terça-feira, 25 de abril de 2006

O regresso do repelente

Ao propósito deste senhor, subdirector do Diário de Notícias, que se dá pelo nome de João Morgado Fernandes, já aqui havia escrito isto relativamente a um assunto completamente diferente do que me traz aqui hoje.
Através do blogue de
Jorge Ferreira – que o enlaçou – o homem dos linguados escreve esta prosa de uma sobranceria e de uma tacanhez dilacerantes:

«As comemorações de vitória do FCPorto são das coisas mais rascas e abjectas que passam na televisão. A reboque de uma mera vitória desportiva, levamos com um chorrilho de palavrões e gestos de ódio, verbal e físico, como raramente se vê e ouve. Não há pinga de alegria naquela gente, só álcool. Daquelas bocas só saem duas coisas: palavras de ódio para com os adversários, num vernáculo repetitivo, sem graça; incitações ao ódio regionalista, num timbre desmiolado, animalesco. Mas, enfim, como se trata de futebol, ninguém repara, ninguém se importa, ninguém leva a mal.»

A propósito desse texto, no mínimo e para não fazer estalar o verniz, deplorável, deixei-lhe na caixinha de comentários o seguinte linguado… perdão, texto, com algumas alterações de forma:

«Ó senhor subdirector,
Com o cargo que ocupa não deveria documentar-se e verificar que todas as comemorações de todos os clubes, sem excepção, são de um trogloditismo primário?
Ainda não decorreu 1 ano e já se esqueceu dos impropérios avermelhados?
Não se lembra da triste final da Taça entre o Sporting e o Benfica com a morte de um adepto, assassinado pelo lançamento de um very-light?
Esqueceu-se das pedras arremessadas e cânticos de ódio, de uma obscenidade gritante, aquando da entrega da Taça [de Portugal] aos jogadores do Porto – conquistada ao Sporting – pela então Ministra da Educação Manuela Ferreira Leite?
Esqueceu-se do apedrejamento do Dr. Domingos Gomes quando este, em Alvalade, socorria jovens sportinguistas que caíram de um varandim para insultar e apedrejar os jogadores do Porto quando estes chegavam ao estádio de autocarro?
E poderia continuar!
Como jornalista que é, considero incrível essas características de memória selectiva e de completa parcialidade na análise dos factos, agravadas pela condição de ser subdirector de um jornal nacional, o Diário de Notícias.»

Não é necessário acrescentar muito mais.
Ora, se a profissão do dador de linguados fosse a de calceteiro, canalizador ou até palhaço, até poderia compreender a sua chocante ignorância – chamemos-lhe eufemisticamente assim.
Porém, este senhor dirige um jornal nacional com pergaminhos, o
Diário de Notícias, dirigindo, por certo, jovens jornalistas e exercendo, ademais, a profissão de escriba do periódico.
No meu entender, o que define um bom jornalista são as qualidades da imparcialidade, da honestidade e da independência; o bom jornalista é aquele que antes de publicar uma notícia, confirma as fontes, efectua um aturado enquadramento do tema em questão, seguindo um código deontológico que rege a profissão. Em abono da verdade, o autor do Dando Linguados não o mantém em pé na qualidade de jornalista, mas na qualidade de blogger. Logo, a manápula da deontologia profissional decerto não o deverá atingir. Todavia, o autor não pode despir a sua pele e umas vezes ser a “Emília patroa” cheio de mesuras e de cuidados jornalísticos, e noutras a “Emília costureira”, brejeira, boateira, alcoviteira e até ronceira.
No meu caso, há muito que já não dava esmola para o peditório do jornal nacional, de origens lisboetas, agora detido por capital residente no norte do país. Depois desta execrável cabotinagem, nem de borla pela Internet.

Nota: Dou apenas dois exemplos dos salutares cânticos e comemorações de outras claques: esta e esta. Através de uma curtíssima pesquisa e sem esforço cheguei a estes dois excelentes exemplos do caciquismo e da boçalidade que é transversal no futebol português. Investigue, certifique-se e depois publique.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não é bonito, mas a verdade é que os insultos abundam no futebol, qualquer que seja o clube. A teoria subscrita por esses senhores de que os adeptos do FCP são trogloditas e que os outros é que têm nivel é uma mera fantasia que eles vão repetindo para se tentarem convencer de que têm razão. Mas se tivessem vergonha na cara, percebiam as palermices que dizem. A memória é curta e a inveja é muita!

Anónimo disse...

O problema Hugo é que nos últimos 20 anos o FCP ganhou 13 títulos nacionais. Ora, daí resulta que o número de celebrações para amostra é muito superior ao dos congéneres lisboetas.
No entanto, a memória é mesmo selectiva ou então curtíssima, já que no ano anterior levámos com 1 semana de festejos benfiquistas, onde abundaram a saloiice e a boçalidade, que só não foram prolongados por mais tempo porque 1 semana após a conquista do campeonato perderam a Taça de Portugal para o Setúbal.

Anónimo disse...

Quando a dor de cotovelo é muita, ou a parolice não nos deixa ver mais longe, saem coisas assim. Mas, deixa lá, pois deles será o Reino dos Céus.
Abraço!