«O meu sofrimento é horrível. Acima de tudo, o moral. Quando temos um carácter violento, íntegro, é terrível vermo-nos obrigados a engolir em silêncio todos os insultos e a remoer as nossas cóleras. Além do mais, estou só. Ninguém encontro, perto ou longe, que me dê coragem, que me anime.
«Mas olhem! No fundo, gosto mais que assim seja. Prefiro este isolamento, este abandono, às piedades que desgastam a energia e às lamentações que castram. Saber que alguém chorava a minha sorte acabaria por tirar-me a coragem, julgo eu; e estou grato por não andarem a fazê-lo todos esses que poderiam interessar-se por mim apenas com a sua ingratidão egoísta; estou-lhes grato por nunca terem feito brilhar à frente dos meus olhos esses fogos-fátuos da esperança mentirosa, que apenas faíscam para nos fazerem cair e desaparecer nos barrancos do abatimento.»
Georges Darien, Biribi, pág. 166.
[Lisboa: Assírio & Alvim, Julho de 2005, 278 pp.; tradução de Aníbal Fernandes; obra original: Biribi, 1890]
«Glenn Gould said, "Isolation is the indispensable component of human happiness."» [Contraponto] «How close to the self can we get without losing everything?»
Don DeLillo, “Counterpoint”, Brick, 2004.
domingo, 19 de outubro de 2008
Animoso desânimo
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2 comentários:
Estive no outro dia com esse livro na mão. Não o comprei por falta de $.
mas prometi a mim próprio que será o próximo livro que vou comprar...
É um livro brutal, cru, sem qualquer tipo de mesuras. Aliás, Darien era um quase anarca.
Um abraço,
André
PS - será dinheiro bem gasto, Manel.
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