domingo, 4 de outubro de 2009

Roth Nogueira Pinto

«Será para isto que serve a eternidade, para uma pessoa remoer todas as minudências de uma vida inteira? Quem poderia imaginar que ia ter de se lembrar para sempre de cada momento da vida, até ao mais pequeno pormenor? Ou será que esta vida depois da morte é só minha e, do mesmo modo que cada vida é única, também cada vida depois da morte o é, cada vida depois da morte é uma impressão digital imperecível diferente de todas as outras? Não tenho maneira de saber. Tal como na vida, só sei o que é, e na morte, o que é, é afinal o que foi. Não só estamos acorrentados à nossa vida enquanto a vivemos como continuamos presos a ela depois de morrermos.»
Philip Roth, Indignação, p. 52
[Algragide: Dom Quixote, 1.ª edição, Setembro de 2009, 175 pp; tradução de Francisco Agarez; obra original: Indignation, 2008.]