quarta-feira, 1 de outubro de 2008

«Só perdemos três pontos…»

Arsenal - FC Porto (30/09/2008)
É esta a mentalidade. A frieza dos números. Os três pontos perdidos numa exibição miserável de uma equipa que, só por acaso, envergava a camisola com o emblema de um clube que já por duas vezes venceu a Taça dos Campeões.
Não é que não possa acontecer. Ele há dias maus. O que dificilmente poderei aceitar como adepto e sócio do clube há quase trinta e três anos é o discurso da mediocridade, da desculpabilização do indesculpável, da legitimação da incompetência, da vergonha.
E foram só quatro…
Mas se fossem dez ou onze tudo leva a crer que a arengada passiva pós-coital se manteria. A equipa é jovem, o ambiente foi terrível, jogou-se bem até ao primeiro golo sofrido… depois, foi só deixar correr o marfim… por um ou por vinte, que importa?
Jamais aceitarei um discurso desta estirpe que, mais do que a derrota, me revolve as entranhas e deixa num estado de náusea perante a pequenez.
Não se pode apelar à compra dos lugares anuais, ao Dragão cheio, ao apoio incondicional da equipa e/ou à paciência dos adeptos com comportamentos destes. Está longe das expectativas criadas no fervoroso adepto no início de cada época.
Se o discurso é legítimo, e ademais tacitamente sancionado pelos emudecidos dirigentes do meu clube do coração, então que se tenha a coragem de abandonar de vez a competição internacional, dedicando-se a prestar os serviços mínimos na competiçãozinha interna, onde se reina com um só olho (que enfrenta sérios riscos de perder irremediavelmente a visão).
Está em causa o nome de um clube construído com sangue, suor e lágrimas ao longo das últimas décadas… respeitado e temido.
A resignação… melhor, a demagogia (para ser brando) da matemática dos três pontos perdidos tem de ser severamente repreendida, sob pena de a perda transformar um clube, que, acrescente-se, também é uma sociedade anónima que pretende a valorização dos seus activos e a maximização do valor dos seus accionistas, numa entidade que não se dá ao respeito, moralmente espúria, indigente e degradada.
Em suma, o mal está feito, é uma evidência, mas argumentar com a matemática sem que, rápida e reflectidamente, se exprobre a argumentação, apenas servirá para perpetuar o crime sem castigo.

[Imagem a partir da capa da edição de 01/10/2008 do jornal O Jogo]

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