domingo, 27 de setembro de 2009

E depois da reflexão…

…o que faço aqui.



Direito exercido, passava pouco da três e meia da tarde. Temperatura: 26ºC; humidade relativa: 60%.
E nada como citar Thoreau num dia como este, de canícula outonal, onde a força dos outros por vezes se sobrepõe mesmo à nossa vontade – bravo, participei no circo desta democracia.
«[…] o Estado nunca confronta intencionalmente o senso, intelectual ou moral, de um homem, mas apenas o seu corpo, os seus sentidos. Não é dotado de inteligência ou de honestidade superiores, mas apenas de superior força física. Eu não nasci para ser coagido. Quero respirar de acordo com a minha vontade. Veremos quem é mais forte. Que força tem uma multidão? Os únicos que me podem coagir são os que obedecem a uma lei superior à minha. Eles obrigam-me a ser como eles. Nunca ouvi falar de homens que tenham sido obrigados pelas massas a viver desta ou daquela forma. Que tipo de vida seria essa? Quando enfrento um governo que me diz “O dinheiro ou a vida!”, porque é que deveria apressar-me em lhe entregar o meu dinheiro? Ele talvez esteja a passar por um grande aperto, sem saber o que fazer. Não o posso ajudar. Ele deve cuidar de si mesmo; deve agir como eu ajo. Não vale a pena choramingar sobre o assunto. Não sou individualmente responsável pelo bom funcionamento da máquina da sociedade. Não sou o filho do maquinista. No meu modo de ver, quando uma bolota e uma castanha caem lado a lado, uma delas não se retrai para dar vez à outra; pelo contrário, cada uma obedece às suas próprias leis, e brotam, crescem e florescem da melhor maneira possível, até que uma, por acaso, acaba por vingar e destrói a outra. Se uma planta não pode viver de acordo com a sua natureza, então morre; o mesmo acontece com um homem.»
Henry David Thoreau, A Desobediência Civil
[Revisão da versão brasileira com apoio do texto original em inglês: AMC, 2009; obra original: Civil Disobedience, 1849]