domingo, 7 de março de 2010

Ao iniciar-se a madrugada

Abrem-se a hostilidades fílmicas e as futilidades indumentárias e comportamentais, assim que aquele tapete vermelho que afaga a entrada do Kodak Theatre for calcorreado por ufanos agentes da 7.ª arte à procura de glória e promoção.
Trata-se, pois, da 82.ª segunda edição de entrega dos Óscares da Academia das Artes e das Ciências Cinematográficas de Hollywood, e porventura a primeira em algumas décadas (desde os tempos remotos dos directos da TVE em emissão pirata no Porto) que não irá merecer um segundo sequer da minha atenção – este é o desejo, porém receio que, lá pela 1 da madrugada, o bichinho da curiosidade, mesmo perante tão fraco produto a concurso, seja mais forte que a minha férrea vontade.
São 38 filmes a concurso (incluindo os de “língua estrangeira” e os de “animação, e excluindo os documentários e as curtas-metragens). Do total, apenas vi, por sorte, 12, já que não abrange o abandono a meio do espesso e dulcíssimo xarope keatsiano de Jane Campion. Posso quase apostar contra mim mesmo que esta é a edição em que menos filmes a concurso passaram previamente pelos meus olhos.
Independentemente do número de categorias para que estão nomeados, um bom listómano – exibicionista por definição (não entrando em considerações sobre a auto-ilusão que advém de um orgulho potencialmente espúrio) –, expõe no seu blogue um arrolamento dos filmes que viu, com ordem de preferência e os demais requisitos. Naturalmente, é o que segue neste meu cantinho de catarse (entendam-no como vos aprouver).
Organizei 6 grupos, dentro de cada qual os filmes figuram por ordem alfabética do título em português:
Obra-Prima
(Estou a brincar.)
Merecem destaque, quiçá a vitória (conceito bastante relativo dada, pelo menos, a disparidade do número de categorias a que concorrem) – 5 filmes:
  • Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow (The Hurt Locker);
  • Um Homem Singular, de Tom Ford (A Single Man);
  • O Laço Branco, de Michael Haneke (Das Weisse Band);
  • Um Profeta, de Jacques Audiard (Un Prophète);
  • Sacanas Sem Lei, de Quentin Tarantino (Inglourious Basterds).
Mediania (apesar de algum aparato cénico num dos elementos) – 2 filmes:
  • Avatar, de James Cameron;
  • O Mensageiro, de Oren Moverman (The Messenger).
Ah, se eu soubesse… (variável tempo em jogo, neste caso o desperdiçado) – 2 filmes:
  • Distrito 9, de Neill Blomkamp (District 9);
  • Invictus, de Clint Eastwood.
Pretensiosos e sem substância (estafados, sem ideias ou novidade) – 2 filmes:
  • Nas Nuvens, de Jason Reitman (Up in the Air);
  • Uma Outra Educação, de Lone Scherfig (An Education).
Simplesmente horrendo, grotesco e escabroso – 1 filme:
  • Precious, de Lee Daniels (Precious: Based on the Novel ‘Push’ by Sapphire).
Em cima, na fotografia, o grupo que a ser convidado pela Academia animaria com toda a ternura e singeleza os intervalos, com contrato garantido pela inenarrável Oprah no fim do espectáculo.