Ontem estreou na 2: a minissérie britânica «A Linha da Beleza», adaptada do romance homónimo, vencedor do Booker Prize em 2004, de Alan Hollinghurst.
Devo confessar que o primeiro episódio, exibido ontem, não foi nada mau – subtil e subliminar. Os sessenta minutos passaram a correr, apesar de alguns laivos da típica e entediante fleuma britânica corporizada na cor e nos meneios de representação.
Estou de acordo com o Ricardo quando refere que adorou a figura de Lord Kessler – o típico celibatário lorde inglês, amante da arte e da beleza, não dispensando, porém, os prazeres mais seculares.
Nick Guest está bem representado, corresponde à imagem que dele se retira do livro de Hollinghurst. Com a sua bem marcada RP – Received Pronunciation – que sobressai em termos como “Barwick”, “Lord” e “Port” – este último vítima da chacota de Leo, a propósito de uma festa que iria ocorrer no n.º 29 de Kensington Park Gardens.
A linha da beleza, conceito difuso, inventado pelo esteta, pintor e ilustrador inglês do século XVIII William Hogarth que afirmou que na natureza não há linhas direitas, ela é representada por curvas, e a linha da beleza – a que Hogarth chamou “ogee” – é a mais perfeita, constituída por uma curva dupla em forma “S” alongado. A não existência da linearidade ou da linha direita – “straight” na língua inglesa – revela a ambiguidade e a perplexidade… a dúvida, a cobiça e a intriga na paradoxalmente ortodoxa e segregacionista aristocracia e alta sociedade britânicas.
Delicioso o pormenor da reprodução da pintura pré-rafaelita de Hunt (William Holman Hunt, The Shadow of Death, Óleo sobre tela, 1869-1873, exposto no Manchester City Art Galleries) no centro da sala de estar de Leo Charles. A sombra de Cristo, o fervor religioso da mãe, a interpretação ambígua da imagem invertida projectada na parede da carpintaria...
To be continued, next Wednesday.
Devo confessar que o primeiro episódio, exibido ontem, não foi nada mau – subtil e subliminar. Os sessenta minutos passaram a correr, apesar de alguns laivos da típica e entediante fleuma britânica corporizada na cor e nos meneios de representação.
Estou de acordo com o Ricardo quando refere que adorou a figura de Lord Kessler – o típico celibatário lorde inglês, amante da arte e da beleza, não dispensando, porém, os prazeres mais seculares.
Nick Guest está bem representado, corresponde à imagem que dele se retira do livro de Hollinghurst. Com a sua bem marcada RP – Received Pronunciation – que sobressai em termos como “Barwick”, “Lord” e “Port” – este último vítima da chacota de Leo, a propósito de uma festa que iria ocorrer no n.º 29 de Kensington Park Gardens.
A linha da beleza, conceito difuso, inventado pelo esteta, pintor e ilustrador inglês do século XVIII William Hogarth que afirmou que na natureza não há linhas direitas, ela é representada por curvas, e a linha da beleza – a que Hogarth chamou “ogee” – é a mais perfeita, constituída por uma curva dupla em forma “S” alongado. A não existência da linearidade ou da linha direita – “straight” na língua inglesa – revela a ambiguidade e a perplexidade… a dúvida, a cobiça e a intriga na paradoxalmente ortodoxa e segregacionista aristocracia e alta sociedade britânicas.
Delicioso o pormenor da reprodução da pintura pré-rafaelita de Hunt (William Holman Hunt, The Shadow of Death, Óleo sobre tela, 1869-1873, exposto no Manchester City Art Galleries) no centro da sala de estar de Leo Charles. A sombra de Cristo, o fervor religioso da mãe, a interpretação ambígua da imagem invertida projectada na parede da carpintaria...
To be continued, next Wednesday.
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