Volto ao célebre artigo de Don DeLillo de onde foram retiradas as palavras que constam da epígrafe deste blogue (e integram o segundo texto da 3.ª fase da minha vida na blogosfera: Nunca Mais), e volto, por força das palavras impressas, a O Náufrago de Thomas Bernhard, o abismo do isolamento – que DeLillo afirma ser uma forma abreviada de uma execução dentro da lei –, talvez simbolizado pela Moenchsberg [tradução literal na versão inglesa Monk’s Mountain (A Montanha do Monge)]:
«[…] Moenchsberg, a que se chama também o Monte do Suicídio porque é o que há de mais apropriado para um suicídio e, realmente, três ou quatro suicidas por semana, pelo menos, despenham-se do seu cume. Os suicidas sobem no elevador instalado no interior do monte, dão meia dúzia de passos e precipitam-se sobre a cidade. Sempre me senti fascinado por aqueles que vinham esborrachar-se na rua, e eu próprio subi muitas vezes ao Moenchsberg, a pé ou no ascensor (como aliás também o Wertheimer), na intenção de me atirar dele abaixo, mas não me atirei (e o Wertheimer também não!). Por várias vezes estive pronto a atirar-me, mas, tal como o Wertheimer, nunca cheguei a fazê-lo. Voltei as costas ao precipício. É evidente que até hoje houve muitos mais a voltar as costas do que a saltar, pensei.»
Thomas Bernhard, O Náufrago, p. 12.
(Lisboa: Relógio D’Água, 1987, 144 pp; tradução de Leopoldina Almeida; obra original: Der Untergeher, 1983)
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