domingo, 28 de setembro de 2008

Epílogo de uma morte anunciada

No final da Primavera deste ano ficámos a saber que Paul Leonard Newman padecia de um tipo fulminante de cancro de pulmão – a fina ironia para quem testou a resistência da própria vida ao limite no asfalto das pistas de velocidade.
Anunciaram-no, já o sabíamos. Afastado dos palcos por vontade própria desde 2007, a sua vida estava pendurada pela expectativa de semanas ou pouco meses. Morreu na passada sexta-feira, tinha 83 anos.

Em 1987, primou ostensivamente pela ausência no Dorothy Chandler Pavilion, onde lhe seria atribuído o único Óscar não honorário: Melhor Actor em A Cor do Dinheiro (The Color of Money, 1986) de Martin Scorsese. [No mesmo ano, outros vencedores, como Woody Allen, que à mesma hora tocava clarinete em Nova Iorque (Melhor Argumento Original por Ana e as Suas Irmãs), Michael Caine (Melhor Actor Secundário por Ana e as Suas Irmãs) e Ruth Prawer Jhabvala (Melhor Argumento Adaptado por Quarto com Vista sobre a Cidade, baseado num romance de E.M. Forster e realizado pelo seu eterno parceiro cinematográfico James Ivory, parceria que sempre incluiu o já falecido produtor indiano Ismail Merchant), decidiram não comparecer à apetecível noite de entrega das famosas estatuetas douradas da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood. O Óscar de Newman foi curiosamente recebido, em seu nome, por Robert Wise.]

«Rocky: Sabes, tenho tido sorte. Alguém lá em cima gosta de mim [NT: título do filme, se traduzido à letra para português].
Norma: Alguém cá em baixo também.
»
Diálogo entre Rocky Graziano, interpretado por Paul Newman, e a sua mulher Norma, papel interpretado pela actriz italiana Pier Angeli, no fabuloso filme Marcado pelo ódio (Somebody Up There Likes Me, 1956) do mestre Robert Wise, baseado na autobiografia do pugilista Rocky Graziano [tradução: AMC].

Paul Newman


Paul Newman

(Shaker Heights, Ohio, 26/Janeiro/1925 – Westport, Connecticut, 26/Setembro/2008)

3 comentários:

José Fernando Magalhães disse...

Também como eu, quando escrevi sobre esta morte, o meu amigo se esqueceu de mencionar o luta deste extraordinário actor em favor do uso de armas, tendo sido sócio fundador de uma das mais importantes organizações nos EU em defesa do direito ao porte de arma, bem como o seu envolvimento nas campanhas pró-guerra.
Mas, para quê falar nisso agora, o homem até já faleceu, e não há necessidade...

Um abraço do

JM

André Moura e Cunha disse...

Desconhecia essas andanças de Newman. No entanto, devemos valorizar a sua extraordinária carreira.
O que seria de Pound, Shaw, Céline, Hamsun, Heidegger, etc.
Um abraço,
André

José Fernando Magalhães disse...

Claro que devemos, e eu faço-o. adorava o Paul Newman como actor.... extraordinário de facto.

Um abraço

JM