(Que bem que se aplica este título.)
Tudo começou no dia 18 de Fevereiro de 2005. Gisberta, transexual de 45 anos de nacionalidade brasileira, refugiava-se no estaleiro das obras do faraónico projecto “Pão de Açúcar” abandonado há décadas atrás.
Debaixo de placas de betão e de ferro ferrugento e retorcido pelo tempo, Gisberta encontrou um lar, um tecto, uma cobertura que a protegesse das intempéries e do frio húmido que, usualmente, envolve a cidade em tempos de invernia. Protegeu-se do vento, da chuva e da geada, contudo não se protegeu dos Homens, da maldade humana, da perversidade de catorzes imberbes que ousaram engendrar um mecanismo sórdido de descarga de adrenalina.
Não, não é homofobia! Não foi homofobia! É maldade e transigência dos seus patronos. São risos cúmplices, ataques velados, malformações de carácter… sórdidas conivências com quem precisa de ser ensinado a respeitar aquele que lhe é próximo, não por dogmas, por podres doutrinas emanadas do bafio de sacristia, de branqueamento da culpa, do perdão infinito que cria inimputáveis. É preciso ser-se Homem para se ensinar a ser Homem!
Como se pode ensinar o valor do respeito pela espécie humana, se quem ensina o atropela todos os dias nos cantos mais esconsos da sua vida? Quem avalia os doutrinadores?
Gisberta padecia de tuberculose e de hepatite B, depois descobriu que era seropositiva. Dormia abandonada nos escombros provocados por uma guerra imobiliária antiga, sem culpados aparentes, sem responsáveis… saíram impunes no país da impunidade.
De sábado 18 de Fevereiro a Segunda-feira 20, treze inimputáveis e um menor de 16 anos agrediram-na com paus e pedras, murros e pontapés; queimaram-na com pontas de cigarro, enfiaram-lhe um pau pelo ânus e, por fim, no último dia, arremessaram-na para um buraco cheio de água, onde o seu corpo inerte pela doença e pelos golpes bárbaros infligidos foi incapaz de resistir à tortura da morte por afogamento.
O juiz de direito – que bem que fica grafado em minúsculas! – que ontem proferiu a sentença disse que tudo aquilo que os rapazes cometeram sobre Gisberta proveio de uma «brincadeira de muito mau gosto».
Quid iuris?
Tudo começou no dia 18 de Fevereiro de 2005. Gisberta, transexual de 45 anos de nacionalidade brasileira, refugiava-se no estaleiro das obras do faraónico projecto “Pão de Açúcar” abandonado há décadas atrás.
Debaixo de placas de betão e de ferro ferrugento e retorcido pelo tempo, Gisberta encontrou um lar, um tecto, uma cobertura que a protegesse das intempéries e do frio húmido que, usualmente, envolve a cidade em tempos de invernia. Protegeu-se do vento, da chuva e da geada, contudo não se protegeu dos Homens, da maldade humana, da perversidade de catorzes imberbes que ousaram engendrar um mecanismo sórdido de descarga de adrenalina.
Não, não é homofobia! Não foi homofobia! É maldade e transigência dos seus patronos. São risos cúmplices, ataques velados, malformações de carácter… sórdidas conivências com quem precisa de ser ensinado a respeitar aquele que lhe é próximo, não por dogmas, por podres doutrinas emanadas do bafio de sacristia, de branqueamento da culpa, do perdão infinito que cria inimputáveis. É preciso ser-se Homem para se ensinar a ser Homem!
Como se pode ensinar o valor do respeito pela espécie humana, se quem ensina o atropela todos os dias nos cantos mais esconsos da sua vida? Quem avalia os doutrinadores?
Gisberta padecia de tuberculose e de hepatite B, depois descobriu que era seropositiva. Dormia abandonada nos escombros provocados por uma guerra imobiliária antiga, sem culpados aparentes, sem responsáveis… saíram impunes no país da impunidade.
De sábado 18 de Fevereiro a Segunda-feira 20, treze inimputáveis e um menor de 16 anos agrediram-na com paus e pedras, murros e pontapés; queimaram-na com pontas de cigarro, enfiaram-lhe um pau pelo ânus e, por fim, no último dia, arremessaram-na para um buraco cheio de água, onde o seu corpo inerte pela doença e pelos golpes bárbaros infligidos foi incapaz de resistir à tortura da morte por afogamento.
O juiz de direito – que bem que fica grafado em minúsculas! – que ontem proferiu a sentença disse que tudo aquilo que os rapazes cometeram sobre Gisberta proveio de uma «brincadeira de muito mau gosto».
Quid iuris?
Para mais pormenores sobre a sentença de ontem ler:
- «Gisberta», por Tiago Barbosa Ribeiro;
«apagar a gis, 2», por Fernanda Câncio (e outros textos da autora sobre o assunto no Glória Fácil).
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