sábado, 3 de março de 2007

País Medievo


O João e o Eduardo (aqui e aqui), em poucas palavras, disseram o que poderia ser dito sobre a famosa Assembleia Geral que decorreu ontem no Centro de Congressos de Lisboa.
A imagem do país não esteve na reunião da AG propriamente dita, até porque nem sabemos a substância daquilo que lá foi discutido, isto é, em que termos se dirigiram os accionistas aos seus pares. O espelho do país esteve nas declarações posteriores do Presidente do Conselho de Administração, e aqui falo da forma, na utilização do espaço arrendado para o efeito como meio para veicular o regozijo pela vitória e o esmagamento dos tiranos opressores que vieram do norte para arrostar o eixo Lisboa-Cascais-Quinta do Lago. Eles são os donos da empresa, quais accionistas? Comportaram-se como se a Portugal Telecom, SGPS mais não fosse que a Granadeiro & Bava, Lda.

Noutro registo – até porque remeto outros considerandos, que me apetecia aqui postar, para os textos dos meus estimados bloggers supramencionados – mais intimista, ou se se preferir terra a terra. A Oferta Pública de Aquisição lançada pela Sonae era entendida por algumas pessoas mais esclarecidas e menos atreitas à intoxicação encomendada por Granadeiro, E. S. Salgado, Berardo e Vara – e que bem assenta o apelido neste último – como o fim do monopólio da PT sobre o mercado das telecomunicações.
É por todos demais conhecido que, apesar de existirem concorrentes, as infra-estruturas de cobre e de cabo são detidas em exclusivo pela PT, garantidas por décadas de um proteccionismo paralisador pelo Estado português – em tempos houve uma esperança chamada EDP que, através da sua ONI, poderia concorrer com aquela num suporte tecnológico diferente, todavia quo vadis EDP?
Até ao momento em que escrevo este texto, continuo a pagar mensalmente cerca de 15,32 euros para apenas ter direito a uma linha telefónica.
Mais, todos sabemos quais o preços que a PT cobra aos outros operadores no mercado grossista. A própria Sonae chegou a fornecer o serviço de Internet com margens reduzidíssimas de lucro, havendo mesmo suspendido a realização de novos contratos dados os custos fixos associados por cada novo cliente angariado.
Conheço vários casos de particulares e de empresas que esperavam pela concretização da OPA para tomarem a decisão de mudança. No meu caso, a decisão já estava tomada, nuns casos há algum tempo, noutros, porém, prevendo este desfecho na reunião da AG pela desblindagem.
Já sou TVTel na televisão por cabo,
Vodafone nas comunicações móveis e dentro de uma semana serei Tele2 nas comunicações por cobre (voz e internet), o que, após longos anos de independência paterna, constituirá, por si só, um marco histórico na minha independência de uma empresa que, como se viu pelas manifestações à porta do edifício onde iria decorrer a reunião, representa o Portugal que, após o fim das superprotegidas corporações por um regime autocrático, se cristalizou no poder e no modus operandi das empresas públicas, criando aquelas figurinhas de comando obscuras e sancionadas pela populaça ociosa que empunhava bandeiras vermelhas, ao bom estilo bolchevique.

2 comentários:

Anónimo disse...

A OPA foi chumbada!

Anónimo disse...

a PT continua a cobrar assinatura porque é obrigada a tal pela ANACOM! é uma lógica perversa... se a ANACOM não o fizesse, já há muito que a PT tinha deixado de cobrar a assinatura, esmagado a concorrência e refeito tarifários a seu bel-prazer. a ANACOM continua a obrigar que haja uma assinatura para forçar a existência de um mercado concorrencial e ter como objectivo último a descida de quota de mercado da PT.