Antes de prosseguir com as contribuições dos ilustres bloguistas, que já me enviaram quase duas dezenas de frases de abertura de obras de ficção em língua portuguesa ou para ela traduzidas, não poderia deixar de colocar aqui as palavras de um dos principais responsáveis pelo agravamento dos meus sintomas que concorrem para a síndrome da leitura compulsiva: interrogação, inquietação, revolta perante a impunidade e intolerância ante a crescente iniquidade.
«Do que eu gostava mais no Jardim Zoológico era do rinque de patinagem sob as árvores e do professor preto muito direito a deslizar para trás no cimento em elipses vagarosas sem mover um músculo sequer, rodeado de meninas de saias curtas e botas brancas, que, se falassem, possuíam seguramente vozes tão de gaze como as que nos aeroportos anunciam a partida dos aviões, sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fios de rebuçado na concha da língua.»
António Lobo Antunes, Os Cus de Judas
(Dom Quixote, 25.ª edição, Novembro de 2004, pág. 11)
«Do que eu gostava mais no Jardim Zoológico era do rinque de patinagem sob as árvores e do professor preto muito direito a deslizar para trás no cimento em elipses vagarosas sem mover um músculo sequer, rodeado de meninas de saias curtas e botas brancas, que, se falassem, possuíam seguramente vozes tão de gaze como as que nos aeroportos anunciam a partida dos aviões, sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fios de rebuçado na concha da língua.»
António Lobo Antunes, Os Cus de Judas
(Dom Quixote, 25.ª edição, Novembro de 2004, pág. 11)
3 comentários:
:)
tb andei à procura nos L Antunes mas não é justo: cada frase de abertura do homem é um parágrafo dos outros, assim não vale...
:)
É a verdadeira marca do homem...
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