We don’t need people / to be alone. / We are together / on our own.
É com estas quatro estrofes que pretendo deixar aqui algumas (poucas) palavras, para memória futura, sobre o regresso de Ozon depois do OFNI (Objecto Fílmico Não Identificado) Ricky (2009) – filme este que não estreou no circuito comercial de cinema português, tendo sido lançado pela Clap Filmes directamente em DVD, sob a chancela da Fnac.
O Refúgio (Le refuge, 2009) é um regresso de François Ozon ao seu lado mais despido, enganadoramente seco, onde uma fina membrana pulsa sobre um turbilhão de sentimentos como a solidão, o egoísmo e até a tácita misantropia, potenciados pela dor que advém da brutalidade da morte, da doença ou da ausência insuportável de outrem; uma inóspita imperturbabilidade que não é mais que um disfarce erigido para resguardar a pessoa perante os efeitos nefastos do amor e dos afectos mais sinceros. Ozon retorna a O tempo que resta (Le temps qui reste, 2005) e ao seu melhor filme, o incontornável Sob a Areia (Sous le sable, 2000), com o seu fabuloso trabalho de actores, Melvil Poupaud e Charlotte Rampling, respectivamente; agora replicado com Isabelle Carré, que tem um desempenho notável – a actriz parisiense encontrava-se grávida na realidade durante as filmagens –, mas que está longe de plantar no espectador as raízes profundas da melancolia e da solidão, da ternura e do choque, como Ozon fez com mestria com os seus predecessores existencialistas.
Contudo, não tenho dúvidas, apesar da desilusão pelas expectativas frustradas com O Refúgio, François Ozon é o mais notável e versátil realizador francês da sua geração, e um dos melhores entre os seus companheiros para além das fronteiras do pentágono gaulês.
As estrofes de abertura pertencem à música “People” do grupo alemão Superpitcher, incluída no seu sugestivo álbum Here Comes Love (2004). Nada é por acaso, a música marca engenhosamente o ponto de viragem do filme e é uma das suas cenas mais marcantes rumo ao inesperado desenlace que se aproxima e, como sempre em Ozon, dispõe da capacidade de nos deixar perturbados à medida que se vão acendendo as luzes da sala de projecção e vamos despertando para a nossa realidade.
O Refúgio (Le refuge, 2009) é um regresso de François Ozon ao seu lado mais despido, enganadoramente seco, onde uma fina membrana pulsa sobre um turbilhão de sentimentos como a solidão, o egoísmo e até a tácita misantropia, potenciados pela dor que advém da brutalidade da morte, da doença ou da ausência insuportável de outrem; uma inóspita imperturbabilidade que não é mais que um disfarce erigido para resguardar a pessoa perante os efeitos nefastos do amor e dos afectos mais sinceros. Ozon retorna a O tempo que resta (Le temps qui reste, 2005) e ao seu melhor filme, o incontornável Sob a Areia (Sous le sable, 2000), com o seu fabuloso trabalho de actores, Melvil Poupaud e Charlotte Rampling, respectivamente; agora replicado com Isabelle Carré, que tem um desempenho notável – a actriz parisiense encontrava-se grávida na realidade durante as filmagens –, mas que está longe de plantar no espectador as raízes profundas da melancolia e da solidão, da ternura e do choque, como Ozon fez com mestria com os seus predecessores existencialistas.
Contudo, não tenho dúvidas, apesar da desilusão pelas expectativas frustradas com O Refúgio, François Ozon é o mais notável e versátil realizador francês da sua geração, e um dos melhores entre os seus companheiros para além das fronteiras do pentágono gaulês.
As estrofes de abertura pertencem à música “People” do grupo alemão Superpitcher, incluída no seu sugestivo álbum Here Comes Love (2004). Nada é por acaso, a música marca engenhosamente o ponto de viragem do filme e é uma das suas cenas mais marcantes rumo ao inesperado desenlace que se aproxima e, como sempre em Ozon, dispõe da capacidade de nos deixar perturbados à medida que se vão acendendo as luzes da sala de projecção e vamos despertando para a nossa realidade.