os espasmos causados pela abstinência de EPC, levo sempre comigo, para o trabalho, um panfleto de EPC.»

Nota:
* Como a lei obriga** passo a citar a fonte desta expressão: EPC sobre “A Vida Sexual de Catherine M.”, de Catherine Millet (Asa).

Nota da nota:
** É a parte após o relato de uma sondagem, quando um jornalista com ar e/ou voz de enfado diz que tem que cumprir a lei. Sugiro que se comece a dizer «Como a Puta de lei, que me custa a respeitar, obriga…»

Bomba Inteligente

Eu hoje acordei… com boa disposição! Porém, desiludido com a minha inépcia no exercício da minha autoridade conjugal.
A boa disposição adveio, desde logo, porque, ao realizar a minha revista matinal à Internet, verifiquei que a Carla – autora de um dos meus blogues de referência – confidenciou-nos a sua preferência clubística: «primeiro era do Sporting, agora sou do Porto e nem um pio!» Tudo isto porque casou com um “portista doente” – e na realidade concordo com desabafo pelo uso desnecessário da figura de estilo.
Depois, uma vez mais, as trevas da dura incompetência matrimonial assolaram-me de forma implacável. Ora, como sou um furioso portista – pronto, ok… doente, obstinado, fanático, e por aí em diante –, quando casei com a minha mulher – curiosamente também se chama Carla e é sportinguista dos sete costados (para me irritar, está-se mesmo a ver!) – os meus mais do que provocadores amigos ousavam perguntar: – Então, a Carla já é portista?
(…)
Decorridos oito anos e meio, continua sportinguista e mais fanática – embora não disponha, felizmente, de armas de arremesso verbais, dadas as exibições do seu clube ao longo dos últimos 3 anos.
Sou incompetente, pois!
Mas a minha vingança… A minha verdadeira vingança está num pedaço de gente, com dois anos e meio – sócia do Maior precisamente há dois anos e quatro meses.
A moçoila sempre que vislumbra na televisão um pedaço de terreno de 1 hectare, verde, com 22 pares de pernas a correr atrás de uma bola grita: – Papá, Porto! Golo do Porto!
Afinal, a incompetência tem os seus limites!
Saudações fanáticas!

PS- António Lobo Antunes é de facto o melhor escritor português vivo! Todavia, padece de um mal: é um indefectível benfiquista!

domingo, 15 de janeiro de 2006

A(no)nimosidade

De repente a histeria colectiva das “listagens” transviou-se na blogosfera para a discussão sobre os anónimos, pseudónimos e ilustres (e identificados) autores.
JPP qualificou como “PÉSSIMAS COISAS (…) em 2005 (…) Na blogosfera” o putativo anonimato dos autores do blogue de referência Grande Loja do Queijo Limiano.
A resposta não tardou e surgiu «com conta, peso e medida».
O duelo bloguista promete!
A minha (modesta) opinião:
A Internet – e mais concretamente a blogosfera – trouxe-nos o inalienável privilégio da democratização do poder de opinar, de explanar e de vociferar, de descarregar as frustrações quotidianas, de espalhar a nossa visão do mundo, de discricionariamente categorizarmos os actos e os pensamentos como bons ou maus.
Como em todo o lugar, existem, por um lado, os que já não necessitam de se pôr em bicos de pés para se fazerem ouvir e livremente poderem exprimir as suas ideias e apreciações da realidade, porque, por maus ou bons meios, adquiriram essa qualidade sentenciosa; por outro, estão todos os outros, os anónimos por definição, que tentam chegar ao poder da comunicação, sob que forma for, para se juntarem à elite ou então para fazerem ver a essa elite que já não são os exclusivos proprietários desse poder, da sabedoria do mundo, da erudição e da doutrina da fé baseada nos seus padrões – muitas vezes infames – da moral e dos bons costumes de uma dada comunidade.
Para os doutos e ilustres pertencentes à elite, a publicitação do seu nome constitui-se, acima de tudo, como um meio publicitário na sua rebuscada estratégia de marketing e de angariação de doutrinados.
Porém, para os doutos e ilustres desconhecidos o anonimato ou a assumpção de um pseudónimo são as únicas vias de poderem expressar as suas opiniões, muitas vezes pela posição que ocupam na sua vida profissional e/ou pessoal, de forma a não se arriscarem ao duro escrutínio de alguém que, por certo, usaria as suas palavras como arma de arremesso que, facilmente, se transforma numa arma de destruição em massa, desprotegendo a sua vida ou em simultâneo a dos seus familiares, amigos e companheiros de trabalho.
Se se difama, se se falseia a realidade, se se utilizam meios eminentemente do domínio do indispensável segredo profissional, há sempre a hipótese de recorrer aos meios judiciais e levantar esse anonimato. Agora, que não se venha pelo meio da arruaça e do torpe desafio exigir que alguém ceda aos seus desígnios num meio livre e plural, utilizando como coacção a couraça protectora que se foi adquirindo pelo mediatismo e pelos jogos de poder da política portuguesa.
Ninguém é o supremo detentor da verdade e da exclusiva competência de opinar. Abaixo deles há sempre alguém que sofre em silêncio e que resiste sob uma forte pressão das palavras que não se podem soltar… porque têm que subsistir neste mundo que não foi feito à sua imagem.

Recomendo vivamente a leitura do poema que pinta de emoção este blogue.

sábado, 14 de janeiro de 2006

A Náusea

Não são as escutas!
Não são as listagens!
Não são os órgãos de investigação criminal!
É um povo! Todo um Povo que sobrevive na mediocridade, assustadoramente inconsciente, transmutada em doce subserviência ao poder político emergente dos puros, castos e imaculados representantes dos nossos órgãos de soberania.
Os organismos de investigação criminal não podem estar acima da lei. Verdade!
Mas nenhum cidadão que se insere na esfera jurídica deste Estado de Direito o poderá.
Não poderá haver direitos e obrigações para uns e benesses e isenções para outros porque ocupam cargos de responsabilidade e se consideram acima de lei. Bem pelo contrário! Todos somos cidadãos de um mesmo Estado democrático que é regido pelos seus representantes, e a estes deverá ser exigida uma conduta de rigor, íntegra e transparente no cumprimento das funções para as quais foram investidos.
Se há suspeitas, há que investigar! Se essas suspeitas recaem, a dada altura do intrincado processo de investigação, sobre figuras que representam órgãos de soberania, estas terão que ser sujeitas aos mesmos métodos de investigação.
Todos os dias a nossa privacidade é violada por um Estado que desempenha o papel do Grande Irmão mais velho, quer representando um papel activo no processo, quer um papel passivo, porque deixa andar, toma conhecimento mas não intervém, quando, por exemplo, nos nossos locais de trabalho se espiolham as nossas horas de entrada, a correspondência recebida, as mensagens de correio electrónico, as páginas consultadas na Internet, os telefones e as listagens de chamadas; quando, por exemplo, o Estado assiste – arquivando processos – onde há tráfico de influências entre determinados agentes e empresas de telecomunicações, de marketing directo, etc., sobrepondo-se à lei que determina que só os tribunais, através de mandado, poderão aceder a informação eminentemente pessoal.
Ainda há bem pouco tempo se defendia a inversão do ónus da prova! Não se tratará de uma derrogação do princípio constitucional da presunção de inocência?
Quais damas pudicas, cheias de virtude e de melindres!
Qual é o objectivo? Quem sai chamuscado? Os políticos? Os órgãos de comunicação social? Os juízes? Os advogados?
Quem? Será o Zé? «As altas figuras do estado não podem ser escutadas? Porquê? E o Zé pode?».

«Un droit n'est jamais que l'autre aspect d'un devoir.»
La nausée, Jean-Paul Sartre

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Laicidade encapotada?

