sexta-feira, 11 de agosto de 2006

O Tirano Troglodita

O sempre solícito, marxista-leninista e ortodoxo, escritor José Saramago foi, como se sabe, um dos principais impulsionadores de um abjecto, torpe e até criminoso manifesto – que circula pela rede na ânsia cega de caça à assinatura ao patego – de apoio à ditadura cubana e à rápida convalescença do tirano dos puros habanos, de barba hirsuta – tal como o seu portador –, Fidel Castro.
Sobre o Saramago, por uma razão particular que não interessa aqui expor, apenas falarei mais adiante. Embora não me coíba – também gosto dos Partagas – de aqui expressar o meu repúdio por este nefando personagem da literatura lusa – ou espanhola?
Sobre este assunto, o Francisco José Viegas praticamente disse tudo no seu blogue
A Origem das Espécies com dois curtos e singelos textos, que traduzem a loucura patológica dos estalinistas pró-castro, materializada nas palavras desvairadas e nas ideias torcionárias defendidas sob o beneplácito das regras da sã convivência e da liberdade de expressão de um estado de direito democrático, muito longe dos Gulags e dos pelotões de fuzilamento.
O
primeiro texto de FJV consiste numa curta e incisiva citação do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante sobre o apoio dos escritores ao regime ditatorial cubano: «O gesto de se associar tão de perto a um tirano é perigoso para um escritor. Porque tiranos têm fins violentos.»

Agora, proponho que se leia um excerto de uma entrevista concedida pelo mesmo escritor cubano, Guillermo Cabrera Infante, à revista espanhola El Cultural publicada em 24 de Abril de 2003:

«Jornalista: Há uns dias Saramago anunciou que depois dos últimos fuzilamentos [de opositores cubanos em cuba] já não queria saber nada do regime cubano, que “até aqui havia chegado”. Também intelectuais como Grass ou Tabucchi, pouco suspeitos de serem inimigos da revolução, denunciam os seus abusos: o que é que mudou no Ocidente para que comece a cair a máscara que protege o ditador?

Cabrera Infante: Nem todos querem ser eternos cúmplices de um tirano. Haverá mais adversários à medida que Castro vá deixando cair a máscara e se mostre como mais um tirano, isto é, um tirano troglodita posto às claras. Há peritos em tiranos, como Naomi Campbell, que sabe que um tirano que está na moda não é o mesmo que um tirano a par da moda. Suspeito que quando falou com Castro não falaram do tamanho das saias ou de usar ou não usar sutiã. Spielberg ou Stone teriam falado da verdade como ficção ou do tamanho da barba ou da tinta para os cabelos brancos, porque eles também estão ao corrente. Agora mesmo acabo de saber que Stone realizou um documentário sobre Castro. Stone criou “natural-born killers”. Castro é a figura perfeita para Stone, ou seja, o criminoso nato. Recordo as visitas que Hitler e Estaline recebiam, em que gente mais conhecedora da política que os realizadores de Hollywood, como Bernard Shaw ou H. G. Wells, saía hipnotizada ao falar com os tiranos do momento.»

[O jornalista prosseguiu com as declarações de Cabrera Infante] «Mas não, não é o suficiente, não para o escritor, que recorda o dia em que veio visitá-lo «a viúva de um homem famoso pelas suas “ideias de esquerda” (os nomes não importam porque são supletivos). Ela havia visitado Cuba “a seu tempo” e perguntou-me por A Cuba de agora, e eu contei-lhe parte daquilo que sei e que a esquerda deveria saber. Nem me deixou terminar a enumeração dos horrores para dizer: “Que pena! Quando tudo parecia um sonho”. Eu disse-lhe, tive de lhe dizer, que aquilo que era um sonho para os visitantes era um pesadelo para os cubanos. A senhora pareceu cair num estado catatónico profundo e pediu-me para falarmos de outra coisa. De que outra coisa? Evidentemente do que fosse menos traumatizante, e não pôde ouvir a minha mensagem por completo.»

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