domingo, 30 de dezembro de 2007

O Melhor de 2007: Cinema


Apesar da dor de cabeça de efeitos alusivamente cataclísmicos que me afecta no momento – verdade confessada, à laia de pedido de misericórdia pelo minimalismo explicativo que acompanha este texto –, consegui finalmente elaborar a prometida lista dos meus 10 filmes preferidos estreados durante o ano de 2007 em Portugal.
Sem mais delongas, ei-los por ordem de preferência (sobre alguns já foram proferidas algumas palavras neste blogue durante o ano):

  1. Zodiac, David Fincher;

  2. Promessas Perigosas, David Cronenberg (Eastern Promises);

  3. Control, Anton Corbijn;

  4. Cartas de Iwo Jima, Clint Eastwood (Letters from Iwo Jima, 2006);

  5. As Canções de Amor, Christophe Honoré (Les Chansons d’Amour);

  6. Livro Negro, Paul Verhoeven (Zwartboek, 2006);

  7. Mysterious Skin, Gregg Araki (2004);

  8. Bug, William Friedkin (2006);

  9. Pecados Íntimos, Todd Field (Little Children, 2006);

  10. Half Nelson – Encurralados, Ryan Fleck (Half Nelson, 2006).

Menções honrosas

  • Alpha Dog, Nick Cassavetes (2006) – um filme violento sobre a degenerescência da actual geração adolescente americana, à boa maneira de um Larry Clark com menos exibicionismo fálico, com excelentes interpretações: Timberlake é uma agradável surpresa;
  • Next – Sem Alternativa, Lee Tamahori (Next) – um filme arquetípico da máquina de sonhos chamada Hollywood: imaginativo, entretenimento na sua acepção mais pura;
  • Paranóia, D.J. Caruso (Disturbia) – surpreendente, um bom thriller, com algumas reminiscências hitchcockianas, e depois, o que dizer de Sarah Roemer?...
  • Super Baldas, Greg Mottola (Superbad) – uma das melhores comédias de adolescentes dos últimos anos, sem grande orçamento, sem grandes truques de realização e com um argumento genial.

Fiascos (por vezes com o mérito de incitar a pura náusea)

  • Ao Anoitecer, Lajos Koltai (Evening) – definitivamente, Michael Cunningham parece teimar em prosseguir o caminho da auto-imolação em favor do melodrama de plástico ou da literatura light: muita choradeira e choque emocional sem a fibra e a consistência de um bom argumento de suporte, adaptado neste caso de um romance menor de uma escritora que vai definhando, Susan Minot, um filme de quinta categoria a puxar à novela venezuelana – sem dúvida, entre os que vi, o pior filme do ano;
  • Assalto e Intromissão, Anthony Minghella (Breaking and Entering, 2006) – exige um Minghella de novo concentrado apenas na arte que o celebrizou, a realização;
  • O Bom Alemão, Steven Soderbergh (The Good German, 2006) – um terrível pastiche de Curtiz (Casablanca, 1942), de Welles e do filme negro americano; a cena final nem ao diabo lembraria na tentativa de profanação de uma obra-prima do Cinema, mas dizem que é cinema experimental...
  • A Estranha em Mim, Neil Jordan (The Brave One) – não terá sido realizado por um impostor que se fez passar pelo admirável realizador irlandês?
  • Peões em Jogo, Robert Redford (Lions for Lambs) – irritantemente panfletário;
  • Rescue Dawn – Espírito Indomável, de Werner Herzog (Rescue Dawn, 2006) – más interpretações, um filme aos solavancos, elíptico, uma sucessão de planos sem raccord, uma autêntica manta de retalhos em filme.

Neutro (ou simplesmente inócuo)

  • Lady Chatterley, Pascale Ferran (2006) – quando vi este filme rememorei um certo passado em que parecia anunciar-se o inexorável declínio do cinema europeu. Planos perfeitos, filme de actores, a espaços introspectivo, porém arrítmico e entediante.

Não vistos (susceptíveis de influenciar as escolhas finais)

  • O Bom Pastor, Robert DeNiro (The Good Shepherd, 2006);
  • Censurado, Brian De Palma (Redacted);
  • Gangster Americano, Ridley Scott (American Gangster);
  • A Morte do Sr. Lazarescu, Cristi Puiu (Moartea domnului Lazarescu, 2005);
  • Paranoid Park, Gus Van Sant;
  • As Vidas dos Outros, Florian Henckel von Donnersmarck (Das Leben der Anderen, 2006).

Nota: Livros, amanhã (se me deixarem).

4 comentários:

Anónimo disse...

Sem ter visto todos, não tenho dúvidas em afirmar que, de todos, o melhor foi mesmo Zodiac. Bom 2008!

Anónimo disse...

É realmente um filme soberbo.
Um bom ano de 2008.

Anónimo disse...

aqui há uns tempos, na altura da corrente, fiquei de te responder se o control faria parte dos filmes da minha vida. não sei, mas foi sem dúvida o meu filme do ano.

ps: ainda não vi o zodiac.


um abraço.

Anónimo disse...

João,
Não podes perder o Zodiac, é um filme introspectivo, com interpretações soberbas de Gyllenhaal e de Downey, Jr., e uma realização magistral, de puro génio, sem falhas.
Abraço