quinta-feira, 8 de junho de 2006

A quem belamente pertences?

A Linha da Beleza
Ontem à noite, a Dois emitiu o 2.º episódio de A Linha da Beleza, sob o título “A quem o Senhor belamente pertence?” – para o título deste texto preferi dar-lhe uma aragem mais coloquial.
Eis Nick na famosa dança com Mrs. T – Margaret ou Madame – emprestando o seu idiossincrático glamour à festa dos Fedden.
Comecei pelo fim, quando Gerald agradece o sucesso do festim Conservador a Penny… e, claro, a Nick, convidado de apelido, por isso não incluído na turba política, empresarial e aristocrática da impassível Londres.
Este foi o episódio das revelações. A assunção pública de Nick perante os poderosos Tipper; a vida dupla de Gerald; a dolorosa descoberta de Leo e da presumível doença de que padece; as drogas, os jogos sexuais e o poder do dinheiro; a aristocrática intolerância pela diferença; o repulsivo encobrimento da orientação sexual misturado com a devassidão e a luxúria privadas de Wanni; o círculo impenetrável das relações sociais da alta sociedade londrina.
Nick entrevê o enquadramento e apercebe-se de que aquele núcleo restrito não premeia a beleza, nas suas formas de compostura, de erudição e de carácter. São os pergaminhos, os contactos, a linhagem e, por fim, a riqueza – quando não se possuem as primeiras – que prevalecem.
Nick fecha a porta do 29 de Kensington Park Gardens e, finalmente, percebe a inexpugnabilidade daquela fortaleza na qual, por mais sublime e harmonioso que se possa manifestar, jamais belamente entrará.

Notas
  1. Ver o que escrevi aqui sobre o 1.º episódio;
  2. Ver também este texto do Ricardo no seu blogue Devaneios;
  3. Excepcionalmente, esta semana a música na grafonola, aqui do lado direito, não permaneceu os habituais 7 dias. Que me desculpem os jovens deuses suíços, mas quando a nostalgia de loucas e idas estações da vida bate à porta da sã memória, nela devemos entrar e demorarmo-nos por uns tempos para que a impiedade das atribulações quotidianas não nos deixe apenas o azedume de uma pressuposta juventude mal vivida. Assim, cá ficam os saudosos Orchestral Manoeuvres in the Dark (O.M.D.), com a música de ontem em A Linha da Beleza.

Sem comentários: