I’m Not There e a sua tradução portuguesa lembraram-me o mega-ultra-hit das pistas de dança algarvias, resvaladiças, triplamente perigosas até: não só pelo deslizamento garantido a puxar à espargata de verdadeiro perigo escrótico-traumático, como de levar uma cotovelada devido aos braços que se agitam frenéticos no ar, voluteando, aspergindo energia (e não só, como iremos já verificar), cuja intensidade ganhou outro fulgor com a descida do IVA para os ginásios – Sócrates e o tratamento do físico dos portugueses, fomentador dos verdadeiros centros de cultura, no seu sentido mais amplo, porque garante uma boa criação de fungos, sem qualquer tipo de ameaça de ruptura de stock, a fazer vender em barda o utilíssimo Canesten em pulverizador –, e depois aquele inultrapassável aroma sudorífero, verdadeiros substitutos do iodo reparador estival do nosso aparelho respiratório nas nossas saudáveis e ventosas praias nortenhas.
De modo que, I’m Not There poderia ser “Tô Nem Aí, mi deixa, cara”, em vez do anódino Não Estou Aí, porque disso já todos nós sabemos – ou deveríamos ter sabido, antes de despender os cerca de 5 euros para mais de duas horas de Olcadil (deixei-me do Xanax) –, e isto se exceptuarmos Dylan, ele mesmo numa filmagem pirata, de harmónica nos beiços entoando uma quase inédita “I’m Not There”, mesmo antes do aparecimento dos piedosos e libertadores créditos finais.
De modo que, I’m Not There poderia ser “Tô Nem Aí, mi deixa, cara”, em vez do anódino Não Estou Aí, porque disso já todos nós sabemos – ou deveríamos ter sabido, antes de despender os cerca de 5 euros para mais de duas horas de Olcadil (deixei-me do Xanax) –, e isto se exceptuarmos Dylan, ele mesmo numa filmagem pirata, de harmónica nos beiços entoando uma quase inédita “I’m Not There”, mesmo antes do aparecimento dos piedosos e libertadores créditos finais.
Billy the Kid (Richard Gere) e Rimbaud (Ben Whishaw, o do nariz prodigioso), e uns desconhecidos impulsionadores da folk music americana Woody Guthrie (Marcus Carl Franklin) e Jack Rollins (Christian Bale, que não sabe desempenhar mal um papel, apesar de alguma histrionia no último Herzog). Finalmente, temos a andrógina Jude Quinn (Cate Blanchett, o pronto-socorro para a conquista de galardões) e o actor ficcionado, machão dos sete costados, Robbie Clark que ganha fama quando interpreta Dylan (interpretado pelo malogrado Heath Ledger). Segundo o realizador, são todos episódios e facetas da vida atribulada de Mr. Zimmerman... mas, na cabeça de Mr. Haynes.
E como já havia prometido que sobre cinema, só falaria para o final de 2008, fico-me por aqui. Porém, amanhã assistiremos à materialização em texto da veia encomiástica da elite cinéfilo-intelectual lusitana sobre o experimentalismo de Todd Haynes, os planos, os vários tipos de película que usou para filmar, Rimbaud num tribunal warholiano, Ginsberg e Orlosvky recitando de chopper poemas para o asfalto, representando o seu grupinho sanfranciscano de bêbados letrados da década de 50 (e o Castro só surgiu nos 70).
Não há fio condutor. As partes não encaixam. É expressionismo abstracto sem qualquer tipo de alucinação criativa.
E Dylan sabe? Gostou, Mr. Zimmerman?
Tô nem aí, Tô nem aí...
Pode ficar com seu mundinho, eu não tô nem aí
(carregar aqui, só para recordar este hino tão socrático à cultura do físico).
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