Alfred Andersch, escritor alemão nascido em Munique em 1914, morreu num auto-exílio em Ticino na Suíça em 1980. Inutilmente, adoptou a nacionalidade suíça no início da década de 70, processo que mereceu do seu amigo Max Frisch – escritor e arquitecto suíço – o seguinte comentário: «Ele gosta da Suíça; a Suíça não lhe dá que fazer» (pág. 123).
A história deste escritor alemão e das suas reviravoltas políticas e familiares são o epítome do arrivismo e da desonestidade intelectual nos períodos durante e após a II Guerra Mundial.
«A literatura alemã tem em Alfred Andersch um dos seus mais sadios e originais talentos» (pág. 97), este texto, que constava da badana de uma das suas obras, foi escrito pelo próprio Andersch. Foi estalinista, ingressou na Wehrmacht, regressou ao centro e acabou na esquerda. Nas palavras do escritor Hans Werner Richter – as quais não hesito em transcrever na íntegra – Andersch «era ambicioso. Não ambicioso como outros, não, a sua ambição apontava para muito mais longe. Os pequenos sucessos afiguravam-se-lhe perfeitamente naturais, não atentava neles especialmente, o seu fito era a fama, e não uma fama qualquer. Tinha-a por certa. O seu fito era a fama que vai mais longe, muito mais longe que o tempo, o espaço e a morte. Falava disso sem entraves e sem ponta de ironia. Uma vez, logo no princípio, ainda editávamos os dois Der Ruf [O grito], disse a uma grande roda de colegas e amigos que não só alcançaria Thomas Mann como lhe passaria à frente.» (pág. 99).
Como já referi noutros textos, parte deste percurso peculiar de Andersch – e que a ele recorro a propósito de Grass – encontra-se no ensaio, de leitura indispensável nos tempos que correm, de W.G. Sebald: “O escritor Alfred Andersch”. O ensaio está incluído na obra História Natural da Destruição, publicada no nosso país pela Teorema em Fevereiro deste ano – todas a citações anteriores pertencem-lhe.
De igual modo, de leitura imprescindível é o texto “Os bois pelos nomes” do Rui Miguel Brás, no blogue Coisas. Muitíssimo bem escrito, por um dos melhores redactores da blogosfera – afirmo-o sem qualquer tipo de pejo –, e de conteúdo irrepreensível e assaz pertinente nos exaltados dias de hoje.
Ah! Quase que me esquecia! A famosa biografia será de imediato colocada à venda…
A história deste escritor alemão e das suas reviravoltas políticas e familiares são o epítome do arrivismo e da desonestidade intelectual nos períodos durante e após a II Guerra Mundial.
«A literatura alemã tem em Alfred Andersch um dos seus mais sadios e originais talentos» (pág. 97), este texto, que constava da badana de uma das suas obras, foi escrito pelo próprio Andersch. Foi estalinista, ingressou na Wehrmacht, regressou ao centro e acabou na esquerda. Nas palavras do escritor Hans Werner Richter – as quais não hesito em transcrever na íntegra – Andersch «era ambicioso. Não ambicioso como outros, não, a sua ambição apontava para muito mais longe. Os pequenos sucessos afiguravam-se-lhe perfeitamente naturais, não atentava neles especialmente, o seu fito era a fama, e não uma fama qualquer. Tinha-a por certa. O seu fito era a fama que vai mais longe, muito mais longe que o tempo, o espaço e a morte. Falava disso sem entraves e sem ponta de ironia. Uma vez, logo no princípio, ainda editávamos os dois Der Ruf [O grito], disse a uma grande roda de colegas e amigos que não só alcançaria Thomas Mann como lhe passaria à frente.» (pág. 99).
Como já referi noutros textos, parte deste percurso peculiar de Andersch – e que a ele recorro a propósito de Grass – encontra-se no ensaio, de leitura indispensável nos tempos que correm, de W.G. Sebald: “O escritor Alfred Andersch”. O ensaio está incluído na obra História Natural da Destruição, publicada no nosso país pela Teorema em Fevereiro deste ano – todas a citações anteriores pertencem-lhe.
De igual modo, de leitura imprescindível é o texto “Os bois pelos nomes” do Rui Miguel Brás, no blogue Coisas. Muitíssimo bem escrito, por um dos melhores redactores da blogosfera – afirmo-o sem qualquer tipo de pejo –, e de conteúdo irrepreensível e assaz pertinente nos exaltados dias de hoje.
Ah! Quase que me esquecia! A famosa biografia será de imediato colocada à venda…
1 comentário:
No DD está uma incorrecção:
"Grass conquistou renome internacional com a trilogia que iniciou com «O Tambor» e continuou com o conto «Katz und Maus» («O Gato e o Rato»), tendo a te rceira parte tomado forma no romance «Hundejahre» («Anos de Cão»)."
Ora o livro que eu li - Hundejahre - está traduzido para português como "O Cão de Hitler" - Editorial Estúdios Cor - Julho de 1966, cuja capa publicarei no meu blogue.
Julgo que é um erro, para o qual convém alertar.
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