terça-feira, 6 de março de 2007

Last Rites


«Ela é alta e esguia, talvez tenha uns setenta anos, cabelo grisalho, bem cuidada, não é negra nem branca, é de um dourado pálido de rum. Ela é uma aristocrata de Martinica que vive em Fort-de-France, mas também dispõe de um apartamento em Paris. Estamos sentados no terraço da sua casa, uma casa arejada e elegante, que parece toda feita de um rendilhado de madeira: lembra-me certas casas antigas de Nova Orleães. Estamos a beber chá de hortelã gelado, suavemente aromatizado com absinto.
Três camaleões verdes perseguem-se uns aos outros pelo terraço; um deles estaca aos pés da Senhora, meneando a língua bifurcada, e ela comenta: “Camaleões. Que criaturas excepcionais. A forma como mudam de cor. Vermelho. Amarelo. Verde-lima. Rosa. Alfazema. E por acaso sabe que eles adoram música?”. Ela fita-me com os seus belos olhos negros. “Não crê no que lhe digo?”
»

Truman Capote, Música para Camaleões [Music for Chameleons, 1980; tradução livre: AMC]

Num país de daltónicos por opção nada disto faz sentido.
Vamos passeando, numa doce e átona harmonia, com o negro do mercado, o brilho intenso do branqueamento impune e os diversos tons de cinzento com que se matiza a mediocridade não congénita.

Preciso de mudar de vida! Ó torso arcaico de Apolo

Ta ta!

2 comentários:

Anónimo disse...

André:

Esqueceu-se do axadrezado!

Anónimo disse...

Agora fiquei em xeque... :)