A editora portuense Civilização acaba de lançar no mercado o 3.º livro da tetralogia (+ ½) do Coelho de autoria do escritor norte-americano John Updike (n. 1932): Coelho Enriquece (Rabbit is Rich, 1981).
Recorda-se aqui que já foram publicados em Portugal pela mesma editora as primeira e segunda partes da vida do americano arquetípico Harry “Coelho” Angstrom: Corre, Coelho (Rabbit, Run; 1960) em Fevereiro de 2007 e Regressa, Coelho (Rabbit Redux, 1971) em Março deste ano. Ainda por publicar estão o 4.º livro Rabbit at Rest de 1990 e a novela de 2001, integrada na colectânea de contos do autor Licks of Love, Rabbit Remembered.
Este livro venceu três dos mais importantes prémios literários atribuídos a uma obra de ficção publicada originalmente nos Estados Unidos da América:
- National Book Critics Circle Award for Fiction em 1981;
- Pulitzer Prizer for Fiction em 1982;
- National Book Award for Fiction (Hardcover) em 1982.
«“A gasolina está a acabar-se”, pensa Coelho Angstrom […] Este mundo de merda está a ficar sem gasolina. […] A gasolina a noventa e nove ponto nove cêntimos o galão e noventa por cento das estações de serviço a fecharem ao fim-de-semana. […] os camionistas que não conseguem gasóleo disparam contra os próprios camiões […] As pessoas estão a perder a cabeça, os seus dólares não valem um cêntimo, retraem-se como se não houvesse amanhã.»
John Updike, Coelho Enriquece, pág. 7
[Porto: Civilização, Setembro de 2008, 498 pp. (tradução de Carmo Romão)]
A acção desenrola-se em pleno 2.º Choque Petrolífero que ocorreu em 1979. A actualidade da citação é mais do que angustiante. A América e o mundo ocidental ou ocidentalizado tardam em aprender com os erros passados. Porém, é óbvio que esta aprendizagem foi plenamente assumida, o que a torna, hoje em dia, num perigoso sofisma à disposição de políticos sem escrúpulos e de outros sem coragem para denunciar a acções concertadas e criminosas daqueles com os grandes interesses do petróleo, disseminados pelos opacos mercados de capitais (desregulamentados) que vomitam anonimamente gigantescas mais-valias nas operações financeiras sem o devido suporte de operações reais ou económicas. A avidez pelo capital destrói a essência do capitalismo, deixando o cidadão desprotegido e sem forças para lutar perante a ressuscitação das teorias económicas que comprovadamente conduziram à coarctação das liberdades política, económica, social, artística, etc.
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