segunda-feira, 10 de abril de 2006

Canal-Caveira

«Mijo no restaurante do Canal-Caveira, decidiu ele, numa retrete nauseabunda atulhada de merda imemorial dos comensais, que deixa na loiça dedadas arrastadas e sujas de Arquivo de Identificação, que nenhuma água limpará. Mijo no restaurante do Canal-Caveira, onde me sentarei diante do bife do ano passado com fastio do ano passado nas tripas, recusando as batatas fritas da travessa num enjoo imenso.»*

Retribuo o abraço, ressalvando, todavia, que essa chusma mencionada no texto me arrepia até os pelitos mais grossos – pronto, os púbicos, porra!
Porém, esses quadrilheiros não são os únicos! Mesmo as tais cigarritas já são embriões de formiguitas que labutam, num esforço hercúleo e incessante, pelo mimetismo dessa desenfreada marabunta.
Não, não vou nomear!
Só vou deixar aqui um fio para desatar meada – e que não fala de “unhas”, nem de “máquinas fotográficas”, deixo a clorofila em paz:
W essa semivogal labiovelar, muitas vezes designada em Portugal por “Duplo V”, logo V e V dá VV, W.

* In «Conhecimento do Inferno», de António Lobo Antunes. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 14.ª edição (1.ª edição ne varietur), Novembro de 2004, pág. 141

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