Mesmo nos confins deste país desequilibrado (por exemplo, hoje a TSF no noticiário das 15 horas... perdão, das 14:58 emitiu durante 11 minutos ininterruptos as várias facetas do carricídio perpetrado, em plena luz do dia, por duas árvores centenárias, que se saldou na vil destruição de meia dúzia de inocentes automóveis, inundando-nos com entrevistas a vizinhos, um vereador, proprietários registados das vítimas, uma meteorologista com um nome inconcebível e outras testemunhas ocasionais e assaz comovidas... só faltaram os astrólogos e, claro, ninguém auscultou as vetustas árvores, porventura discriminadas por se tratar de mera flora...) continuo atento ao mercado editorial português. A Cavalo de Ferro reedita o magnum opus do escritor norueguês, Nobel da Literatura em 1920, Knut Hamsun (1859-1952), publicado originalmente em 1890, Sult (a.k.a. Hunger em inglês) – Fome.
Apesar das suas desprezíveis simpatias hitlerianas, exaltando as qualidades de liderança de um dos maiores monstros da História do século XX, são inegáveis as suas qualidades literárias confirmadas com este romance dilacerante, escrito quando o pai do nazismo ainda não havia largado as fraldas, e, curiosamente, quarenta anos antes de o maior monstro do século passado (Koba, ou Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, mais conhecido por Estaline*, o homem de aço) usar a FOME de dezenas de milhões como a principal arma de propagação do Grande Terror, que o camarada Lenine não teve tempo (e conceda-se, nem coragem) para acabar através do seu Terror Vermelho.
Ei-lo, com introdução de um dos escritores contemporâneos que sempre se confessou um dos maiores admiradores do laureado escritor norueguês, influenciando, de forma explícita, a sua já extensa obra, Paul Auster (n. 1947):
*Nota: texto escrito usando o tipo de letra Georgia.
4 comentários:
Estou bastante entusiasmado, confesso. Escusado eram aqueles "prémio nobel de literatura" e especialmente o "prefácio de paul auster", mas já se sabe como é, a lei do mercado.
Seu herege! Não ouses dizer mal do Auster neste blogue.
Ainda para mais foi um dos promotores da publicação da obra de Hamsun nos EUA (o mesmo prefácio e apresentação do autor constam da edição americana da Farrar, Straus and Giroux).
Bom, não falava propriamente mal do Paul Auster, que nunca li, e que acredito ser óptimo. Apenas considero dispensável a utilização do seu nome para vender o livro, acho que este género de informação a mais polui as capas.
finalmente! li em inglês este livro (sim, sou eu armando em pedante). é brutal! finalmente alguém com tomates para editar. agora só falta o Ham on Rye de Bukowski para eu achar que a edição em Portugal ainda tem salvação.
caro andré: envia-me novamente a tua morada.
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