E porque o dia é de(a) poesia, e confundindo-se esta com a historiografia da nossa melancólica e contemplativa História, eis um poema de um dos seus mais insignes poetas vivos:
Que mais pode este dia?
Em cada ligação a morte fala baixo
e arrefece as pernas das telefonias.
Em cada pulsação
escondemos o rosto embriagado
pelo tédio ou pelo terror
de mãos desfeitas.
Por vezes o silêncio ainda nos salva
e com que gratidão
banhamos a pele clara dos sentidos
na luz dos seus relâmpagos
mortais.
Porque a cabeça escuta,
escuta e nunca mais.
Armando Silva Carvalho, “A cabeça escuta”.
In Armando Silva Carvalho, O que foi passado a limpo (obra poética, 1965-2005). Lisboa: Assírio & Alvim, Março de 2007, pág. 279 (590 pp.) (poema originalmente publicado em Sentimento de um Acidental, 1981).
Que mais pode este dia?
Em cada ligação a morte fala baixo
e arrefece as pernas das telefonias.
Em cada pulsação
escondemos o rosto embriagado
pelo tédio ou pelo terror
de mãos desfeitas.
Por vezes o silêncio ainda nos salva
e com que gratidão
banhamos a pele clara dos sentidos
na luz dos seus relâmpagos
mortais.
Porque a cabeça escuta,
escuta e nunca mais.
Armando Silva Carvalho, “A cabeça escuta”.
In Armando Silva Carvalho, O que foi passado a limpo (obra poética, 1965-2005). Lisboa: Assírio & Alvim, Março de 2007, pág. 279 (590 pp.) (poema originalmente publicado em Sentimento de um Acidental, 1981).
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