segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Massa Assobiativa

Já foi o Costa (José Alberto), ou o Semedo, ou o Sérgio Conceição, agora é o Quaresma. Todos, jogadores de futebol de primeira água que passaram pelo meu clube e cujas carreiras contribuíram de forma indelével, ao longos dos últimos anos, para o engrandecimento do seu nome, mas que nunca caíram no goto de um conjunto de adeptos que, nada entendendo de futebol, escolhe em cada época desportiva um bode expiatório, a equipar de azul e branco, para descarregar porventura as suas frustrações diárias que uma mentalidade e uma vidinha medíocres não deixam ultrapassar.
Sou sócio desde 1976 (ainda nem sequer havia completado 4 anos) e era muito novo quando comecei a acompanhar o meu pai ao futebol. Lembro-me do extinto “tribunal” (no falecido Estádio das Antas, situava-se na Superior Sul junto à Bancada da Maratona, este último e a Arquibancada eram os locais onde assistíamos aos jogos) e das invectivas contra os nossos jogadores.
Os anos foram passando e o “tribunal” disseminou-se por outros locais do estádio – fenómeno que ocorreu ainda no velhinho estádio quando, no advento do futebol como negócio sujeito às regras empresariais, surgiram os lugares marcados com bilhete de época. Por todo o lado espalhou-se o vírus da assobiadela crónica de pendor masoquista. Curiosamente, esses que assobiam os jogadores da equipa de que se dizem sócios e adeptos não pertencem nem aos proscritos Super Dragões, nem ao Colectivo 95, como não pertenciam à extinta claque dos Dragões Azuis. Esses, fazem parte da Massa Assobiativa – expressão usada pelo meu pai, quando armado de Mao Tsé-Tung das Antas, tentava educar, repreendendo, essas alimárias ditas portistas, atitude que lhe valeu alguns insultos –, o extinto “tribunal”, e são, na verdade, uma imagem fiel do povinho português que desdenha do êxito, não do alcançado pelos outros, os rivais – isso seria inveja –, mas do sucesso que, com esforço, aqueles que esses dizem admirar lograram alcançar – a isto chama-se mediocridade.
Esses involuntários paladinos da mediocridade são os tais que assobiam as claques quando estas entoam os famosos cânticos de ode às mães dos adeptos do SLB, mas que, ao invés, não se inibem de, na altura de soltar as suas frustrações quotidianas, amesquinhar aqueles que lhes dão as poucas alegrias que podem (ou poderão) desfrutar nas suas vidas miseráveis.
Insultar o Quaresma, é insultar o melhor jogador português a actuar dentro de portas, o activo mais valioso de uma sociedade anónima desportiva que tudo deveria fazer para o proteger e, acima de tudo, um dos poucos que de azul e branco vestido nos sacia a sede de magia tão rara no panorama futebolístico nacional.
Mas, o que dizer daqueles que o fazem contra o vento e que, para além de tudo, se pavoneiam em público, orgulhosos e húmidos, pela sua infeliz incontinência?

*Eu sei, fui muito polido…

5 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais, permite-me que congratule o teu pai pela felicíssima expressão. Sobre o tema propriamente dito, tenho, como imaginas, uma opinião, ou melhor, uma teoria da conspiração. Os assobios não serão encomendados? Beijinhos.

Anónimo disse...

Embora a minha cor seja outra (o verde e branco - ninguém é perfeito :-)) no nosso estádio também temos essa massa "assobiativa" . Eu por mim recuso-me a assobiar qualquer jogador da minha equipa e até mesmo do adversário. Prefiro festejar e viver pela positiva do que pela negativa ... quando não há positiva (o que pelos lados de Alvalade não é assim tão infrequente :-)) há sempre qualquer com que ficar bem disposto ... mesmo que seja a discussão filosófica do treinador de bancada sentado ao lado. Viva o aplauso, abaixo o assobio. Eu por mim no próximo Domingo vou aplaudir o Quaresma claro como se aplaude qualquer artista que nos entretem ... Só espero que pelo menos uma vez não esteja nos seus dias :-)
Saudações desportivas.

Anónimo disse...

Ruca,
Não sejas conspirativa :)
Creio que é mesmo lorpice de uma chusma de frustrados.
Beijinhos

Fernando,
Sim, é verdade, em todos os clubes há sempre uma bête noire para justificar os males, normalmente estruturais, da organização.
Quanto ao jogo de domingo, e como é hábito nos jogos entre grandes, nem sempre ganha o que, no momento, está mais forte. Só espero que haja uma derrogação dessa tradição.
Um abraço desportivo,
André

Anónimo disse...

Como diria esse grande portista chamado Miguel Sousa Tavares, "a inveja é a arma dos incompetentes".
Abraço.

Anónimo disse...

Eu até nem acho que seja inveja, é mesmo estupidez e boçalidade...
Um grande abraço