Este blogue não chegou à altura de comemorações ou de felicitações, mas é inegável que meio ano de blogue em pé – salvo seja! – é mais do que cheguei a imaginar quando o iniciei a 17 de Dezembro do ano passado.
De muito aqui se falou, em muito este espaço me ajudou.
Não o vou negar, este blogue já é uma parte importante da minha vida, embora seja por vezes assolado pela angústia do tempo despendido na sua construção diária.
Desfrutei do real privilégio de dialogar, de cara tapada por um ecrã LCD – torna mais fácil o diálogo neste mundo insensibilizado pela inexorabilidade da luta quotidiana –, com pessoas fascinantes que me escreveram, que aqui comentaram e que nos seus blogues aqui se ligaram.
Passei por bons e memoráveis momentos, porém, em algumas fases destes longos seis meses, passei por momentos de vida difíceis, atribulados e de algum afogo que indelevelmente se transmutaram nos textos aqui postados. No entanto, foi deveras gratificante verificar que, desses mais ou menos longos períodos de angústia e na minha eterna e pueril credulidade da amizade desinteressada, fiquei a conhecer pessoas, algumas distando fisicamente a mais de trezentos quilómetros, infinitamente boas cujas qualidades já eram demonstradas nos textos que publicavam nos seus respectivos blogues. Não os irei aqui nomear, porque esses de quem falo neste momento sabem que é a eles que me refiro; só lhes queria dar o meu testemunho do seu inestimável contributo para me proporcionarem uma vida melhor. Este é, na realidade, o verdadeiro poder das letras.
Lamechices à parte, à laia de uma putativa comemoração – já que só me sentirei realmente congratulado se conseguir dobrar o dia 17 de Dezembro de 2006 – deixo aqui os livros que me proporcionaram momentos de verdadeiro deleite literário.
O critério seguido nada tem de científico e nem resultou de uma análise das capacidades e qualidade literárias dos autores, dos tradutores e das editoras, porque a minha formação académica e a minha carreira profissional nada têm que ver com o fabuloso mundo das letras. Sou apenas um amador que amiudadamente divaga sobre livros porque estes preenchem os meus momentos de ócio ou aqueles em que se me assola uma angústia paralisante.
Logo, peço perdão a todos aqueles que me lêem, cujas profissões ou actividades de alguma forma se relacionam com as letras, pelos eventuais crimes literários aqui cometidos. Sou apenas um leigo amante da literatura.
Os Livros – critério de selecção e escolhas:
- Todos e apenas os editados em Portugal no ano de 2006 que tive o prazer de ler;
- A classificação é qualitativa, embora exista uma quantificação de base: Obra-prima (6 estrelas), Muito Bom (5), Bom (4), A Ler (3), Medíocre (2), Péssimo (1);
- A ordem dos livros dentro de cada categoria segue o critério de ordenação onomástica português (autor) e nada tem que ver com uma avaliação intra-grupo;
- Apenas serão aqui revelados livros que se encaixaram nas 4 primeiras categorias;
- De entre todos os livros que tive a oportunidade de ler desde o primeiro dia deste ano, apenas 23 obedeciam ao primeiro critério (editados em 2006);
- Dos 23 seleccionados, a esmagadora maioria são obras de ficção (o meu campo dilecto), se bem que deles constem por exemplo ensaios, críticas e crónicas;
- Do conjunto de 23 livros, 16 cumprem o critério 4, logo apenas 16 livros irão ser aqui revelados.
A lista
Obra-prima
- Convite para uma decapitação, de Vladimir Nabokov, Assírio & Alvim
Muito Bom
- A pele fria, de Albert Sánchez Piñol, Teorema
- A acidental, de Ali Smith, Bico de Pena
- A Sinfonia Pastoral, de André Gide, Ambar
- As loucuras de Brooklyn, de Paul Auster, Asa
Bom
- Época de migração para norte, de Al-Tayyeb Salih, Cavalo de Ferro
- O mar de Madrid, de João de Melo, Dom Quixote
- Ao meu filho, de Marilynne Robinson, Difel
- Mulher em branco, de Rodrigo Guedes de Carvalho, Dom Quixote
- O remorso de Baltazar Serapião, valter hugo mãe, QuidNovi
- História Natural da Destruição, W.G. Sebald, Teorema
A Ler
- Impressão indelével, de Camilo Castelo Branco, Guerra & Paz
- Kafka à beira-mar, de Haruki Murakami, Casa das Letras
- Todos os dias, Jorge Reis-Sá, Dom Quixote
- Pobre e mal agradecido, de Rui Tavares, Tinta da China
- Shalimar, o Palhaço, de Salman Rushdie, Dom Quixote
Nota: a próxima lista só será revelada para o final do ano ou para o início de 2007. É claro, se ainda por cá andar!
6 comentários:
Parabéns pelos seis meses bem produtivos. Em quantidade e qualidade. Abraço
Pedro obrigado pelas palavras sempre amigas.
No entanto só soltarei os foguetes e porei a banda a tocar se conseguir resistir até Dezembro.
Um abraço
Parabéns, André!
Continuarei a passar por cá, e espero estar a deixar outro comentário em Dezembro ... por altura do 1o aniversário!
:)
Os seis meses são trágicos, faz-se o balanço e apetece parar. Depois vamos ficando ancorados no blogue, quase dependentes, um vício recorrente, senão diário.
Livre-se!
Parabéns, com dois dias de atraso.
Por coincidência, o dia 17 é também para nós o dia de aniversário. O Porque fará um ano em Dezembro, o Ultraperiférico exactamente um mês depois. Pelo menos assim espero.
Obrigado pelas palavras que, como a Amália se alimentava de palmas, são um incentivo a continuar a escrever e a ler com deleite os vossos textos.
Enviar um comentário