terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

6 Goyas para a Obra

Realizou-se anteontem à noite a 23.ª sessão de entrega dos prémios Goya da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Espanha.
Se dúvidas restassem quanto à expansão da impressionante máquina de produção cinematográfica em Espanha, um número, 163 longas-metragens a concurso, serviria para desfazer qualquer equívoco, para além das 110 curtas-metragens candidatas – não esquecendo que a Academia Espanhola procura envolver toda a comunidade de língua castelhana espalhada pelo mundo, como também os idiomas regionais de Espanha.
Questões para reflectir, enquanto por cá se produz e discute o cine-lixo, ainda por cima de contrafacção da Meca do cinema mundial, renegando os valores próprios da nossa cultura, que os espanhóis tão sabiamente sabem proteger, apesar da inevitável tendência mimética facilmente vislumbrável em muitos dos seus filmes.

Depois das nomeações, anunciadas no passado mês de Dezembro, o grande vencedor da noite foi o filme Camino do realizador madrileno Javier Fesser (n. 1964), nomeado para 7 categorias, arrecadou 6 prémios Goya: melhores “Filme”, “Realizador”, “Argumento Original”, “Actor Secundário – Jordi Dauder”, “Actriz – Carmen Elías” e “Actriz Revelação – Nerea Camacho”.

Camino, baseia-se em factos reais e narra a luta eterna entre a fé e a razão, entre o espiritual e o humano, numa triste história da morte de uma menina inserida com a sua família no meio da sinistra organização religiosa Opus Dei fundada por Josemaría Escrivá de Balaguer – agora santo, protagonista da canonização mais rápida de toda a história da Igreja Católica, ainda no papado de João Paulo II. Camino é também o título do livro escrito pelo fundador da Obra em 1939 que serve de guia a todos os sectários da prelatura pessoal do Papa.
Ai a dor como redenção… pobre Severin*.

(Carregar aqui ou aqui para obter mais informações sobre o filme vencedor.)

Entretanto, fiquemo-nos pelo trailer, para a conversa não divergir para os meandros de tão obscura organização tentacular, tanto em Espanha, como em Portugal, assim como o arrojado enraizamento na América Latina:

Uma sociedade de damas e cavalheiros vem jantar às seis da tarde. Eu sirvo à mesa e, desta vez, não entorno o vinho. Uma bofetada vale mais que dez repreensões: por seu intermédio compreendemos depressa, particularmente se for aplicada por uma pequenina e gordinha mão de mulher.»
Leopold von Sacher-Masoch, A Vénus de Kazabaïka, p. 127
(Lisboa: Relógio D’Água, 1994, 174 pp.; tradução de Ana Hatherly; obra original: Venus im Pelz, 1870.)

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

hum....

:)

tá bem________obrigada.


gostei de saber....mas tb gosto sempre de passar por aqui...discreta. discretamente.


abraço. cordial.