A frase proferida pelo socialista, republicano e laico, candidato à Presidência da República Portuguesa, de nome Mário Soares «Se fosse religioso diria que aquilo foi Deus a funcionar», tem muito que se lhe diga! Bendita seja a rubrica “blasfema” que imortaliza e actualiza, com rigor científico, os despautérios do candidato laico.
Depois, à saída dos estaleiros da Lisnave, Soares anuncia o seu blackout pessoal aos meios de comunicação social, referindo categoricamente que «não vos falo mais directamente, fala ele». Na altura, o nosso muito apreciado e ilustre companheiro da blogosfera FJV, após, quem sabe, uma concentrada e exaustiva consulta ao Oráculo de Bellini, diz que «Sensivelmente à mesma hora, não se fez esperar a reacção dos Elementos, que compreenderam e se manifestaram».
Posteriormente, surge esta notícia na versão online do Público, na qual se citam palavras textuais de Soares em campanha na Sertã – Sertã, subtilezas do alinhamento cósmico! – «nos últimos dias estamos a sentir um dinamismo inesperado» – e ainda tem a veleidade de ironizar!
A situação tende a agravar-se. Se estão cépticos vejam: em Lisboa e na Madeira.
Esta arrepiante evidência fez-me reflectir: Ora bolas! Se Soares é laico, e todos nós estamos carecas de o saber, qual é a razão subjacente à permanente repetição da sua idiossincrática laicidade?
Hum… Haverá um pacto? Os Srs. jornalistas não se terão equivocado quando transcreveram o discurso de Soares? Não seria “fala Ele”? O Todo-poderoso? Não terá simultaneamente apontado para o Céu? Ou, por certo, para Si? Qual a razão de Moretto ter ido para o Benfica? Qual o motivo de ter jogado logo no 1.º jogo? Aquela coreografia inicial… diz tudo!
Apocalipse! Armagedão! As sete trombetas! O Sentinela a bater de porta em porta! Recordem-se, Ele tem memória!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Cem anos para o Pai… do LSD

Albert Hofmann, inventor do composto químico designado por “dietilamida de ácido lisérgico”, mais conhecido – e consumido – por LSD, completa hoje 100 anos, e, segundo dizem, continua fresco como uma alface!
Segundo Hofmann:
«O “eu” desaparece dando lugar a um estado místico, o céu e a terra misturam-se, sente-se que se faz parte do Universo, entra-se num novo estado de consciência».
Fonte: Diário Digital
Depois de ontem ter assistido na SIC-Notícias à entrevista de Pedro Santana Lopes, na qual ousou apunhalar o Pai Gresham – ou o irmão mais velho? – que, numa vileza atroz, havia pontapeado a incubadora, apetece-me, para ser sincero, embarcar numa viagem alucinogénia que apenas me possibilite o regresso a 23 de Janeiro. Ou então, que me conduza, sem hipótese de regresso, a Cassiopeia, a Andrómeda ou até a Orion, se na verdade PSL reassumir o lugar de deputado na Assembleia da República.
Para tal, assistirei ao Congresso do LSD que se realiza esta semana em Basileia!

Resumindo e concluindo, se o “Ele” aparece o “Eu” põe-se a milhas!

R.E.P.: Novas entradas - I

Actualização da secção recentemente criada neste blogue, denominada por “Ritmo Editorial Português”.

São acrescentadas as seguintes obras de ficção:

  • «The History of Love: A Novel», de Nicole Krauss;
  • «The Accidental», de Ali Smith;
  • «Shalimar the Clown», de Salman Rushdie.

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Felicitações

Os meus sinceros parabéns e votos de muito sucesso ao Francisco José Viegas que, a partir do próximo dia 1 de Fevereiro, assumirá a direcção da Casa Fernando Pessoa.
Na realidade, afigurar-se-á como uma tarefa hercúlea que exigirá dedicação e esforço, logo o natural “cansaço” daí emergente, e que conferirá a nobreza e a dignidade características do cumprimento de um serviço em prol da cultura e da comunidade, que requer um executor com uma forte dose de altruísmo e de sentido de missão – que são qualidades perceptíveis em FJV –, que, implacavelmente, lhe roubarão tempo para os projectos de carácter eminentemente pessoal.
Boa sorte!

