Foi anunciada a lista dos treze romances semifinalistas, candidatos ao Man Booker Prize de 2008. Destes treze romances sairão, no próximo dia 9 de Setembro, os habituais seis finalistas, entre os quais figurará o vencedor a ser anunciado no dia 14 de Outubro no habitual jantar no Guildhall em Londres.
Eis os 13 semifinalistas (lista organizada por ordem alfabética do apelido do autor):
- Aravind Adiga, The White Tiger
- Gaynor Arnold, Girl in a Blue Dress
- Sebastian Barry, The Secret Scripture
- John Berger, From A to X
- Michelle de Kretser, The Lost Dog
- Amitav Ghosh, Sea of Poppies
- Linda Grant, The Clothes on Their Backs
- Mohammed Hanif, A Case of Exploding Mangoes
- Philip Hensher, The Northern Clemency
- Joseph O’Neill, Netherland
- Salman Rushdie, The Enchantress of Florence
- Tom Rob Smith, A Criança n.º 44, Dom Quixote (Child 44)
- Steve Toltz, A Fraction of the Whole
Dos 13 romances, apenas um foi, por enquanto, editado em Portugal, trata-se de A Criança n.º 44, o 1.º romance do jovem escritor inglês Tom Rob Smith (n. 1979) publicado pela Dom Quixote, editora que aliás já prometeu a edição para breve do último romance de Sir Salman Rushdie (o amigo literário do crítico britânico James Wood, não atingindo, porém, o paroxismo da sólida amizade que une o autor aos islamitas e vice-versa).
Destaque para a segunda presença do truculento crítico, ensaísta e romancista, assim como artista plástico, John Berger, vencedor do galardão em 1972 (para os mais curiosos, o excepcional ano do meu nascimento) com o romance G. Berger, no discurso de aceitação do prémio, disse que iria doar metade do seu prémio aos então já extintos Black Panthers, devido à política colonialista da sociedade Booker nas Índias Ocidentais (desconhecendo, porém, que as suas plantações de cana-de-açúcar já haviam sido confiscadas pelo menos 10 anos antes). Dois tiros pouco certeiros… mas o show off teve o mérito de ficar marcado na história dos prémios, com insultos, trocas de acusações à mistura e abandonos de sala.
Para o irlandês Sebastian Barry (n. 1955) trata-se da segunda nomeação, depois de ter sido finalista vencido no excepcional ano de 2005 – ano em que venceu John Banville com o dilacerante O Mar (The Sea), relegando para segundo plano, para além do romance A Long Long Way (não editado em Portugal) do próprio Barry, o meu mais que favorito Nunca Me Deixes (Never Let me Go) de Kazuo Ishiguro, A Acidental (The Accidental) de Ali Smith, Uma Questão de Beleza (On Beauty) de Zadie Smith e Arthur & George (Arthur and George) de Julian Barnes.
Também Linda Grant, romancista e jornalista inglesa nascida em 1951, vê pela segunda vez um dos seus romances na listagem dos semifinalistas. Para além deste ano, Grant ficou-se por esta fase com o romance Still Here (não editado em Portugal) em 2002. Exactamente como o seu compatriota Philip Hensher (n. 1960) com The Mulberry Empire (obra não editada em Portugal).
Já Salman Rushdie para além de ter vencido os Booker of Bookers comemorativos dos 25 e dos 40 anos de atribuição do prestigiado prémio com o seu romance Os Filhos da Meia-Noite (Midnight’s Children, Booker Prize em 1981), foi finalista vencido em 1983, 1988 e 1995 com Vergonha (Shame), Os Versículos Satânicos (The Satanic Verses) e O Último Suspiro do Mouro (The Moor’s Last Sigh), respectivamente. No tal ano de 2005 ficou merecidamente pelo caminho como apenas semifinalista com Shalimar, O Palhaço (Shalimar The Clown), podendo gabar-se de ter tido por companhia Ian McEwan com Sábado (Saturday) e o Nobel da Literatura de 2003 J.M. Coetzee com O Homem Lento (Slow Man), também eliminados do sexteto final.
Os restantes elementos vêem pela primeira vez o seu nome inscrito numa listagem do galardão literário mais importante da língua inglesa a premiar uma obra originalmente publicada no Reino Unido, num dos países pertencentes à Commonwealth ou na Irlanda – correm, no entanto, rumores que a Booker Prize Foundation com o grupo financeiro Man têm vindo a estudar a hipótese de alargar o leque de alternativas permitindo a inclusão de obras de romancistas norte-americanos, originalmente publicadas nos Estados Unidos; resta esperar para ver se a tal apetecível perspectiva se concretiza.
Uma pequena provocação: apesar das discrepâncias geográficas, não passa pela cabeça dos organizadores do evento alterar as regras do galardão maior em língua inglesa, para, por exemplo, na próxima edição apenas incluírem na listagem de obras sujeitas a apreciação, aquelas que foram escritas exclusivamente por autores ingleses… do you know what I mean? (tradução: vocês sabem do que é que eu estou falando?)
2 comentários:
achei a provocação (que não é assim tão pequena) excelente...
Realmente Luís, a que ponto chegamos no servilismo literário.
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