segunda-feira, 10 de abril de 2006

Justas referências cum laude – II

A blogosfera tem destas coisas, ainda ontem inaugurei uma nova secção deste cantinho de pura divagação e já houve motivos para o segundo capítulo.
Assim, o louvor vai inteirinho para
este texto do meu conterrâneo Tiago Barbosa Ribeiro, no seu blogue Kontratempos. O meu palavreado laudatório vai, no seu âmago, para esta frase:

«Um adepto do Porto aprende a gostar do seu clube antes de gostar de futebol.»

No entanto, houve reacção! E por um dos meus prosadores dilectos, o Afonso Bivar [ver aqui a réplica].
Eu, que vivi durante 25 anos nas Antas, mais concretamente na fronteira entre as freguesias do Bonfim e de Campanhã, com Paranhos à ilharga, só queria fazer uma pequena correcção ao texto do Afonso:
O Velásquez – para quem não conhece situa-se em pleno coração da andradolândia, na antiga praça do mesmo nome, hoje denominada por Francisco Sá Carneiro – é o ponto de encontro de um conjunto heterogéneo de paixões clubísticas, no qual porém predomina a azul e branca – tal como na cidade inteira e tal como os cafés circundantes, Eça e Bom Dia.
As célebres tertúlias literárias, políticas e futeboleiras davam-se no falecido – hoje uma dependência bancária – Café Orfeu e na Petúlia – ambos sitos na Rua Júlio Dinis, Boavista –, na Brasileira – na Rua Sá da Bandeira, na Baixa – e no eterno Majestic – na Rua Santa Catarina, também na Baixa.
Ao contrário do que o Afonso refere, a zona das Antas não é uma zona depressiva, é burguesa em contraponto à nobre Foz – onde, aliás, também predomina o azul e branco.
Para quem não conhece o Porto, a denominada zona das Antas é um pequeno enclave que circunda a parte mais alta da enorme Avenida Fernão de Magalhães – esta última começa no coração da cidade, Campo 24 de Agosto e termina na zona da Areosa na qual confluem 3 concelhos: Porto, Gondomar e Maia.
A tal zona deprimida é de facto a zona oriental do Porto, constituída essencialmente pela freguesia de Campanhã, sendo as Antas sua parte integrante, porém é um oásis no meio dessa degradação. Ademais, é a zona na qual gostaria de ter continuado a viver, porém o preço por metro quadrado para habitação é dos maiores do país, rivalizando por exemplo com Lisboa (Lapa, Estrela e Restelo) e Porto (Foz e Boavista).

3 comentários:

Anónimo disse...

André, meu caro, não me contradiz. Eu não escrevi "deprimida" mas sim "depressiva". Inclusive, para não deixar dúvidas quanto à alfinetada (mais dirigida à pedanteria que outra coisa qualquer), logo a seguir notei que o dito café era o ponto de encontro da "andradaria burguesota".

Anónimo disse...

Tem razão, Afonso!
Lá estão os famosos mal-entendidos blogosféricos!
Eu, apesar de ter vivido quase a paredes meias com esse café, raramente lá punha os pés - excepto como ponto de encontro com os amigos nos dias de jogo nas Antas.
Chateava-me aquela pseudo passerelle daqueles que vinham ao Porto para se mostrar, ou daqueles que nela residiam há pouquíssimo tempo e que queriam entrar à força no meio - normalmente os industriais ferrarizados, todos com emblemas Gant, Paul & Shark, Lacoste, Ralph Lauren, etc. e gajas com 2 cm de espessura de base na cara que, apesar de boas, lá o frequentavam para se mostrar aos pavõezinhos engalanados, de bolsos cheios, porém de uma vacuidade intelectual gritante.
Um abraço e as minhas desculpas pelo mal-entendido

Anónimo disse...

Sei que o Cafe Orfeu tem muitas histórias, de outros tempos. Mas de uma coisa tenho certeza, ainda nao fechou.
O que fechou foi o RESTAURANTE Orfeu, hoje ao abandono depois de ter sido um balcão de um banco.

Têm que passar por lá.