«My name is Dalton Russell. Pay strict attention to what I say because I choose my words carefully and I never repeat myself. I’ve told you my name: that's the Who. The Where could most readily be described as a prison cell. But there's a vast difference between being stuck in a tiny cell and being in prison. The What is easy: recently I planned and set in motion events to execute the perfect bank robbery. That’s also the When. As for the Why: beyond the obvious financial motivation, it’s exceedingly simple... because I can. Which leaves us only with the How; and therein, as the Bard would tell us, lies the rub.»
Estas são as linhas iniciais do argumento do filme Infiltrado (Inside Man, 2006) escrito por um estreante, licenciado em ciências da computação, Russell Gewirtz e realizado por Spike Lee. A estreia de Gewirtz nas lides de Hollywood não poderia ter sido mais auspiciosa. Longe do lobby dos argumentistas norte-americanos, ultrapassando as regras convencionadas pela indústria no que concerne aos jovens criadores, Gewirtz foi de imediato contratado pelo produtor Brian Grazer assim que terminou a sua pequena e surpreendente obra. Neste momento, ao que se consta, não tem mãos a medir, saiu-lhe o primeiro de muitos jackpots milionários à laia de Hollywood.
Do naipe de actores, o que dizer?
Denzel Washington confirma uma vez mais o seu talento, independentemente do preconceito afro-americano que o leva tanto ao abismo pelos que o denominam como estrela piedosa devido à história da segregação racial na Terra dos Bravos, como ao restrito pináculo dos ilustres filhos de Hollywood pelos que o identificam, a par do fabuloso Sidney Poitier, como digno e satisfatório representante dos negros entre os verdadeiros actores caucasianos. Denzel não merece ser objecto desse jogo racial. Ele é por si só um dos melhores entre os melhores na indústria cinematográfica, onde se lhe distinguem as versatilidade e firmeza interpretativas, como a elegância da sua estampa e a nobreza de carácter enquanto homem ademais dos filmes.
Clive Owen é já uma certeza e empresta todo seu talento à trama. Para além de cumprir os requisitos mínimos, personaliza de tal forma a obra com o seu engenho dramático que dificilmente damos por nós a aceitar a interpretação de Dalton Russell que não pelo próprio Owen – como jamais veria um Hannibal Lecter interpretado por qualquer outro para além de Anthony Hopkins.
Jodie Foster está segura, plena de beleza, fazendo recordar os bons velhos tempos. O mesmo se aplica ao eterno Christopher Plummer. Só Willem Dafoe, infelizmente, se vai apagando à passagem dos anos.
Quanto a Spike Lee, consegue obter um produto final harmonioso, empolgante, sem nunca desmerecer toda a atenção que possamos prestar aos pormenores no decurso da obra. No meu entender, é o melhor filme de sempre de Lee, mesmo incluindo o excelente Verão Escaldante (Summer of Sam, 1999) – não vi, no entanto, A Última Hora (The 25th Hour, 2002), o qual disponho em DVD, nem a comédia, ao que dizem fabulosa, Ela Odeia-me (She Hate Me, 2004) para que possa confirmar a última asserção.
Avaliação: o 2.º melhor filme dos estreados em Portugal em 2006 – entre os que vi, como é claro – e só espero que dê muito que falar nos galardões que se irão distribuir nos primeiros meses de 2007. Numa curta observação: divertimento garantido – e que falta faz aos dias que correm! – e puro engenho cinematográfico.
Notas:
- Ver crítica de Manohla Dargis no New York Times;
- Ver crítica de João Lopes, no sítio do Cinema 2000.
4 comentários:
Este não vi.
eu vi.
na minha opinião está longe de ser o 2º melhor que eu vi este ano. e longe do bom trabalho a que Spike Lee nos tem habituado, apesar de uma ou outra "piada" contra o sistema.
nesse aspecto o David Fincher é muito melhor (e sei que também é realizador cá da casa).
para mim este filme está muito longe dos 10 melhores que eu vi este ano.
Manuel,
Ao contrário do meu normal, apenas vi pouco mais de 20 filmes este ano.
Tarefas de pai assim o obrigam.
No entanto, dos que vi Infiltrado, com as suas fabulosas reviravoltas, divertiu-me imenso.
O que seria do amarelo...?
Quanto a Fincher, acertaste Manuel: imbatível aqui por casa. É como Auster nos livros... Por mais críticas negativas que lhes aponham, consigo-as reverter em virtudes.
Um abraço,
André
PS- Henrique, suponho que o filme já está disponível em DVD. Vê, vale mesmo a pena. Se não gostares, fazemos uma tertúlia sobre os bons e maus aspectos. Só não prometo devolver-te a "massa" despendida na compra ou no aluguer :)
Assim que puderes vê "A Última Hora". De todos os filmes recentes do Spike Lee, que são muito bons, é sem dúvida o melhor.
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