Texto curto. Não vou falar da ansiedade doentia que me costuma assaltar nas imediações da projecção de um novo filme do meu realizador, na minha fanática maneira de ver e entender a coisa fílmica, o melhor cineasta da actualidade, e também o mais fleumático, íntegro e recatado – parece quase um contra-senso na era da pimbalhada arraialeira dos efeitos visuais (com ou sem 3D), sonoros e promocionais.
Estreou hoje [ontem] nos Estados Unidos – A Rede Social (The Social Network) – e conseguiu o quase impensável perante o manifestamente ininteligível zeitgeist contemporâneo: a unanimidade encomiástica dos críticos mais reputados do outro lado do Atlântico.
Para se ficar só com uma ideia do que acabo de escrever, é raríssimo ver estes 15 nomes (todos ligados a reputadas publicações) a convergir na opinião sobre o mesmo filme no exercício da crítica cinematográfica (ligação àqueles cujas críticas tenho mais em consideração, faltam A.O. Scott e Nathan Lane, por duplicação nas respectivas publicações): Roger Ebert (Chicago-Sun Times), Manohla Dargis (The New York Times), David Denby (The New Yorker), Andrew O’Hehir (Salon), J. Hoberman (Village Voice), Mark Harris (New York Magazine), Peter Howell (Toronto Star), Todd McCarthy (indieWIRE), Dana Stevens (Slate), Bob Mondello (National Public Radio), Mick LaSalle (San Francisco Chronicle), Joe Morgenstern (Wall Street Journal), Christopher Orr (The Atlantic), Richard Corliss (Time Magazine) e o truculento Peter Travers (Rolling Stone).
A primeira e, pelos vistos, frutuosa união Fincher & Sorkin chega cá no próximo dia 4 de Novembro, e tenho uma forte suspeita de que, por terras do primeiro-ministro filósofo (só mesmo de nome, porque de resto é redondo como um ovo, não tem ponta por onde se lhe pegue – acabei de plagiar VPV sobre Durão Barroso, muito antes de este último dispor do mínimo indício de que mais tarde iria assumir o grande tacho europeu), onde predominam as mentes preclaras, levará no mínimo com uma bola preta… Há quem culpe o realizador de Denver por haver realizado alguns telediscos, uma mácula jamais expurgável na carreira de um cineasta.