Começo este texto com uma frase do escritor espanhol Enrique Vila-Matas estampada pela Editorial Teorema na contracapa do livro que aqui irei falar:
«Continua a perseguir-me depois de o ter lido. Um livro esplêndido.»
De facto não consigo encontrar melhores palavras para descrever a sensação que experimentei após haver devorado o 1.º romance do escritor catalão Albert Sánchez Piñol “A pele fria” (La pell freda, 2002), editado em Portugal em Janeiro deste ano pela Teorema.
Alguns rotulam-no como um livro de ficção científica ou até de aventuras. Todavia, espartilhá-lo nessas categorias, normalmente menores, ter-me-iam afastado da sua leitura.
A pele fria é um romance de apenas 236 páginas – na edição portuguesa, claro está – que nos faz percorrer todo um espectro de sensações, por vezes antagónicas, no decurso da sua narrativa.
Frequentemente, as evocações apostas a um determinado tipo de romances contêm uma ou mais referências qualificativas da “Natureza Humana”: negra, cruel, perversa, obscura, etc. Essa descrição repete-se infindavelmente como um irritante estribilho, cuja estafada reiteração nos faz insensibilizar perante o indício da sua presença, tal como a permanente evocação do lobo pelo rapaz traquinas. No entanto, A pele fria perscruta a mente e a natureza humanas com uma aparente facilidade que nos deixa estonteados. O Homem perante a novidade, a dúvida, o incerto, o medo e os consequentes artifícios intelectuais que se criam e se transmutam ou em actos reflexos ou em acções concertadas para combater esses estados de precariedade e de fraqueza.
Esta é a singela história da humanidade e dos irreversíveis corolários da sua interacção com a natureza.
Contar mais estragaria, por certo, o prazer da descoberta na sua leitura, que página a página nos enreda nas suas mensagens subliminares.
Até agora, o melhor deste ano! Genial!
Alguns rotulam-no como um livro de ficção científica ou até de aventuras. Todavia, espartilhá-lo nessas categorias, normalmente menores, ter-me-iam afastado da sua leitura.
A pele fria é um romance de apenas 236 páginas – na edição portuguesa, claro está – que nos faz percorrer todo um espectro de sensações, por vezes antagónicas, no decurso da sua narrativa.
Frequentemente, as evocações apostas a um determinado tipo de romances contêm uma ou mais referências qualificativas da “Natureza Humana”: negra, cruel, perversa, obscura, etc. Essa descrição repete-se infindavelmente como um irritante estribilho, cuja estafada reiteração nos faz insensibilizar perante o indício da sua presença, tal como a permanente evocação do lobo pelo rapaz traquinas. No entanto, A pele fria perscruta a mente e a natureza humanas com uma aparente facilidade que nos deixa estonteados. O Homem perante a novidade, a dúvida, o incerto, o medo e os consequentes artifícios intelectuais que se criam e se transmutam ou em actos reflexos ou em acções concertadas para combater esses estados de precariedade e de fraqueza.
Esta é a singela história da humanidade e dos irreversíveis corolários da sua interacção com a natureza.
Contar mais estragaria, por certo, o prazer da descoberta na sua leitura, que página a página nos enreda nas suas mensagens subliminares.
Até agora, o melhor deste ano! Genial!
1 comentário:
"De facto não consigo encontrar melhores palavras para descrever a sensação que experimentei (...)". Ainda bem. O produto original é sempre preferível a imitações baratas.
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