Ritmo Editorial Português

Hoje, decidi inaugurar uma nova secção do meu blogue denominada por «Ritmo Editorial Português».
Curiosamente, hoje de manhã, enquanto me barbeava e procedia à mortificação diária da camada protectora e oleaginosa da minha pele com mais um detergente – disfarçado sob a designação de gel de banho suavizante, que respeita o pH natural da minha pele – ouvi na TSF a iniciativa que a organização "Elos - Clube Internacional da Comunidade Lusíada" está a levar a cabo para «tornar oficial o idioma português nas Nações Unidas», através da assinatura de uma petição online.
Segundo os dados estatísticos – que diferem um pouco dos apresentados no texto da petição –, a língua portuguesa é a 6.ª mais falada no mundo – como primeira língua, caso contrário seria 8.ª, ultrapassada pelo bengali e pela língua russa.
À nossa frente estão as seguintes línguas: 1.º mandarim, 2.º hindi, 3.º espanhol, 4.º inglês e 5.º árabe.
Todavia, tendo em consideração que mais de 190 milhões de pessoas em todo o mundo falam português como primeira língua, os livros em língua estrangeira dificilmente chegam traduzidos ao mercado português ou então, se o são, demoram uma eternidade.
Na literatura de ficção, nos ensaios literários, biografias e poesia verifica-se o fenómeno da tradução “em conta-gotas”* ou da tradução “por ondas”** – já não falando dos livros científicos onde o problema é mais grave, traduzindo-se apenas os mais generalistas e, acima de tudo, com um atraso substancial que os torna, irremediavelmente, obsoletos.

Assim, a inauguração desta secção funcionará como um mero indicador do atraso ou da simples inexistência de tradução de obras de autores de referência no mundo da literatura***.

Notas:
* Nesta situação, os editores vão lançando os livros de um determinado autor com alguma parcimónia, esperando que se esgote aquele que foi editado em último lugar. Exemplo: os livros de Paul Auster – anteriormente editados pela Presença, hoje editados pela Asa: o último livro editado em Portugal foi “A Música do Acaso” em Abril de 2005 – se exceptuarmos a colectânea de textos radiofónicos “Pensei que o meu Pai era Deus”. Ora, este livro – 4.º romance do autor (1990) – não se tratava de uma novidade em 2004, uma vez que já havia sido editado pela Presença em 1992, logo optou-se por uma reedição e com nova tradução! Hoje, o último romance de Auster “The Brooklyn Follies” (2005) já se encontra publicado numa esmagadora maioria de línguas – por exemplo, em francês ou em italiano (ambas de Setembro de 2005) – e não se prevê quando irá ser lançado no mercado português na língua de Camões.


** Neste caso, os livros são traduzidos e publicados por atacado, porque um determinado autor é galardoado com determinado prémio literário – Nobel, Pulitzer , Booker Prize, etc. – ou então, o seu último livro tornou-se, rapidamente num bestseller nos EUA, Inglaterra ou França. Exemplo: os livros do autor norte-americano Michael Cunningham. Quando Cunningham ganhou o Pulitzer com o romance “As Horas”, de seguida traduziram-se e publicaram-se os seus livros anteriores: “Uma Casa no Fim do Mundo” e “Sangue do Meu Sangue”.

*** Aceitam-se sugestões para a inclusão de contadores para outras obras literárias não publicadas em Portugal via a opção “comentários” ou via “e-mail”. No entanto, o generoso autor deste blogue está imbuído do poder discricionário na aceitação das propostas. Que democrata!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Rir é o melhor remédio!

Aviso de Spoiler: o texto que se segue contém referências ao romance de José Rodrigues dos Santos “Codex 632” que poderão ser susceptíveis de prejudicar o correcto desenrolar de uma leitura que se exige surpreendente!

Aviso de utilização abusiva: o título deste texto usou e abusou do título da clássica rubrica das Selecções do Reader’s Digest.

