quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Preocupações, desejos e outras coisas para 2009


Começo com uma irritação – afinal é o tom que ultimamente mais se adequa a este blogue, dado o microcosmos relacional do seu autor: os responsáveis pela manutenção do BlogRolling continuam a empatar com a conversa da nova plataforma, melhoramentos, da vitimização perante esses cruéis hackers espalhados pelo mundo, do trabalho insano de reconstituição do serviço… desde Outubro! A partir de então estou impedido de remover, alterar endereços ou os títulos dos blogues já existentes. Só consigo adicioná-los, mas está-me vedado o deslincamento, essa potencial arma de destruição em massa na blogosfera. Não fora a quantidade de hiperligações, ter-me-ia dedicado a criar o arrolamento na plataforma do Blogger.

Felicitações ao Eduardo Pitta pelo 4.º aniversário do seu blogue Da Literatura – extensíveis, como é óbvio, ao meu conterrâneo João Paulo Sousa –, um dos meus blogues de leitura diária e, como é possível comprovar, consta da Via-Sacra deste blogue (coluna do lado direito). E, já agora, um bom ano de 2009 para os seus autores. Este ano optei pela não particularização, via telefone, e-mail ou texto no blogue, limitei-me a encher um post com um muito a propósito poema de Thomas Hardy.

Para continuar na onda de atribuição de prémios e comendas, não poderia esquecer-me de Dana Stevens por esta brilhante abertura de um artigo seu, publicado em 29 de Dezembro último na página da Slate: «I must have the opposite of Asperger’s syndrome: I'm allergic to hierarchies, lists, and ranking.» Em primeiro lugar, fiquem a saber que deixarei passar o feriado na tranquilidade possível do meu lar, para amanhã recorrer, de urgência, a um neurologista – talvez um dos Lobo Antunes – e tentar desfazer a associação entre listomania e a mencionada síndrome. Depois, é de realçar o notório mau gosto da senhora americana, nem caiu em graça, nem conseguiu ser engraçada. Finalmente, o horror a listas – listofobia – pode querer indiciar um distúrbio neurológico de outra ordem que a senhora desconhece, e pedras ao vizinho… e que eu tão-pouco pretendo conhecer.

O Abrupto continua na sua senda de corporização em blogue da presidencialmente famosa “Lei de Gresham”– eu já a conhecia desde os bancos da faculdade e comprovo a flexibilidade da sua utilização. E parece – que se realce o verbo, porque apenas se vislumbra um aparente nexo de causalidade – estar na origem da expulsão de mais uma boa moeda… Todavia, o mais grave do Grande Educador da blogosfera nem está tanto quando aquele se refere, por outras palavras, “ao muito de mau que se faz nesta blogosfera lusa”, felizmente efervescente, mas, quando usando da falácia facilmente adquirida no seu miasmático milieu dos jogos sórdidos da política, se refere aos outros blogues, que segundo diz, visita diariamente, e aos seus autores no seu tom professoral e de guia espiritual, talvez servindo-se do seu livrinho de antanho, vide o elogio sofista que faz ao meu muito estimado João Gonçalves: «O blogue que eu mais leio continua a ser o Portugal dos Pequeninos. O que João Gonçalves escreve é muitas vezes irritante, tem o defeito de aceitar como válidas informações em segunda mão, - o que num blogue "pesado" ainda resulta mais errado ou injusto, - mas continua a ser das poucas e cada vez menos coisas legíveis na blogosfera.» É, apenas, execrável.
Mas a enunciação da verdadeira etiologia das tristes palavras naquele texto patético-colérico, é muito bem feita pelo Pedro Mexia numa única frase:

«Pacheco tem aquela velha repugnância marxista pelo registo autobiográfico emotivo, e por isso não liga à blogosfera do CÁ DENTRO, mas a blogosfera do CÁ DENTRO tem gente interessantíssima, culta e de boa prosa.»

Quanto a livros, aguardo a concretização da promessa de publicação do magnum opus de Don DeLillo, Underworld, pelos responsáveis da nova e excelente editora Sextante. E, apesar, de haver lido o 2666 de Bolaño na sua língua original, faço eco do apelo do homónimo, por pseudónimo, do conhecido femeeiro Giacomo Girolamo do século XVIII – ao autor do apelo não me refiro porque cortou a sua ligação a este blogue: publique-se, com urgência, o dito romance.

Finalmente, tenho vontade de fechar esta coisa. Arrancos e arremedos não me têm faltado – aliás, quem já me conhece o suficiente, via blogue, sabe desta minha faceta de consistente na inconstância. Mas procurarei dedicar-me mais à Literatura, que no último ano foi bastante descurada. Embora não se tenha reflectido na quantidade de leitura de livros publicados no ano, atente-se, por exemplo, no número de notas de apreciação (ou pseudo-recensões) escritas em 2008 por comparação às elaboradas em 2007: 8 contra 34.

A todos, uma vez mais e sem excepção, desejo um bom ano de 2009.

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