quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Capas

Quando era um jovenzinho, em plena fase de ebulição hormonal, costumava comprar jornais desportivos, por tradição – vá-se lá saber porquê! – optava quase sempre pelo jornal O Jogo. No entanto, essa condição de fiel leitor/comprador do periódico agora detido pela Sportinveste alterava-se de súbito no dia seguinte a uma retumbante vitória, normalmente europeia, do meu FCP. Dava-me um gozo especial ler os editoriais de rendição, de sobremaneira elogiosos, dos exuberantemente isentos Cartaxana, Serpa, Marcelino, J. M. Freitas e quejandos. Até ao dia em que me fartei dessa regularidade, à laia de receituário, de 6/7 de vitupério e 1/7 de panegírico, não só por constatação empírica própria, mas também por aquiescência do insistente conselho paternal que teimava em não seguir.
Naqueles tempos, dizia o meu pai: “não percebes a estratégia desses gajos?” E acrescentava: “só me espanta a quantidade apreciável de portistas que lorpamente cai nesse engodo encomiástico do dia seguinte à vitória. Não percebem que, nessa situação, a maledicência se reveste de uma impossibilidade e se traveste de elogio desproporcionado!?”
Esse douto tirocínio revelou-se, uma vez mais, correcto, demonstrado cabalmente pela diferença abissal entre as primeiras páginas de ontem e de hoje do pasquim desportivo propriedade do grupo Cofina, cujo nome até me enjoa pronunciar.

Vejam-se a este propósito os textos de
Francisco José Viegas (em A Origem das Espécies), do Tiago Barbosa Ribeiro (no Kontatempos) e do Bruno Sena Martins (no Avatares de Um Desejo).

Sem comentários: