Como já se tornou um hábito nesta época do ano, foi anunciada a lista dos semifinalistas do International IMPAC Dublin Literary Award. A referida lista é constituída por 146 romances de outros tantos autores.
Nesta primeira fase de selecção intervieram 153 bibliotecas, espalhadas por 117 cidades de 47 países de todos os cantos do mundo.
Segue-se, agora, uma 2.ª fase, a cargo de um júri pré-seleccionado constituído por cinco elementos, e presidido por um sexto sem direito a voto, neste caso é o famoso juiz/escritor norte-americano Eugene R. Sullivan. A primeira tarefa do júri é desbastar a lista inicial, seleccionando aproximadamente dez obras que integrarão a lista de finalistas, cuja divulgação está marcada para o dia 2 de Abril de 2009.
Escolhidos os finalistas, atinge-se a 3.ª e última etapa, que consiste na eleição da obra vencedora dos cem mil euros em jogo que reverterão na íntegra para o autor, no caso de a obra seleccionada ter sido publicada originalmente em língua inglesa, ou serão repartidos numa proporção de ¾ para o autor e ¼ para o tradutor nos outros casos. O vencedor do IMPAC Award de 2009 será anunciado no dia 11 de Junho de 2009.
A curiosidade deste prémio reside precisamente nestas duas fases distintas de selecção, onde há a intervenção de especialistas de dois níveis distintos: bibliotecários, na 1.ª fase, e autores, críticos, editores e gente das letras nas duas últimas fases.
As regras para as bibliotecas seleccionadas através de candidatura previamente elaborada são bastante simples (replicação de um texto já publicado neste blogue com as necessárias adaptações para o ano em causa):
Como acabámos de ver, todos os anos o Dublin City Council, através da administração das bibliotecas públicas da cidade de Dublin recebe uma lista de obras de ficção nomeadas por responsáveis de bibliotecas espalhadas pelas capitais e principais cidades de países de todo o mundo.
Cada biblioteca pode nomear até 3 obras de ficção que apenas têm de obedecer a uma condição: a sua publicação em língua inglesa.
Para o prémio de 2009 só poderiam ser nomeadas:
- Obras originalmente publicadas em inglês durante o ano de 2007;
ou, - Obras originalmente publicadas noutra língua entre o quadriénio 2003/2007 e que hajam sido publicadas em inglês durante o ano de 2007.
Para o prémio de 2009, destacaram-se oito obras que obtiveram mais de quatro votos (entre as quais constam quatro que já foram publicadas em Portugal e uma outra a publicar em breve), no total dos 291 exercidos (para um máximo de 459 votos) pelas 153 bibliotecas (1 biblioteca – 3 obras diferentes; 1 obra – 1 voto):
- 18 votos – Khaled Hosseini, Mil Sóis Resplandecentes (Presença) – A Thousand Splendid Suns;
- 13 votos – Michael Ondaatje, Divisadero;
- 10 votos – Ian McEwan, Na Praia de Chesil (Gradiva) – On Chesil Beach (vencedor de dois British Book Awards: Reader's Digest Author of the Year por este romance e do Galaxy Book of the Year);
- 8 votos (2 obras) – Michael Chabon, The Yiddish Policemen's Union e Mohsin Hamid, O Fundamentalista Relutante (Civilização) – The Reluctant Fundamentalist;
- 7 votos – Junot Diaz, The Brief Wondrous Life of Oscar Wao (esta obra irá ser publicada pela Porto Editora; vencedor do 2007 The National Book Critics Circle Award – Fiction e do Pulitzer Prize for Fiction 2008);
- 6 votos – Anne Enright, Corpo Presente (Gradiva) – The Gathering (vencedor do Booker Prize 2007);
- 5 votos – Catherine O'Flynn, What Was Lost (vencedor do 2007 Costa First Novel Award, antigo Whitbread Award; vencedora do British Book Awards: Waterstone's Newcomer of the Year).
Com quatro votos ficaram nove obras, de onde destaco três de autores bem conhecidos do público português e com a respectiva obra publicada no mercado nacional: Don DeLillo, O Homem em Queda (Sextante) – Falling Man; J.M. Coetzee, Diário de Um Mau Ano (Dom Quixote) – Diary of a Bad Year; e o fabuloso romance de Mario Vargas Llosa, Travessuras da Menina Má (Dom Quixote) – The Bad Girl.
De notar, que toda a estatística atrás vertida pode revelar-se assaz irrelevante, na medida em que a palavra final cabe sempre ao júri seleccionado, podendo eleger como vencedor uma obra que, no limite, tenha obtido apenas uma nomeação (1 voto). Aliás, se atentarmos aos vencedores dos três últimos anos, verificamos que o vencedor de 2008 – Rawi Hage, Como a Raiva ao Vento (De Niro's Game) – foi nomeado apenas por 1 biblioteca, a Winnipeg Public Library, no Canadá, enquanto o vencedor de 2007 – Per Petterson, Cavalos Roubados (Out Stealing Horses) – foi nomeado somente por 2 bibliotecas, e ambas norueguesas; porém, em contraste com os seus sucessores, o vencedor de 2006 – Colm Tóibín, O Mestre (The Master) – foi previamente nomeado por 17 bibliotecas (menos uma que a obra de Hosseini no concurso deste ano).
Uma vez mais, Portugal participou na referida 1.ª fase de nomeação através das duas habituais bibliotecas: a Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP) ao jardim de São Lázaro e a Biblioteca Municipal Central de Lisboa (BMCL), situada no Palácio das Galveias.
BMCL (exerceu os 3 votos que tinha direito):
- Arturo Pérez-Reverte, O Pintor de Batalhas (Asa) – The Painter of Battles (1 voto no total);
- Ian McEwan, Na Praia de Chesil (Gradiva) – On Chesil Beach (votaram neste livro mais 9 bibliotecas);
- Jonathan Coe, The Rain Before It Falls (votaram neste livro mais 3 bibliotecas) – uma curiosa antecipação à possível edição portuguesa.
BPMP (apenas votou numa obra, que, acrescente-se, é cromo repetido de outros anos):
- Richard Zimler, A Sétima Porta (Asa) – The Seventh Gate (1 voto no total).
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