terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Galanterias

Mesuras e submissão moral, acrescento.

«Quem observa os hábitos de relacionamento mas rejeita a mentira, é como alguém que traja à moda mas não traz camisa sobre o corpo.»
Walter Benjamin, “Artigos de Galantaria”, Rua de Sentido Único (Relógio D’Água, 1992, pág. 69; trad. Isabel de Almeida e Sousa; Einbahnstrasse, 1928).

Prefiro a indigência, a solidão e o cultivo da minha melancolia crónica (ou que caminha a passos largos para essa condição de perenidade), o espírito saturnino na acepção benjaminiana, tão bem caracterizado por Susan Sontag no sei ensaio Sob o Signo de Saturno (Under the Sign of Saturn, 1978), que serve de introdução à obra em epígrafe, ao pungente masoquismo (íntimo e patológico) da cortesia imposta, derrogando, talvez pela minha inocência, materializada numa frontalidade obstinada, o segredo e a dissimulação que, de acordo com Benjamin, se constituem como factores primordiais para a sobrevivência de um ser melancólico.
O isolamento, a ascese, são preferíveis à dura incerteza sobre a prática de um exibicionismo burlesco.

Sem comentários: