A blogosfera, nas suas características desventuradamente inextricáveis da fatuidade, do lustroso ringue de vinganças veladas e de elos quebrados por amuo ou até pela simples consideração narcísica de superioridade ante uma imensa maioria, por vezes imita a vida – aquela meretriz que se enleia, dissoluta, nas nossas convulsões sinápticas. Confesso que já não tenho a mínima pachorra para esse tipo de atitudes.
Cá vou continuando enquanto o prazer retirado pela minha presença em linha for superior ao desgaste provocado por certo tipo de comportamentos, mesquinhos e pueris.
Mantenho-me por aqui, norteando-me por uma prerrogativa que jamais abandonarei e que mantém viva a coluna da direita: a reciprocidade, como valor demonstrativo da consideração e da estima por uma multiplicidade de caracteres, gente anónima, que escreve na blogosfera para ser lida.
A desconexão, o desligamento ou, se se preferir, o deslincamento é o paroxismo do amuo.
Uns apagam uma ligação por uma altercação – que, na maioria das vezes, finda a efervescência, regressa à barra –, outros apagam-na pela tardia descoberta da não identificação. Depois há os critérios mais disparatados, que não tenho outro remédio senão aceitar, para plantar hiperligações a outros blogues, como por exemplo, a aferição milimétrica do grau de exaltação e de putativo sectarismo em certos assuntos da contraparte candidata a ligação.
Mas a estirpe mais repulsiva são os plantadores de ligações compulsivos, republicando o blogue dúzias de vezes por dia para que a ligação emerja das águas agitadas do Technorati, para depois, sem alguma razão que o justifique, se apagar a ligação precedentemente estabelecida após a verificação do aumento da média diária de visitas, apenas permanecendo aquelas que supostamente o reputam como um erudito, isto é, depois da não aquilatada fama evanescente, as ligações só se estabelecem se o proprietário é mediático, um possível impulsor de uma carreira almejada – são os arrivistas.
Bom, as considerações, em tom de desabafo, já vão longas, mas tinham de ser postadas.
Na coluna da direita passarão a figurar, a partir de hoje, novos blogues que entretanto fui descobrindo e que, de certa forma, resultaram da tal reciprocidade pública e privada, grande parte dela oriunda da iniciativa que aqui levei a cabo, com a ajuda de dezenas de bloguistas, na construção de uma lista alternativa de frases exemplares de abertura de obras de ficção.
Ei-los:
- O Afinador de Sinos, por A. Pedro Correia;
- Disperso Escrevedor, por Manuel José Matos Nunes;
- Floresta do Sul, um blogue do escritor António Manuel Venda;
- Forja de Palavras, por Scorpio;
- Francisco del Mundo, pelo próprio, meu caríssimo visitante e comentador;
- Linha do Norte, blogue colectivo onde escreve uma das maiores contribuidoras para a construção da lista de frases iniciais, M de Campanhã;
- Pedro Chagas Freitas, pelo próprio;
- Pensar Ansiães, blogue colectivo transmontano e duriense;
- Praça da República em Beja, ares do Alentejo por nikonman;
- Prima Scripta, por Jorge Andrade Silva;
- Viagens Interditas, por M. M. Botelho.
Boas divagações!
6 comentários:
primeiro obrigado pelos elos, só conheço três dos blogs, hei-de aproveitar.
mas sobre as considerações acerca das estratégias "linkadoras" um pequeno, sorridente, episódio. no meu velho ma-schamba fiz sempre reciprocidade (que me lembre só naõ retribuí a dois blogs explicitamente fascistas, meu critério concordante com a lei portuguesa). dava uma trabalheira, centenas de ligações ao fim de anos, ainda para mais tentando manter actualizada a lista, depurando-a da mortalidade bloguística. mas com prazer (até pretexto para ler blogs menos habituais: fazia-o por letras, cada dia uma letra inicial).