E como diz Carlinhos Brown, só Rio pra não chorar!
Há uns bons minutos que não consigo suster o riso com o fabuloso “Gerador Automático de Grandes Momentos de Literatura Erótica - versão beta” vertido – e acreditem que é a palavra adequada – por Vasco M. Barreto no blogue “A Memória Inventada” – tendo tomado o devido conhecimento no blogue “A Origem das Espécies”.
De facto, recordo-me bastante bem dessa ode à miscigenação sexual luso-escandinava, que me fez soltar a tampa da panela de pressão que tem represado firmemente os meus impulsos freudianos mais ousados e recalcados desde que me conheço.
A chupeta!? Nunca mais olharei para os seios da minha mulher sem vislumbrar duas chupetas arrebitadas pedindo-me: mama-me! Ao que me pergunto: Pelo menos serão da Chicco? Estarão devidamente esterilizadas? E depois, cedendo à tirania voluptuosa das mulheres, cumprir a ordem e sentir-me visceralmente culpado e complexado, pela noite dentro, ao sentir o sabor acre do látex incrustado nas minhas papilas gustativas, que nem a pasta medicinal Couto poderá erradicar.
Sobre o romance propriamente dito, muito se poderá dizer, em jeito de crítica, dissecando-o página por página. Contudo, não o irei fazer porque em primeiro lugar estou longe de ser um entendido na matéria, depois porque não me apetece. Chateia-me! Porém, há algo de que não poderia deixar passar em claro. Vejamos:
  • Quando Tomás – note-se Professor de História na Universidade Nova de Lisboa – desencripta uma mensagem codificada que lhe revela: «QUAL O ECO DE FOUCAULT PENDENTE A 545?» (pág. 223, 1.ª edição).
  • Para grande estupefacção, o académico não sabe associar as duas palavras fundamentais “Eco” e “Foucault” para uma primeira pista. Mas o paroxismo da iliteracia no mundo do ensino superior – ainda bem que estamos no domínio da ficção! – revela-se quando recorre «ao seu colega do Departamento de Filosofia» (pág. 224) que, tal como Tomás, não descortina a mensagem e condu-lo ao filósofo Michel Foucault – que me perdoem a expressão: que se cague o Eco!
  • Só mais tarde Tomás descobre a pólvora (págs. 284-285) quando deambula numa livraria procurando mais livros de Michel Foucault (depois de ter acabado de ler o livro de 1975 “Vigiar e punir”).

Vejamos, agora, algumas passagens:

  • «Passou depois à secção de literatura, nem sempre uma das suas paixões, a não ser no que dizia respeito ao romance histórico» (pág. 284);
  • «Na estante seguinte o seu olhar prendeu-se num título enigmático sobre uma bela capa, O Deus das Pequenas Coisas, de Arundhati Roy, mas só voltou a sorrir quando viu O Nome da Rosa, de Umberto Eco. Grande Livro, pensou (…) Ao lado do clássico encontrava-se a última obra do mesmo autor O Pêndulo de Foucault» não se tratava de «Michel Foucault, mas antes o físico Léon Foucault» e rematando com «Se bem se lembrava Léon foi o homem que, no século XIX, demonstrou o movimento de rotação da Terra através de um pêndulo» (pág. 285).
    Ó Céus! – como costuma exclamar a minha filha de 2 anos quando algo lhe corre mal. Tanta erudição de repente!?

Eco e Foucault? Veneza e Mann? Vinhas e Steinbeck? Versículos e Rushdie? Trilogia e Auster? And so on…

Aviso de conteúdo sexualmente explícito: daqui em diante o autor perdeu por completo a vergonha e entra em devaneios desaforadamente indecorosos.
Ah, se eu tivesse encontrado Isabelle Adjani numa festa particular em 1974 num apartamento em Paris – tendo que acrescentar pelo menos vinte aos meus dois anos de idade! Tê-la-ia convidado para se deslocar à cozinha e fazê-la prometer que quando tivesse um filho me confeccionasse “uma quiche Lorraine com o leite” das suas “mamas”, tendo, por certo, sentido “uma erecção aprumada como um totem a” formar-se-me “nas calças”.