«Ainda hoje não sei o que penso da literatura, não tenho opinião formada. Creio que serve o seu propósito de maneira diferente para pessoas diferentes. No meu caso, a literatura foi sempre um bálsamo, um plano de fuga, presente nas alturas de maior necessidade. Em última análise, seria ainda um instrumento para veicular a verdade, se nos encontrássemos perante a necessidade de o fazer e possuíssemos o talento necessário.»
João Tordo, As Três Vidas, pág. 244.
[Matosinhos: QuidNovi, 1.ª edição, Setembro de 2008, 304 pp.]
Um exercício de verdade: a fuga… maldita e cara fuga.
5 comentários:
Maravilhosa esta passagem sobre a literatura:
"Em última análise, seria ainda um instrumento para veicular a verdade, se nos encontrássemos perante a necessidade de o fazer e possuíssemos o talento necessário."
Afinal, quem quer a verdade e o que fazer com ela?
Não conhecia o autor português João Tordo (pobres brasileiros afastados da cultura), mas já descobri que tem até um blog! Obrigado pela dica.
É verdade, meu caro Kovacs. Mas o problema não é exclusivamente brasileiro. Na mirabolante empreitada pela lusofonia são assinados muitos acordos e convénios e fomentados encontros e intercâmbios, cujos objectivos últimos ficam apenas no papel travestidos de letra morta (e temo, porventura tenho a certeza, que os próprios políticos conhecem essa inércia, esse espalhafato lusófono sem resultados práticos, já que são os seus principais cultores).
Há, claro, excepções, mas a falta de divulgação da nova literatura brasileira em Portugal é gritante, sem paralelo, por exemplo, no universo do castelhano.
Um abraço,
André
PS - O João Tordo é uma das nossas promessas literárias mais seguras, senão já uma certeza. Este é o seu 3.º romance. Não li ainda o 1.º, mas o seu segundo, Hotel Memória, é uma pequena maravilha, muito ao jeito do universo austeriano, a minha paixão literária (por isso inexplicável), de que Tordo é um admirador confesso.
Comentei no blog do João Tordo sobre a minha descoberta aqui no seu site e ele acabou postando sobre o "Nunca Mais", ver aqui: http://joaotordo.blogspot.com/2008/10/nunca-mais.html
Já vi, meu caro Kovacs.
Um grande abraço,
André
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