quando encerrei o blog alguém (confesso que me esqueci, até fui agora ao technorati ver se identificava) foi gentil e postou saudação sobre o assunto. fui ler e agradecer e nos comentários lá estava um outro bloguista dizendo que não lamentava nada o final, até merecido, pois o bloguista em causa (eu) não era credor de respeito e atenção. Isto dado que ele me tinha posto uma ligação e eu não a tinha devolvido, não era recíproco. Daí que me tinha deixado de ler (e respeitar, era o teor). Confesso que fiquei estuporado - anos na canseira do respeito mútuo (sabendo que muitos ligam apenas para serem notados, mas qual o problema? não prejudica ninguém) e afinal ... Ainda fui informando o colega co-bloguista (não me lembro quem, mas também não o diria se soubesse) que ele tinha um blog no Sapo e que o Techorati é muito falho nas ligações com o sapo (pelo menos entre sapo e weblog) - eu não sabia daquela ligação. Mas nem nada, nem resposta
mas a "fábula" tem moral: (para além da tontice rondante) por muito que se queira ser recíproco há sempre sensibilidades ofendidas... ou por outra, "ele há cada um"!
quanto aos que após alterca~ções ou discordâncias retiram a ligação, e continuam postando blasés, enfim... e depois, bom tempo depois, a retomam...fica o ridículo exposto, sempre a embrulhar muito o que escrevem
JPT,
Na realidade esqueci-me dessa excepção da não reciprocidade. Blogues que incitam ao ódio racial e xenófobo, às ideias totalitárias (de esquerda e de direita) também não me merecem essa reciprocidade. Até essa regra tem excepções.
Agora que é uma trabalheira, não o nego.
Eu próprio tenho os meus amuos na blogosfera, e, em 9 meses de bloga, já retirei por 1 ou 2 vezes no máximo uma ligação que, no dia seguinte, ao aperceber-me do ridículo da decisão tomada de cabeça quente lá voltaram à barra. Essa situação que aqui coloquei também teve prova empírica daqui deste pasquim.
Mas no meu texto não falo da não-ligação, isso tem que ver com uma atitude meramente editorial do autor do blogue. Falo, isso sim, do desligamento eterno sem que se percebam as razões. Irrita-me. Aborrece-me o facto de recorrer ao Technorati e verificar que há, todos os dias, uma nova ligação ao nosso blogue do mesmo blogue, quando afinal resultou da republicação insistente do blogue inteiro. Depois, estabelece-se a tal reciprocidade e agradece-se a amabilidade, para 2 ou 3 semanas depois verificar que o republicador compulsivo a retirou, deixando apenas os notáveis.
No que às ligações diz respeito há ainda um pormenor ou dois que gostaria de aflorar. Um deles será o destaque temporário que é dado a determinados blogues que eventualmente se tenham evidenciado por esta ou aquela razão. Outro remete para a alusão feita ao facto de o blog A ou B estar sob escrutínio das suas virtualidades, como quem diz, deste nas vistas, se continuares assim dou-te um link.
Sendo certo que um blog, até pela sua própria essência, existe no pressuposto de fazermos com ele o que nos der na real gana (incluindo manifestações racistas, xenófobas ou nazis que só lê quem quer) tenho de confessar que me causa alguma irritação os pormenores que referi. Até porque eles vêm, normalmente, dos chamados "blogues de referência" o que, à partida, confere uma inusitada importância aos contemplados. Os destacados e os observados.
Nem sei porque estou a falar disto. Talvez embalado pelas suas oportunas considerações sobre ligações.
Um abraço
Obrigado.
Um abraço
Obrigado pelo link e destaque.
amc: obrigada; confesso que na linha ainda não temos uma política para links e a preguiça vai reinando... de qualquer forma penso que as caixas de comentários já fazem muito bem esse papel de se dar uma mãozinha na divulgação de blogs amigos.
quanto a mim, independentemente do link, continuarei a vir ao porque, pelos livros.
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