quarta-feira, 9 de agosto de 2006

As Listas

O Luís Miguel Oliveira, do blogue As Aranhas, alertou, e bem, para o imperdoável esquecimento de algumas das mais geniais frases pela soberana AFI na eleição das 100 melhores frases em argumentos cinematográficos de sempre. O Luís refere-se a John Ford e a Otto Preminger, e muitos outros, decerto, faltarão.
Depois, para que a lista termine em beleza, surge a inevitável citação de “I’m the king of the world” dita por um esganiçado DiCaprio, supostamente enfrentando o frio glaciar do Atlântico Norte, que só se tornou famosa porque o xaroposo James Cameron, numa ousadia de fazer inveja aos marketeers, resolveu berrá-la (é o termo) no Shrine Auditorium quando recebeu o Oscar – apenas ultrapassável na escala do burlesco pelo patético Roberto Benigni em 1999. Aliás, Cameron é indirectamente citado por mais duas vezes com as frases “I’ll be back” do Terminator e “Hasta la vista, baby” do Terminator 2 que surgem nas 37.ª e 76.ª posições, respectivamente.

Para desenjoar – ou talvez não! –, não me poderia esquecer de aqui demonstrar a minha mais sincera admiração pelos programadores das noites de cinema da
2:.
Ontem, foi o magnificente “2001: Odisseia no Espaço” de Kubrick, o paroxismo do perfeccionismo e da harmonia, que começa e acaba ao ritmo da tonitruante abertura (Aurora) de “Assim Falava Zaratustra” de Richard Strauss.
Hoje, mais palavras para quê, Philip Marlowe em “À beira do abismo” (The Big Sleep):





Realizado por Howard Hawks, baseado no romance homónimo de Raymond Chandler, com as interpretações da eterna parelha – até na vida – Humphrey Bogart (Philip Marlowe) e a portentosa, mulher fatal, Lauren Bacall.

Termino como comecei, pelas frases mais marcantes da história do cinema. O argumento de À beira do abismo esteve a cargo de, entre outros, um senhor que se chama apenas e somente William Faulkner… porventura, conhecem-no?

Aqui fica um excerto de um diálogo entre Bogart, interpretando Marlowe, e Bacall interpretando a filha do General Sternwood, de nome Vivian, cujo pai contratou os serviços do detective privado a propósito de um aparente caso de chantagem.
A cena em questão desenrola-se entre a sala de espera e o gabinete de Marlowe, quando este acaba de entrar e vislumbra a resoluta Vivian já sentada à sua espera, depois de uma noite agitada:

Vivian: So you do get up, I was beginning to think you worked in bed like Marcel Proust.
Marlowe: Who's he?
Vivian: You wouldn't know him, a French writer.
Marlowe: Come into my boudoir.

1 comentário:

Anónimo disse...

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