quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Frases iniciais exemplares (v. beta #14, #15 e #16)

Pela primeira vez, postarei aqui de uma assentada três citações de frases de abertura de romances.
Há critério?
Claro que sim! Três frases exemplares escritas originalmente nas línguas ibéricas, castelhano e português, as 3.ª e 6.ª línguas mais faladas no mundo, respectivamente – as 1.ª e 3.ª mais faladas no dito mundo ocidental.
As três citações resultam da colaboração de três autores de blogues nacionais, que num voluntarismo louvável tornam mais vivas as línguas faladas por 50 milhões neste finisterra que os homens de outrora, valorosos e destemidos, espalharam e exponenciaram pelos quatro cantos do mundo.

#14, contribuição de Mónica Granja, do blogue
Linha do Norte:
«Há um vento daqueles, carregado de poeira, quente, tenso.»
Francisco José Viegas, Longe de Manaus

(Asa, 2.ª edição, Maio de 2005, pág. 9)

#15, contribuição de Rui Miguel Brás, do blogue
Coisas:
«Quanto mais vou sabendo de ti, mais gostaria que ainda estivesses viva. Só dois ou três minutos: o suficiente para te matar.»
Miguel Esteves Cardoso, O Amor é Fodido

(Assírio & Alvim, 12.ª edição, 2004, pág. 9)

#16, contribuição do escritor António Manuel Venda*, no seu blogue
A Floresta do Sul:
«Chove mansamente e sem parar, chove sem vontade mas com uma infinita paciência, como toda a vida, chove sobre a terra que é da mesma cor que o céu, entre verde suave e cinzento suave, e a linha do monte já há muito se apagou.
– Há muitas horas?
– Não; há muitos anos. A linha do monte apagou-se aquando da morte de Lázaro Codesal, consta que Nosso Senhor não quis que ninguém voltasse a vê-la.
Lázaro Codesal morreu em Marrocos, na posição de Tizzi-Azza; muito provavelmente matou-o um mouro da cabila de Tafersit. Lázaro Codesal tinha grande habilidade para engravidar raparigas…»

Camilo José Cela, Mazurca para Dois Mortos

(Difel, 1996, pág. ?; Tradução de Maria Carlota Pracana e Salvato Telles de Menezes; Obra Original: Mazurca para dos muertos, 1983)

*No blogue do escritor poder-se-ão ler as frases de abertura de algumas das suas obras.

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